Degeneração Macular da Idade (DMRI)

Degeneração macular - dmri, drusas maculares

O que é degeneração macular?

degeneração macular é uma doença da retina que afeta a mácula em que o envelhecimento é a sua principal causa. Contudo, nem sempre o envelhecimento é a causa para a degeneração da mácula. A degeneração macular em jovens e crianças, ou seja numa idade mais precoce também é possível apesar de ser bastante menos frequente que nas pessoas mais idosas.

A mácula é uma pequena parte da retina, com um importante papel na visão. É composta por milhões de células sensíveis à luz. Na retina há transformação da luz em sinais elétricos, de seguida, esses sinais elétricos são enviados através do nervo ótico para o cérebro, onde se efetua a tradução das imagens que visualizamos.

Na degenerescência macular, a mácula encontra-se danificada, o centro do campo visual é afetado e as imagens são desfocadas, distorcidas ou escuras. Embora existam pequenas diferenças na forma como devem ser utilizados os termos “degenerescência macular” ou “degeneração macular”, iremos ao longo do texto utilizar os dois indistintamente. Na verdade, ambos os termos (degenerescência ou degeneração) pretendem traduzir as alterações degenerativas sofridas pela mácula.

O termo maculopatia é utilizado para nos referirmos a patologias da mácula. Como a degenerescência macular é uma patologia da mácula, é portanto uma maculopatia.

o que é DMRI?

Designamos por degeneração macular relacionada à idade (DMRI) ou degenerescência macular da idade quando uma mácula degenerativa é consequência do envelhecimento. Como se trata de uma doença associada com a idade também é, por vezes, conhecida como degeneração macular senil.

A degeneração macular relacionada com a idade (DMRI) é uma doença ocular comum, sendo considerada uma das principais causas de perda de visão em pessoas com idade superior a 60 anos.

Esta doença provoca lesões na mácula, região do olho responsável pela visão central, isto é, permite-nos ver objetos em frente do nosso campo visual.

Em algumas pessoas, a degeneração macular progride tão lentamente que a perda de visão não é percetível durante muito tempo. Por sua vez, noutras pessoas, a doença aumenta rapidamente, podendo levar à perda de visão num ou em ambos os olhos.

A degenerescência macular por si só não leva à cegueira completa. No entanto, a perda da visão central pode interferir com a realização de atividades diárias simples, tais como, a capacidade de ver os rostos, ler, ou escrever.

Drusas maculares

Os estadíos iniciais e intermédios da degeneração macular começam, geralmente, sem qualquer sintomatologia. Só um exame do fundo ocular pode detetar a doença.

Durante o exame, o oftalmologista irá procurar drusas maculares, que não são mais do que depósitos de algumas substâncias, de cor amarela e que surgem debaixo da retina. A maioria das pessoas desenvolve drusas maculares muito pequenas, como resultado do envelhecimento. A presença de drusas maculares de médio e grande dimensão pode indiciar a presença da doença nos olhos.

Outro sinal da degeneração macular é o aparecimento de alterações pigmentares da retina.

Diagnóstico na DMRI  

O oftalmologista para efetuar o diagnóstico da doença, deve realizar, pelo menos os seguintes exames:

  • Teste da acuidade visual;
  • Exame de fundo ocular;
  • Grelha de Amsler;
  • Campimetria;
  • Angiografia Fluoresceínica 
  • Tomografia de coerência ótica (OCT, por vezes conhecido como OCT macular);

Sintomas na degeneração macular

A degeneração macular apresenta poucos sintomas nas fases iniciais da doença. Com a progressão da degeneração macular, um dos sintomas comuns é a perceção de um escotoma (mancha) no centro (ou perto) do campo visual. Ao longo do tempo, a área manchada pode evoluir, ou pode desenvolver manchas escuras na visão central. Os objetos também podem não parecer tão brilhantes como, habitualmente, costumavam ser.

Se o doente possui degeneração macular avançada em apenas um olho, pode não notar qualquer alteração na visão geral. Se o olho contra lateral se apresentar bem, o doente ainda pode ser capaz de ler e ver detalhes finos. No entanto, ter degeneração macular avançada num olho significa que apresenta risco acrescido de degeneração macular grave no outro olho (bilateral). Se notar distorção ou visão turva, mesmo que ela não tenha efeito muito prejudicial sobre a sua vida diária, consulte um oftalmologista.

Se apresenta fatores de risco de degeneração macular, nomeadamente, idade, história familiar, estilo de vida ou a combinação de alguns destes fatores, não deve esperar que ocorram alterações na visão pois a doença pode desenvolver-se de uma forma assintomática (sem sintomas).

Clínica de Oftalmologia

Causas da degeneração macular

Embora as causas de degeneração macular não sejam completamente compreendidas na atualidade, sabe-se que existem alguns fatores de risco para o seu surgimento. A idade é um fator de risco importante para a degeneração macular. A doença é mais provável de ocorrer após os 60 anos, todavia pode ocorrer mais cedo. Outros fatores de risco determinantes para o surgimento da degeneração macular incluem:

  • Fumar. A investigação mostra que fumar duplica o risco de vir a padecer da doença.
  • Raça. A degeneração macular é mais comum entre brancos do que entre os afro-americanos ou hispânicos / latinos.
  • História familiar. Pessoas com história familiar de degeneração macular têm um risco aumentado de vir a padecer da doença (fator genético, hereditário).

Fases na degeneração da mácula

Existem três estadíos (fases) na degeneração da mácula definidas, em parte, pelo tamanho e número de drusas na retina. É possível ter degenerescência macular da idade apenas num olho ou ter um olho com estadío de DMRI diferente do outro.

Dividiremos, por isso, a doença em três estadíos: inicial, intermédio e avançado.

DMRI - Estadío inícial

No início da degeneração da mácula a doença é diagnosticada apenas pela presença de drusas maculares de médio calibre que correspondem à largura de um cabelo humano médio. As pessoas com degenerescência macular precoce, geralmente, não apresentam sintomas nem perda de visão.

DMRI - Estadío Intermédio

As pessoas com degeneração macular intermédia apresentam tipicamente grandes alterações, das drusas maculares, do pigmento da retina, ou ambos os casos. Novamente, essas mudanças só podem ser detetadas durante um exame oftalmológico. No estadío intermédio pode existir alguma perda de visão. Para a maioria das pessoas esta fase é assintomática (sem sintomas) apesar de existir alguma perda de visão.

DMRI - Estadío avançado

Além das drusas, as pessoas com degeneração macular avançada, têm perda de visão por apresentarem lesões da mácula. Identificam-se dois tipos de degeneração macular:

  1. Degeneração macular com atrofia geográfica (também conhecida por degeneração macular seca) ou não exsudativa;
  2. Degeneração macular neovascular (também conhecida por degeneração macular exsudativa) (por vezes, referida como húmida ou degeneração macular molhada).

A expressão “exsudativa” vem da palavra exsudar, que significa “atravessar os poros” ou “escorrer”, daí a comparação com “húmida” ou “molhada”. As designações "seca" e "molhada", não surgem portanto da forma de algum tipo de sintoma percecionado pelos doentes, mas sim na forma como o oftalmologista examina e efetua o diagnóstico. As palavras “seca” e “molhada” referem-se ao derrame de fluido e sangue (“seca” sem derrame, “molhada” com derrame).

Veja, de seguida, as diferenças entre estas duas fases da doença nos seus estadíos mais avançados (degeneração macular seca e degeneração macular exsudativa).

Degeneração macular seca

A degeneração macular seca (DMRI seca) ou atrófica existe quando não ocorre derrame na retina de fluido e sangue (daí a designação “seca”). Esta forma de degeneração da mácula está presente em cerca de 90% dos casos e possui um melhor prognóstico que a forma exsudativa.

Na degeneração macular seca há uma degradação gradual das células sensíveis à luz na mácula que transmitem informação visual para o cérebro e do tecido de suporte sob a mácula. Estas alterações causam perda de visão.

Degeneração macular exsudativa

Na degeneração macular exsudativa ou neovascular (por vezes, conhecida como húmida ou molhada) vasos sanguíneos anormais crescem debaixo da retina ("neovascular" significa literalmente "novos vasos”). Esses vasos podem derramar fluido e sangue, o que pode levar ao edema e a danos da mácula (daí a designação “molhada” ou “húmida”).

Os danos na degeneração macular exsudativa podem ser rápidos e graves, ao contrário da evolução mais gradual da atrofia geográfica (degeneração macular seca).

Este tipo de degenerescência macular está presente em cerca de 10% dos casos.

Degeneração macular tem cura?

A degeneração macular não tem cura. O tratamento  é, essencialmente, efetuado na forma exsudativa e deve ocorrer o mais cedo possível, de modo a evitar a perda de visão. Novos tratamentos têm sido desenvolvidos de modo a efetuar um controlo mais eficaz da doença. Veja mais informação em tratamento da DMRI.

Podem e devem ser tomadas medidas preventivas no controlo da degeneração macular. Veja mais informação em prevenção.

Veja, de seguida, como tratar a degeneração macular.

Tratamento da degeneração macular

O tratamento da degeneração macular depende do estadío (fase) da doença. Veja de seguida informação sobre o tratamento da DMRI em cada um dos estadíos.

Tratamento na fase inicial

No estadío inicial da degeneração macular não é efetuado qualquer tratamento.

Nesta fase da doença a maioria das pessoas não apresenta sintomas ou perda de visão. O oftalmologista pode recomendar que faça um exame de fundo ocular, pelo menos uma vez por ano. O exame vai ajudar a determinar o estadío da doença.

Apesar de não ser efetuado qualquer tratamento médico ou cirúrgico, é importante ter uma atitude preventiva.

Veja mais informação em prevenção da degeneração macular.

Tratamento na fase intermédia

Habitualmente, na fase intermédia da doença não é necessário efetuar qualquer tratamento médico ou cirúrgico. Contudo, como a DMRI pode progredir rapidamente é importante a consulta com o médico oftalmologista para vigilância apertada da doença.

Alguns ensaios clínicos mostraram que a ingestão de uma combinação de vitamina C, vitamina E, beta-caroteno, zinco e cobre pode reduzir o risco de degeneração macular avançada em 25 %, para além da adição de luteína, zeaxantina ou ômega-3 ácidos gordos. Os ácidos gordos ômega-3 são nutrientes abundantes em óleos de peixe. A luteína, zeaxantina e beta-caroteno, pertencem todos à mesma família das vitaminas e são abundantes em vegetais de folhas verdes.

Se tem degeneração macular intermédia ou tardia, pode obter benefícios ingerindo tais suplementos. A ingestão de suplementos vitamínicos não representam uma cura para a DMRI. Eles não ajudam as pessoas com degeneração macular precoce, e não vão restaurar a visão já perdida devido à DMRI. Porém, pode atrasar o início da doença e também pode ajudar a retardar a perda de visão em pessoas que já têm degeneração macular avançada.

Tratamento da DMRI exsudativa

Na DMRI exsudativa, o tratamento vai depender da fase da doença.

A degeneração macular exsudativa (ou neovascular) resulta, normalmente, em perda de visão severa. No entanto, o médico oftalmologista pode efetuar diferentes tratamentos para impedir a evolução da perda de visão. As terapias descritas abaixo não são uma cura para a degeneração macular. A doença pode progredir mesmo com o tratamento.

Injeção de anti angiogénicos

Uma opção para retardar a progressão da DMRI neovascular é injetar fármacos no olho (injeção). Na DMRI exsudativa, níveis anormalmente elevados de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) estão presentes. O VEGF é uma proteína que promove o crescimento de novos vasos sanguíneos anormais. Habitualmente, de modo a que o tratamento tenha sucesso várias injeções são necessárias.

Antes de cada injeção, o olho será anestesiado e esterilizado com anti-séticos.
Para reduzir o risco de infeção, podem ser prescritas gotas de antibiótico. Alguns tipos de fármacos anti-VEGF estão disponíveis para tratamento.

Estes fármacos variam no preço e no número de vezes que precisam de ser injetados.

Terapia fotodinâmica

Esta técnica envolve tratamento a laser de áreas selecionadas da retina. Em primeiro lugar, o fármaco chamado verteporfin será injetada numa veia do braço. O fármaco viaja através dos vasos sanguíneos e é absorvido por novos vasos sanguíneos. O oftalmologista coloca, então, um feixe de laser no olho para ativar a droga nos novos vasos sanguíneos anormais, poupando os normais. Uma vez ativado, o fármaco bloqueia os novos vasos sanguíneos, atrasa o seu crescimento, e diminui a taxa de perda de visão. Este procedimento, hoje em dia, é menos comum que as injeções anti-VEGF, sendo frequentemente utilizado em combinação de tipos específicos de degeneração macular exsudativa (ou neovascular).

Cirurgia a laser

Os oftalmologistas tratam certos casos de degeneração macular exsudativa com laser, embora isso seja menos comum do que os outros tratamentos. Trata-se de fazer laser argon nos vasos sanguíneos anormais para destruí-los. Este laser não é o mesmo que é utilizado na terapia fotodinâmica, que pode ser referido como um laser "frio".

Existe uma maior probabilidade de ser usado este tratamento quando o crescimento dos vasos sanguíneos é limitado a uma área compacta do olho para longe do centro da mácula, que pode ser facilmente orientada com o laser. Mesmo assim, o tratamento a laser também pode destruir algum tecido saudável circundante, resultando num pequeno ponto cego em consequência de cicatrizes na retina. Em alguns casos, a visão, imediatamente após a cirurgia pode ser pior do que era antes. Porém, a cirurgia também pode ajudar a prevenir a perda de visão mais severa que venha a ocorrer anos mais tarde.

Prognóstico da DMRI

Nem todas as pessoas que padecem de degeneração macular na fase inicial irão desenvolver a forma avançada da doença. No caso de pessoas que estão na fase inicial da degeneração macular num olho e sem sinais da doença no outro olho, cerca de 5% irão desenvolver degeneração macular avançada após 10 anos.

Por seu turno, no caso de pessoas que têm degeneração macular em ambos os olhos, cerca de 14% vai desenvolver degeneração macular avançada em pelo menos um olho após 10 anos. Com a deteção imediata de degeneração macular, existem medidas que podem ser tomadas no sentido de reduzir ainda mais o risco de perda de visão.

Prevenção da DMRI

Quanto à prevenção, a degeneração macular ocorre com menor frequência em pessoas regradas e que adotam um estilo de vida saudável. Na eventualidade de já ter degeneração macular, adotando alguns desses hábitos, estes poderão ajudá-lo a manter a visão saudável por mais tempo.

Adote, por isso, um estilo de vida saudável reduzindo desta forma o risco de aparecimento de degeneração macular, ou retardando a progressão da doença. Faça pelo menos as seguintes escolhas saudáveis:

  • Evite fumar;
  • Exercite-se regularmente, através de atividade física
  • Manter os níveis de tensão arterial e colesterol normais;
  • Comer uma dieta saudável rica em legumes, fruta e peixe.

Especialista em retina e mácula

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