Esclerite

Esclerite ocular fotos, imagens

O que é a esclera?

A esclera ou parte branca do olho é a camada protetora do globo ocular composta por fibras de colagénio. A esclera possui três camadas a saber: episclera, estroma e a lâmina fusca. A sua estrutura é idêntica à da córnea, exceto na disposição das fibras de colagénio.

O que é esclerite?

A esclerite é a inflamação da esclera, sendo uma doença ocular potencialmente grave, ocorrendo com frequência várias complicações oculares. É a mais grave das inflamações que ocorre ao longo de toda a espessura da esclera.

É uma doença dos olhos rara que ocorre em cerca de 0,1% dos casos em oftalmologia de urgência. Acontece com maior frequência em mulheres e geralmente numa faixa etária mais velha do que em pacientes com episclerite.

A esclerite ocular é, habitualmente, classificada de acordo com a parte da esclera afetada, como veremos de seguida.

Esclerite anterior

A esclerite anterior ocorre em cerca de 90% dos casos e pode ser classificada da seguinte forma:

Esclerite difusa anterior - esta é a forma mais frequente de esclerite e benigna, caracterizada por uma inflamação generalizada da esclera anterior. Habitualmente, evolui de forma favorável se tratada de forma adequada.

Esclerite anterior nodular – há nódulos na esclera que podem evoluir para esclerite necrosante.

Esclerite anterior necrosante - é um tipo de esclerite menos frequente que ocorre em cerca de 14% dos casos e é caracterizada por dor forte no olho e danos na esclera marcados. Está geralmente associada a doenças sistémicas subjacentes.

Por sua vez, está dividida em:

  • Esclerite necrosante com inflamação da córnea ou escleroceratite.
  • Esclerite necrosante sem inflamação (escleromalacia perfurante).

Este tipo de esclerite é assintomática, no entanto, é um grave problema ocular com início insidioso, progressão lenta assintomática até que a coróide é observada através da fina camada conjuntiva. É bilateral e só é detetada na artrite reumatóide avançada (geralmente em mulheres).

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Esclerite posterior

A esclerite posterior afeta a parte posterior do olho. Trata-se de um tipo de esclerite rara que afeta mais as mulheres do que os homens e de difícil diagnóstico. Pode apresentar-se com dor ocular, descolamento da retina, pregas coroideias e perda de visão.

A esclerite posterior pode causar cegueira de uma forma rápida se não diagnosticada e tratada de forma atempada e correta.

Em cerca de um terço dos doentes com esclerite posterior está associada a esclerite anterior.

Os tipos difusos e nodulares são os mais prevalentes, representando cerca de 90% dos casos.

Diferença entre esclerite e episclerite

A diferença entre esclerite e episclerite está na região em que a inflamação ocorre, ou seja, se ocorre na esclera é designada de esclerite, se ocorre na episclera é designada de episclerite.

Saiba, aqui, tudo sobre episclerite.

Causas da esclerite

Na esclerite, as causas estão em cerca de 50% dos casos relacionadas com doenças sistémicas subjacentes, como a artrite reumatoide, granulomatose de Wegener, policondrite recidivante, lúpus eritematoso sistémico, artrite reativa, poliartrite nodosa e espondilite anquilosante, gota, sífilis, síndrome de Churg-Strauss, entre outras.

A esclerite pode também surgir como complicação após determinadas cirurgias oculares.

A esclerite fúngica (com origem em fungos) é muito rara, mas deve ser equacionada quando não há resposta à terapia imunossupressora.

O trauma ocular, ou corpos estranhos no olho podem também estar na origem do desenvolvimento da esclerite.

Outras causas menos frequentes incluem infeções locais, como é exemplo o vírus da varicela zoster, entre outros.

Para além das causas atrás apresentadas, outras têm sido relacionadas com a esclerite ocular, nomeadamente, a sarcoidose, a hipertensão arterial, infestação parasitária, linfomas, tuberculose, entre outras.

Sintomas na esclerite

Na esclerite, podem ser percetíveis os seguintes sinais e sintomas:

Os sinais e sintomas de esclerite podem variar de acordo com o tipo de esclerite presente e com o grau de evolução da doença.

É importante fazer a distinção entre esclerite e episclerite porque a gravidade da doença e dos seus sintomas relacionados diferem bastante.

Saiba, aqui, tudo sobre os sintomas da episclerite.

Esclerite tem cura?

A esclerite tem cura, desde que o diagnóstico seja efetuado de forma atempada e correta e sejam tomadas medidas para tratar a doença de forma adequada. Saiba, de seguida, como tratar a esclerite.

Tratamento da esclerite

Na esclerite, o tratamento depende do tipo de esclerite presente, do seu grau de evolução e se estamos perante alguma doença sistémica subjacente.

Os doentes com esclerite e que padeçam de alguma doença subjacente devem tratar a patologia subjacente o quanto antes.

Em casos de esclerite infeciosa, os antibióticos sistémicos serão sempre necessários e os imunossupressores devem ser administrados consoante o tipo de esclerite.

Na esclerite existe o risco de ocorrência de algumas complicações potencialmente graves e que podem conduzir em último caso à perda de visão severa ou cegueira. Complicações como o descolamento da retina, catarata, uveíte, aumento da pressão intra-ocular (glaucoma), isquemia do segmento anterior do globo ocular, adelgaçamento escleral, entre outras.

Em alguns casos pode ser necessário o recurso à cirurgia (operação) para tratar algumas complicações como é exemplo a formação de cataratas ou o glaucoma intratável sob o ponto de vista médico.

Na esclerite não necrotizante, o prognóstico visual geralmente é razoável, desde que não haja complicações oculares (por exemplo, uveíte).

A esclerite anterior necrosante com inflamação é a forma mais grave e angustiante da doença. A maioria dos pacientes tem doença vascular associada com aumento da mortalidade. O prognóstico visual é mau.

Na esclerite posterior o prognóstico é reservado se não for efetuado diagnóstico e tratamento adequado.

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