Retenção urinária

Imagem de dificuldade em fazer xixi

O que é a retenção urinária?

A retenção urinária ocorre quando a bexiga é incapaz de esvaziar completamente, mesmo quando cheia (a bexiga retém a urina).

A bexiga serve como um local de armazenamento da urina, que por sua vez, é composta por resíduos que são filtrados do sangue pelos rins. Após a filtração, a urina move-se dos rins até à bexiga, onde fica armazenada até ser expelida para o exterior.

Esta retenção ou dificuldade em urinar pode afetar ambos os sexos (feminino e masculino), no entanto, ocorre mais frequentemente em homens, especialmente a partir dos 50-60 anos. Veja mais informação em “causas da retenção urinária”.

A retenção urinária pode ser aguda (súbita) ou crónica (desenvolver-se a longo prazo). Casos agudos surgem subitamente e podem ser graves, requerendo, por isso, tratamento imediato. Casos crónicos significam que a pessoa desenvolve retenção urinária lentamente, durante um grande período de tempo, devendo também ser tratados para evitar complicações, conforme discutiremos adiante.

Sinais e sintomas da retenção urinária

Os sinais e sintomas da retenção urinária podem variar consoante o tipo da doença presente, a saber:

Retenção urinária aguda

Os sinais e sintomas de retenção urinária aguda surgem de forma súbita e podem causar um grande desconforto, tais como:

  • Incapacidade de urinar;
  • Necessidade urgente de urinar;
  • Dor e edema (inchaço) do abdómen inferior (barriga);
  • Dor na extremidade do pénis;
  • Entre outros.

Retenção urinária crónica

Algumas pessoas com retenção urinária crónica podem ser assintomáticas (não apresentar quaisquer sinais ou sintomas) e podem nem estar cientes de que são incapazes de esvaziar a bexiga corretamente. No entanto, à medida que a doença progride, alguns sinais e sintomas podem começar a surgir, a saber:

  • Micção (vontade de urinar) frequente;
  • Dificuldade em urinar (disúria);
  • Um fluxo de urina fraco ou interrompido;
  • Uma necessidade urgente de urinar, mas com pouco sucesso;
  • Desconforto leve e constante no abdómen inferior;
  • Vontade de urinar mesmo após ter acabado de fazer;
  • Perdas de pequenas quantidades de urina durante o dia;
  • Noctúria (acordar frequentemente durante a noite para urinar);
  • Distenção (“inchaço”) da parte inferior do abdómen, traduzindo a bexiga de volume aumentado;
  • Entre outros.

Causas da retenção urinária

Quando uma pessoa urina, o músculo da bexiga contrai para empurrar o fluido. Ao mesmo tempo, o sistema nervoso dá informação aos esfíncteres (músculos do trato urinário) para abrir, e a urina passa através da uretra, para fora do corpo. A presença de um problema em qualquer uma destas estruturas pode causar retenção urinária, designadamente:

Obstrução

Qualquer coisa que bloqueie o fluxo de urina na bexiga pode causar retenção urinária aguda ou crónica, a saber:

  • Litiase (pedras) na bexiga ou na uretra;
  • Estenose (aperto) uretral;
  • Tumor ou cancro na zona pélvica ou intestino;
  • Coágulos de sangue na bexiga;
  • Objetos estranhos inseridos na uretra;
  • Inflamação grave da uretra;
  • Problemas na próstata, como a prostatite, tumores da próstata (em homens);
  • Fimose (em homens);
  • Prolapso uterino (em mulheres);
  • Entre outros.

Medicação

Alguns medicamentos (remédios) tornam a bexiga menos capaz de empurrar a urina para fora do corpo ou interferir com o funcionamento do esfíncter urinário interno, a saber:

  • Anfetaminas;
  • Anti-histamínicos;
  • Fármacos utilizados para tratar certos problemas como a doença de Parkinson, incontinência urinária ou corrimento nasal;
  • Relaxantes musculares;
  • Anti-inflamatórios não esteróides;
  • Alguns antipsicóticos ou antidepressivos;
  • Alguns opioides para a dor como a morfina;
  • Entre outros.

Problemas ou danos nos nervos

Como referido anteriormente, para uma pessoa urinar, os sinais provenientes do cérebro têm que viajar até à bexiga. Se um ou mais destes sinais nervosos não existir, o risco de desenvolvimento da retenção urinária é elevado. Tal poderá acontecer no contexto de doenças como esclerose múltipla, lesão/ inflamação/ compressão da espinal medula ou polineuropatias.

Infeções no trato urinário

Uma infeção em qualquer parte do trato urinário inferior pode causar retenção urinária, a saber:

Saiba, aqui, tudo sobre infeção urinária.

Alguns procedimentos cirúrgicos

Muitas vezes, após uma cirurgia, especialmente na substituição das articulações ou nas cirurgias à coluna vertebral, os doentes podem experienciar retenção urinária temporariamente. Padecer de certas patologias como hipertensão arterial ou diabetes pode aumentar este risco.

Entre outros

Diagnóstico da retenção urinária

O diagnóstico da retenção urinária aguda é realizado pelo médico que observa o doente no contexto de urgência, através da história clínica do doente e da sua observação. Os exames complementares não são habitualmente necessários para se conseguir alcançar o diagnóstico, já que é geralmente bastante evidente.

Já o diagnóstico da retenção urinária crónica não é tão óbvio, sendo maioritariamente realizado pelo médico urologista (especialista em Urologia) na sequência da história clínica, observação do doente, frequentemente com recurso a exames complementares.

Após a resolução da retenção urinária (ver Tratamento), há que identificar a sua causa e contexto clínico, para depois procurar uma forma de tratamento definitiva. Podem ser necessários exames como:

  • Análises ao sangue e urina na busca de sinais de infeção;
  • Cistoscopia para analisar a uretra e a bexiga;
  • Exames de imagem como uma ecografia ou um TC ou TAC para avaliar o trato urinário com mais precisão;
  • Urofluxometria;
  • Estudo urodinâmico;
  • Entre outros.
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Complicações da retenção urinária

Quando não tratada atempadamente, a retenção urinária pode acarretar diversas consequências perigosas, nomeadamente:

A retenção urinária tem cura?

Tanto a retenção urinária aguda como a crónica são, muitas vezes, fáceis de diagnosticar, pois ambas são caraterizadas pela incapacidade de urinar de forma eficaz.

Geralmente, os casos de retenção urinária podem ser tratados com uma combinação de opções terapêuticas e o prognóstico é favorável, contudo, este tratamento pode variar consoante a causa subjacente da doença.

Quando não detetada atempadamente, a retenção urinária pode progredir e provocar complicações graves, sendo o tratamento da doença, nestes casos, mais complexo.

Tratamento da retenção urinária

O tratamento da retenção urinária pode depender não só do tipo da doença presente (aguda ou crónica) como também da causa subjacente, a saber:

Tratamento da retenção urinária aguda

A retenção urinária aguda é uma emergência médica. Devido à completa incapacidade de urinar, um cateter vesical (ou sonda vesical) é imediatamente inserido na bexiga do doente para libertar a urina armazenada, num ato médico ou de enfermagem chamado de algaliação.

Se o cateter não puder ser inserido ou não funcionar, um pequeno túnel pode ser feito na pele sobre a bexiga e através da parede da mesma. Um catéter suprapúbico pode ser inserido desta forma, recorrendo a uma anestesia local.

Tratamento da retenção urinária crónica

O tratamento da retenção urinária crónica pode ser realizado de diversas formas, dependendo da causa subjacente da doença. Ou seja, o tratamento deve ser orientado pelo médico urologista após diagnóstico. Algumas atitudes terapêuticas incluem:

  • Em caso de infeção urinária, podem ser administrados antibióticos ou outros fármacos;
  • Cateterismo: um catéter também pode ser inserido em casos crónicos, para libertar a urina da bexiga, se a causa da retenção urinária não puder ser corrigida atempadamente;
  • Dilatação uretral: este procedimento pode ser usado para alargar uma restrição uretral, de modo a permitir que mais urina flua através da uretra;
  • Cistoscopia: um tubo iluminado e flexível chamado cistoscópio pode ser inserido através da uretra na bexiga. Aqui, ele pode ser usado para encontrar e remover pedras ou objetos estranhos da bexiga, saída da mesma ou uretra;
  • Medicamentos para a próstata: para os homens com uma próstata aumentada, certos medicamentos podem ajudar a diminuir o tamanho da mesma, permitindo o correto funcionamento do fluxo urinário;
  • Medicamentos que fazem o esfíncter uretral e a próstata relaxar para que a urina possa fluir através da uretra de forma mais eficaz;
  • Entre outros.

O doente nunca se deve automedicar ou tentar qualquer tipo de tratamento alternativo sem aconselhamento médico, sob pena de agravamento do problema e não serem diagnosticadas algumas doenças potencialmente perigosas.

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