A ressonância magnética (RM) do crânio ou craniana (cabeça) é um exame com excelente acuidade diagnóstica na avaliação do encéfalo, muito importante no estudo de diversas patologias. A RM do crânio é particularmente útil no estudo de isquemias / enfartes, hemorragias, infeções, doenças neurológicas degenerativas ou autoimunes, doenças oncológicas (tumores cerebrais), entre outras. Veja mais informação em indicações para a RM do crânio.
A RM do crânio, à semelhança dos demais exames de RM, é executado num equipamento que possibilita a criação de campos magnéticos intensos e, desta forma, produzir imagens das estruturas do corpo humano (neste caso do crânio) para poderem ser observadas pelos médicos. Através da observação das imagens é possível diagnosticar distintas patologias, conforme veremos adiante.
Trata-se de um exame não invasivo, que não provoca qualquer tipo de dor e que não necessita de qualquer preparação ou cuidado prévio, exceto nos casos em que exista a necessidade de administrar contrastes (veja como em contrastes na RM do crânio).
Como é feita a RM do crânio?
Antes de iniciar o exame, o doente dirige-se para um espaço privado onde poderá trocar a roupa que traz consigo por uma bata e retirar todos os objetos metálicos de que se faz acompanhar, nomeadamente, pulseiras, colares, relógios, piercings, entre outros acessórios.
Seguidamente, o paciente é ajudado por um auxiliar a colocar-se na mesa do equipamento de RM na posição de decúbito dorsal (“barriga para cima”). De seguida, a mesa deslizará para o interior do aparelho de RM. Existem equipamentos de ressonância de campo fechado (uma espécie de túnel fechado) e equipamento de campo aberto (equipamentos abertos). Os primeiros (RM de campo fechado) geram campos magnéticos mais intensos e possibilitam a aquisição de imagens em alta resolução, com excelente acuidade diagnóstica. No entanto, em alguns tipos de doentes podem causar claustrofobia, pelo que os equipamentos de campo aberto podem ser uma opção, apesar de não possibilitarem imagens com a mesma qualidade dos equipamentos de campo fechado. No entanto, apesar das imagens médicas mostrarem menor resolução, em muitas avaliações e patologias, a imagem concebida possui uma boa acuidade diagnóstica, pelo que podem ser uma opção neste tipo de doentes.
Durante a realização do procedimento serão fornecidas instruções ao paciente, via intercomunicador, devendo este manter-se em repouso absoluto, dado que qualquer movimento danificará a imagem médica (tal como na fotografia que fica “tremida” quando nos mexemos ao disparar a máquina fotográfica). Durante o exame o paciente poderá pedir a suspensão do mesmo via intercomunicador, caso se encontre indisposto.
O exame será considerado normal se as estruturas avaliadas não mostrarem alterações dignas de registo. No caso de existirem alterações valorizáveis, o médico descreverá o que observou nas imagens da RM craniana. O resultado do exame (imagens e relatório) apenas será conhecido após o Médico Neurorradiologista aprovar o relatório final.
As conclusões do exame devem ser relacionadas com a história clínica do doente e demais exames / análises. Veja mais informação em diagnóstico de cada uma das patologias relacionadas.
Contraste na RM de crânio
Na ressonância magnética craniana com contraste é avaliado o comportamento vascular das estruturas em estudo, completando a avaliação inicial sem contraste. O gadolínio é uma substância administrada por via endovenosa que amplia a intensidade de sinal das estruturas com fluxo sanguíneo aumentado, por exemplo no caso de tumores ou inflamações.
Em muitos casos, a RM craniana não precisa utilizar contraste, conseguindo-se, mesmo assim, excelentes acuidades diagnósticas. Todavia, em determinados casos podem ser usados contrastes para uma melhor observação das estruturas (tumores, inflamações, …). A decisão de usar contraste cabe ao Médico Neurorradiologista.
O uso de gadolínio não é indicado em doentes com insuficiência renal grave. Episódio prévio de reação anafilática a gadolínio é outra contra-indicação para o uso deste tipo de contraste. No caso de mulheres grávidas, o risco é analisado entre o Médico Neurorradiologista e o médico assistente. A amamentação não é contraindicação para a administração de contraste.
Apesar dos riscos atrás enunciados, as reações adversas com gadolínio na RM são muito menos frequentes em comparação com o uso de contrastes iodados em tomografia computorizada (TC) de crânio.
Saiba, aqui, o que é TC do crânio.
Quanto tempo demora o exame?
A duração média para a execução da RM craniana é de 40 minutos. No entanto, o tempo que demora a concretizar o exame poderá ser superior caso se utilize contraste. Veja mais informação em contrastes na RM.
A ressonância magnética craniana poderá ser efetuada recorrendo à sedação (anestesia) em casos especiais, sobretudo no caso de crianças, sendo evidentemente imprescindível mais tempo para executar o exame.
Indicações da RM craniana
A RM craniana é um exame que pode ser extremamente importante como meio auxiliar de diagnóstico e terapêutica (MCDT) na avaliação dos seguintes sinais e sintomas:
- Dor de cabeça;
- Vertigens;
- Tonturas;
- Convulsões;
- Alterações motoras;
- Náuseas, vómitos;
- Diplopia (visão dupla);
- Nistagmo;
- Fraqueza muscular;
- Alterações sensitivas;
- Alterações no paladar;
- Distúrbios emocionais;
- Etc.
Como vimos anteriormente, a RM craniana é um exame que serve para auxiliar o médico no diagnóstico de diversas patologias (doenças), bem como na avaliação da resposta aos tratamentos instituídos nessas mesmas patologias (avaliar se os tratamentos estão a ser eficazes). A RM do crânio está indicada, entre outras, no diagnóstico das seguintes patologias:
- Tumores benignos e malignos (cancro);
- Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- Aneurisma;
- Malformações cerebrais;
- Epilepsia;
- Neurofibromatose;
- Esclerose Múltipla;
- Doença de Alzheimer;
- Doença de Parkinson;
- Meningite (inflamação das meninges);
- Otites (inflamações do ouvido);
- Traumatismos, hematomas;
- Etc.
Jejum, preparação na RM craniana
Não é necessário realizar qualquer tipo de preparação prévia para realizar a ressonância magnética craniana nem efetuar qualquer tipo de jejum antes e após a execução do exame nos casos em que o exame é realizado sem contraste. Se houver necessidade de administrar contraste (RM craniana com contraste) o doente deve cumprir um jejum de pelo menos 5 (cinco) horas. Algumas clínicas poderão solicitar que o doente cumpra sempre o jejum para a eventual necessidade de administrar contrastes.
Nos estudos encefálicos, os pacientes não devem usar gel ou laca no cabelo nem maquilhagem porque originam artefactos e deformações nas imagens.
Por questões de segurança, os pacientes portadores de alguns dispositivos como válvulas cárdicas, stents, próteses, implantes, entre outros, devem informar o médico e fazer-se acompanhar do relatório clínico que descreva o tipo de material implantado, para atestar a sua compatibilidade com o campo magnético.
O paciente deve tomar os medicamentos (ou remédios) habituais. A interrupção de qualquer tipo de medicação deve ser efetuada apenas por indicação do seu médico.
Aplicações especiais de RM
Em indivíduos com doença vascular cerebral suspeita ou já diagnosticada, poderá ser efetuada angioressonancia de crânio, que facilita uma pesquisa mais detalhada das estruturas vasculares cerebrais.
A RM funcional (RMf) cerebral possibilita a avaliação da atividade das diferentes áreas do cérebro, após variados e distintos estímulos. É importante no mapeamento funcional pré-cirúrgico em doentes com lesões localizadas do sistema nervoso central. Na epilepsia, a RMf permite localizar a fonte epileptogénica.
A ressonância magnética com espectroscopia facilita o reconhecimento de diversos metabolitos e a sua concentração no órgão a examinar, é complementar à RM convencional da avaliação diagnóstica. É útil na definição das margens tumorais, nomeadamente para selecionar o local para realização de biópsia e para definir a zona a irradiar (radioterapia).
Alternativas à RM Craniana
Contrariamente ao que acontece com a radiografia (RX) e com a tomografia computorizada (TC ou TAC), a ressonância magnética nuclear (RMN) não utiliza radiação ionizante. A RM ou RMN opera com um campo magnético intenso e ondas de rádio para gerar imagens pormenorizadas dos distintos órgãos e sistemas do corpo humano, neste caso do crânio. Como vimos anteriormente, os aparelhos de RM que geram campos magnéticos mais intensos são idênticos a túneis fechados e referidos popularmente por ressonância magnética fechada ou de campo fechado, podendo estes causar algum incómodo em certos doentes. Em alternativa, especificamente para pessoas com claustrofobia, existem aparelhos de ressonância magnética aberta (campo aberto).
A RM do crânio é, geralmente, executada numa fase posterior à Tomografia Computorizada (TC) do crânio (TC de crânio), como método adicional. A Ressonância Magnética caracteriza-se por uma enorme qualidade no que diz respeito à diferenciação entre substância branca e cinzenta, permitindo excelente acuidade diagnóstica em alterações cerebrais, incluindo tumores, malformações arteriovenosas, aneurismas, AVC's (acidentes vasculares cerebrais) isquémicos ou hemorrágicos, infeções, anomalias do desenvolvimento, doenças do sistema nervoso central como a Esclerose Múltipla, etc. No entanto, a TC do crânio é um exame mais acessível que a RM do crânio, sendo usado de forma mais rotineira que a RM.
A tomografia computorizada (TC ou TAC) apesar de ser uma técnica mais barata e mais disponível, emprega radiação, pelo que em grupos específicos, especialmente em crianças e grávidas, a RM é uma magnífica opção.
Saiba, aqui, o tudo sobre TC ou TAC de crânio.
Quanto custa uma RM craniana?
Os utentes do Sistema Nacional de Saúde (SNS) somente têm acesso a este exame em meio hospitalar, motivo pelo qual os distintos estudos de ressonância magnética não estão contemplados na Tabela de Convencionados. Em meio hospitalar, o doente poderá ter de assegurar o pagamento de uma taxa moderadora. Porém, em alguns casos, os doentes poderão estar isentos do seu pagamento, sendo o exame totalmente gratuito nestas situações.
Para os beneficiários da ADSE, o preço da taxa moderadora varia entre 27€ e 30€ (ver tabela ADSE), sendo o restante valor do exame comparticipado por este subsistema. Para os restantes subsistemas e seguros de saúde, os preços são estipulados pelo subsistema respetivo.
O preço médio de realização da ressonância magnética, é de sensivelmente 300€, quando o exame é feito a título particular. Todavia, o valor do exame é determinado pela clínica de imagiologia respetiva, pelo que o valor indicado é somente uma “ordem de grandeza”.
Veja onde fazer a ressonância magnética craniana, e mais informações sobre o preço dos exames em Portugal, na clínica de imagiologia, selecionando o seu concelho.