O MAPA (Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial) é um exame não invasivo, realizado em centros habilitados com meios complementares de diagnóstico do âmbito da cardiologia. Como o próprio nome indica, permite-nos medir de forma contínua a pressão arterial (PA), geralmente, ao longo de um dia (MAPA 24 horas).
Com este procedimento são efetuadas avaliações seriadas da pressão arterial, de forma idêntica à que é utilizada para as medições isoladas. Também, do mesmo modo, o método e acuidade (precisão) na determinação da PA depende da qualidade dos equipamentos utilizados, sendo que nem todos (mesmo que certificados) são validados pelas principais associações científicas.
Trata-se de um exame efetuado com recurso a um equipamento portátil, instalado na cintura do doente. Este está ligado a uma bolsa de borracha (braçadeira ou manguito), com os respetivos sensores, que é colocada no braço. As medições são efetuadas de acordo com a programação estabelecida. Veja mais detalhes em “como é realizado uma MAPA”.
Quantas medições são efetuadas?
Num MAPA, a medição da tensão arterial ocorre, tipicamente, nos seguintes intervalos de tempo:
- De 15 a 20 minutos durante o dia (entre 3 a 4 medições por hora);
- De 30 a 60 minutos durante a noite (entre 1 a 2 mediações por hora).
Estes intervalos podem ser ajustados individualmente, de acordo com a situação clínica ou com alguma indicação específica por parte do médico requisitante.
O intervalo maior durante a noite permite ao doente dormir e repousar, dentro do possível, pois em cada medição existe algum desconforto causado pela insuflação do manguito.
Em determinadas situações pode estar indicada a monitorização alargada até às 48 horas (MAPA 48 horas).
Indicações do MAPA
O MAPA é um exame cada vez mais usado e necessário, quer pela elevada prevalência da hipertensão arterial (HTA) na população adulta, quer pela evidência do elevado risco cardiovascular associado à hipertensão arterial não diagnosticada ou inadequadamente controlada.
A avaliação da PA isolada ou mesmo seriada, no domicílio, não fornece frequentemente toda a informação de que o médico necessita para o diagnóstico ou para o controle adequado do doente. Ainda, entre muitas outras indicações, a deteção de perfis diários alterados (a normal variação dos valores da PA ao longo das 24h pode estar alterada ou comprometida) associados a risco muito elevado, só é possível com a monitorização de pelo menos 24 horas.
É um exame, nos nossos dias, claramente subutilizado em Portugal, face aquilo que são as recomendações das principais organizações científicas nacionais e internacionais.
As indicações para realizar um MAPA são, nomeadamente:
- Suspeita de HTA sustentada;
- Suspeita de HTA designada como de “bata-branca", ou seja, presença de pressão arterial alta apenas no momento da medição (normalmente relacionada com o stress), mas sem “carga hipertensiva” durante as 24h; por outro lado, deve ser realçado que há também indivíduos rotulados como tendo apenas HTA de bata-branca, mas que na realidade apresentam já um perfil globalmente elevado durante as 24h, devendo neste caso iniciar medicação;
- Suspeita de hipotensão arterial (tensão baixa) como causadora de sintomas, normalmente tonturas ou cansaço extremo, relacionada ou não com medicação;
- Confirmação do controle terapêutico adequado com a medicação instituída, ou adequação da mesma à variação individual da PA ao longo das 24h;
- Deteção de perfis tensionais que estão associados a um risco cardiovascular muito elevado; por exemplo, é importante pesquisar uma eventual alteração do normal perfil de variação da PA (variação circadiana) ao longo das 24h, com descida noturna insuficiente (ou mesmo elevação), em doentes com HTA aparentemente controlada, mas que apresentam as chamadas lesões de órgão-alvo (doença cerebrovascular, lesão cardíaca ou insuficiência renal);
- Avaliações da PA que evidenciam uma variabilidade exagerada e anormal;
- HTA refratária, não controlada com o uso de três ou mais fármacos anti-hipertensores;
- Mulheres grávidas com suspeita de pré-eclampsia;
- Presença de sinais e sintomas não esclarecidos, como tonturas, cefaleias, vertigens, desmaios, fraqueza generalizada ou cansaço inexplicável, entre outros.
Contra-indicações para o MAPA
A maior parte das pessoas, de qualquer idade ou sexo, podem realizar o MAPA, sem qualquer contra-indicação.
Porém, nos casos em que o braço tem forma de cone (situação em que o manguito não fica bem acomodado ao braço), ou em pessoas com perturbações do movimento, como na doença de Parkinson (não conseguem manter o braço imóvel na hora da medição da PA), ou ainda, quando há arritmias cardíacas como a fibrilação auricular, especialmente se não controladas, poderá não ser possível efetuar o exame de forma satisfatória.
Como é feito um MAPA?
No consultório, no dia e hora marcada, o técnico coloca o manguito e o aparelho digital e fornece as informações necessárias para o manuseamento do equipamento. Deve usar roupa confortável e com mangas largas. Deve levar a indicação de toda a medicação que toma, com os respetivos horários e dosagens (gramas, mg, etc.).
Após a colocação do dispositivo, o doente poderá regressar à sua vida diária, devendo, tanto quanto possível, efetuar as atividades habituais. Não deve efetuar desportos ou atividades que impeçam a avaliação adequada da PA ou que coloquem a integridade do equipamento em risco. Deve esclarecer todas as dúvidas com o técnico, aquando da colocação do equipamento.
No decorrer do exame são efetuadas múltiplas medições, que ficam registadas.
Enquanto ocorre a insuflação do manguito deverá manter o braço distendido e relaxado. Este procedimento genericamente ocorre de 20 em 20 minutos durante o dia e de 30 em 30 minutos durante a noite. Trata-se de um procedimento semelhante à medição da PA realizada no consultório.
O aparelho deverá ser retirado da cintura durante a noite, sendo colocado no colchão, em cima da almofada ou da mesa de cabeceira, conservando-se ligado ao manguito. É necessário que este fique sempre acima da prega do cotovelo, devendo-se evitar dormir sobre o braço em que está instalado.
Após as 24h, o técnico retira o manguito e recolhe o equipamento de registo, conectando-o posteriormente a um computador, de modo a transferir todos os parâmetros armazenados.
O software específico do equipamento sistematiza, integra e ordena os dados obtidos, que serão depois analisados e valorizados pelo médico cardiologista.
Preparação para a MAPA
O exame deve ser agendado para um dia com as atividades habituais (exceto se estas forem impeditivas da medição seriada da PA), sendo, todavia, pouco recomendado que o paciente pratique exercício físico.
É importante tomar banho antes do exame, dado que não o poderá fazer durante a realização do mesmo.
É de igual forma importante evitar a exposição a campos magnéticos, detetores de metal, cobertores elétricos e zonas de alta voltagem, para que não haja possíveis interferências na recolha dos parâmetros.
O doente deverá tomar a sua medicação habitual. Ou seja, não deverá falhar qualquer medicamento, a não ser por indicação explícita do seu médico. Deve anotar a hora da toma da medicação.
Existem riscos na realização de uma MAPA?
A MAPA é um exame seguro e que habitualmente não apresenta qualquer tipo de risco ou complicações. Porém, pode sentir desconforto no braço, geralmente tolerável, e dificuldade em adormecer. O sono poderá não ser tão repousante devido às insuflações do manguito.
Excecionalmente, em casos muito raros, poderá surgir edema (inchaço) no membro superior, problemas circulatórios e reações alérgicas ao manguito.
Quanto custa uma MAPA?
Se o doente pretender realizar o exame a título particular, o preço é fixado pela clínica de cardiologia que o concretiza. Não é, todavia, um procedimento oneroso quando comparado com os demais exames cardíacos.
O MAPA não é ainda, de forma generalizada, comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). A maioria dos subsistemas e seguros de saúde comparticipam este exame, cujo custo total não é elevado.
Veja onde fazer a MAPA e mais informações sobre custos de exames de cardiologia em Portugal, selecionado o seu concelho.
Outros exames do coração
Complementarmente, o médico pode ainda recorrer a outros exames do coração. De seguida, apresentamos-lhe alguns dos que são realizados com mais frequência:
- Eletrocardiograma (ECG) – o eletrocardiograma permite avaliar a atividade elétrica do coração. Saiba, aqui, tudo sobre ECG.
- Ecocardiograma - o ecocardiograma (ecografia ou ultrassonografia cardíaca) é um exame que utiliza os ultrassons para o estudo do coração e dos grandes vasos. Saiba, aqui, tudo sobre ecocardiograma.
- Ressonância magnética cardíaca - a ressonância magnética (RM) cardíaca é um exame que permite fazer uma avaliação morfológica, estrutural e funcional do coração. Saiba, aqui, tudo sobre RM do coração.
- Tomografia computorizada do coração - a tomografia computorizada cardíaca (TC coronárias), com avaliação do calcium score, permite-nos estudar o risco cardiovascular. Saiba, aqui, tudo sobre TC do coração.
- Estudo eletrofisiológico - O estudo eletrofisiológico é um procedimento minimamente invasivo que utiliza cateteres para registar a atividade elétrica no interior do coração. Saiba, aqui, tudo sobre estudo eletrofisiológico.
- Cateterismo cardíaco - o cateterismo cardíaco, ou angiografia coronária, é um exame invasivo que permite observar e até intervencionar de forma minimamente invasiva, os vasos sanguíneos.