Apneia central do sono

Apneia central do sono

O que é apneia central do sono?

A apneia central do sono é um distúrbio que ocorre durante o sono, em que a respiração pára repentinamente e uma de forma recorrente.

A apneia central do sono ocorre porque o cérebro não consegue enviar devidamente sinais aos músculos que controlam a respiração. Esta patologia difere da apneia obstrutiva do sono, em que o doente não consegue respirar normalmente devido à obstrução das vias aéreas superiores. A apneia central do sono é menos comum do que a apneia obstrutiva do sono.

A apneia central do sono pode ocorrer como resultado de outras patologias, como insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). Dormir a uma altitude elevada também pode causar apneia central do sono. Veja, de seguida, mais informação em “Causas da apneia central do sono”.

Os tratamentos para a apneia central do sono podem envolver o tratamento de doenças já existentes, usando um dispositivo para auxiliar a respiração ou usando oxigénio suplementar, como discutiremos, mais à frente, neste artigo.

Causas da apneia central do sono

Como referido anteriormente, a apneia central do sono ocorre quando existe uma doença cerebral que impede a correta transmissão de sinais e de informação aos músculos respiratórios. Esta disfunção cerebral pode ser provocada por uma variedade de patologias que afetam o tronco cerebral ou tronco encefálico. Este tronco cerebral é a porção do sistema nervoso central, que liga o cérebro à medula espinhal e controla muitas funções, como por exemplo na frequência cardíaca e a respiração.

A causa pode também variar consoante o tipo de apneia central do sono presente, a saber:

  • Respiração Cheyne-Stokes - Este tipo de apneia central do sono é frequentemente associado à insuficiência cardíaca congestiva ou ao acidente vascular cerebral (AVC). A respiração de Cheyne-Stokes é caracterizada por um aumento gradual e, de seguida, diminuição do esforço respiratório e do fluxo de ar. Durante o esforço respiratório mais fraco, existe a probabilidade de ocorrer uma ausência total do fluxo de ar (apneia do sono central);
  • Respiração periódica em alta altitude - Um padrão de respiração Cheyne-Stokes pode ocorrer se houver uma grande exposição à altitude. A mudança nos níveis de oxigénio provocada pela altitude pode originar uma respiração rápida (hiperventilação) alternada com uma muito lenta (hipoventilação);
  • Apneia induzida por medicação - Tomar certos medicamentos (remédios), como opióides (morfina, oxicodona ou codeína) pode causar uma irregularidade na respiração, um aumento e diminuição no padrão regular, ou uma paragem completa temporária;
  • Tratamento da apneia obstrutiva do sono - Algumas pessoas com apneia obstrutiva do sono desenvolvem apneia central do sono após o início do tratamento com pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP). Quando isto ocorre, existe uma combinação de apneias obstrutivas e centrais do sono;
  • Apneia central do sono induzida por alguma patologia subjacente - Várias patologias, incluindo doença renal terminal e acidente vascular cerebral, podem dar origem à apneia central do sono;
  • Apneia central do sono idiopática (primária) - A causa deste tipo de apneia central do sono não é conhecida.

Fatores de risco da apneia central do sono 

Existe um conjunto vasto de fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de apneia central do sono, nomeadamente:

  • Sexo masculino - Os homens são mais propícios a desenvolver apneia central do sono do que as mulheres;
  • Idade - A apneia central do sono é mais comum entre os idosos, especialmente com mais de 65 anos. Isto acontece, possivelmente, porque podem ter outras patologias ou padrões de sono conducentes da apneia central do sono;
  • Distúrbios cardíacos - Pessoas com batimentos cardíacos irregulares (fibrilação auricular ou arritmias) ou cujos músculos cardíacos não bombeiam sangue suficiente para suprir as necessidades do corpo (insuficiência cardíaca congestiva) estão em maior risco de desenvolverem apneia central do sono;
  • Acidente vascular cerebral, tumor cerebral ou uma lesão estrutural do tronco cerebral. Estas doenças cerebrais podem prejudicar a capacidade do cérebro regular a respiração;
  • Altitude elevada - Como referido anteriormente, a altitude pode desencadear apneia central, por isso, dormir a uma altitude mais alta do que o habitual pode aumentar o risco desta patologia. A apneia central do sono em alta altitude pode ser apenas temporária, e desaparecer quando retorna a uma altitude mais baixa;
  • Uso de opioides - Como já referido, os medicamentos opioides podem aumentar o risco de apneia central do sono;
  • CPAP - Algumas pessoas com apneia obstrutiva do sono desenvolvem apneia do sono central enquanto usam pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP). Na maioria dos casos, a apneia central do sono emergente do tratamento desaparece com o uso contínuo do dispositivo CPAP. Outras pessoas poderão necessitar de um tipo diferente de terapia de pressão positiva das vias aéreas;
  • Entre outros.

Sinais e sintomas da apneia central do sono

A apneia central do sono pode ser assintomática (não apresenta qualquer sinal ou sintoma), no entanto, existe uma grande variedade de sinais e sintomas associados à doença, a saber:

  • Episódios de paragem respiratória ou padrões respiratórios anormais durante o sono;
  • Dor no peito à noite;
  • Ressonar (Roncopatia);
  • Acordar abruptamente com dispneia (acordar com falta de ar);
  • Dores de cabeça matinais;
  • Dificuldade em dormir (insónias);
  • Dispneia (falta de ar) que alivia ao sentar-se;
  • Sonolência diurna excessiva (hipersónia);
  • Dificuldade de concentração;
  • Mudanças de humor;
  • Menor tolerância ao exercício;
  • Cansaço inexplicável;
  • Entre outros.

Embora o ronco (ressonar) indique algum grau de obstrução do fluxo de ar, este também pode ser ouvido na presença de apneia central do sono. No entanto, ressonar pode não ser tão proeminente na apneia central do sono como é nos casos de apneia obstrutiva do sono.

Saiba, aqui, o que é apneia obstrutiva do sono.

Diagnóstico da apneia central do sono

O médico especialista pode ter uma suspeita de diagnóstico através da história clínica do doente e um exame físico, onde avalia a sintomatologia do doente.

O médico especialista deve recorrer a uma avaliação adicional através de meios complementares de diagnóstico (MCDT), de modo a diagnosticar a apneia central do sono, de forma conclusiva.

Esta avaliação adicional, geralmente, envolve a monitorização noturna da respiração e outras funções do corpo durante um estudo do sono chamado de polissonografia.

Polissonografia

Durante a polissonografia, o paciente está ligado a equipamentos que monitorizam vários elementos da função do organismo, tais como:

  • Atividade cardíaca, pulmonar e cerebral;
  • Padrões respiratórios;
  • Movimentos de braços e pernas;
  • Níveis de oxigénio no sangue;
  • Etc.

A polissonografia pode ajudar a descartar outros distúrbios do sono, como apneia obstrutiva do sono, movimentos repetitivos durante o sono (movimentos periódicos dos membros) ou ataques súbitos de sono (narcolepsia), que também pode causar sonolência diurna excessiva, no entanto, exigem um tratamento diferente.

Saiba, aqui, tudo sobre polissonografia.

O médico especialista também pode recorrer a exames de imagem para analisar o cérebro ou o coração do doente, na procura de patologias subjacentes. 

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Complicações da apneia central do sono

Quando não tratada atempadamente, a apneia do sono central pode ser grave e provocar algumas complicações, a saber:

  • Fadiga - Acordar constantemente devido à apneia do sono tornam o sono normal e saudável, impossível. Pessoas com apneia do sono central, muitas vezes, sentem fadiga grave, sonolência diurna e irritabilidade. O doente pode ter dificuldade em concentrar-se e adormecer no trabalho, enquanto vê televisão ou mesmo a conduzir.
  • Problemas cardiovasculares - Quedas súbitas nos níveis de oxigénio no sangue que ocorrem durante a apneia central do sono podem afetar negativamente a saúde do coração. Se houver doença cardíaca subjacente, estes múltiplos episódios de alteração dos níveis de oxigénio no sangue (hipóxia ou hipoxemia) podem piorar o prognóstico da doença e aumentar o risco de ritmos cardíacos anormais (arritmias).

A apneia central do sono tem cura?

O prognóstico da apneia central do sono é variável, especialmente na presença de patologias subjacentes ou complicações. Contudo, um diagnóstico atempado, de modo a instituir um tratamento adequado em fases iniciais, pode fazer com que a doença não progrida, e até mesmo alcançar a cura.

Tratamento da apneia central do sono

Existem vários tratamentos para a apneia central do sono, que geralmente, dependem da causa subjacente e do tipo da doença presente, a saber:

  • Resolver patologias associadas - Possíveis causas de apneia central do sono incluem outros distúrbios, e tratar essas patologias pode ajudar a tratar a apneia de sono em questão. Por exemplo, o tratamento para a insuficiência cardíaca pode melhorar a apneia central do sono.
  • Redução de medicamentos opióides - Se medicamentos opióides são a causa da apneia central do sono, o médico especialista pode reduzir gradualmente a dose desses fármacos.
  • Pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) - Este método, também usado para tratar a apneia obstrutiva do sono, envolve o uso de uma máscara sobre o nariz ou nariz e boca enquanto o doente dorme. O CPAP é, geralmente, o primeiro tratamento utilizado para a apneia central do sono A máscara (interface) está ligada a um pequeno ventilador que fornece uma quantidade contínua de ar para manter a via aérea superior aberta. O CPAP pode impedir o fecho das vias aéreas, que pode desencadear a apneia do sono central. Tal como acontece com a apneia obstrutiva do sono, é importante usar o dispositivo somente como indicado. Se a máscara é desconfortável ou a pressão é muito forte, é importante informar o médico especialista. Vários tipos de máscaras estão disponíveis no mercado e é possível ajustar a pressão do ar.
  • Servoventilação auto-adaptativa (VSA) - Se o CPAP não conseguir tratar eficazmente a apneia central, pode ser utilizado o Servoventilador. Ao contrário do CPAP, o Servoventilador ajusta a quantidade de pressão durante a inspiração com base na respiração anterior. O dispositivo também pode ventilar automaticamente se o doente não desencadear a respiração num determinado período de tempo. O Servoventilador não é recomendado para pessoas com insuficiência cardíaca muito grave.
  • Pressão positiva nas vias aéreas (BPAP) - Tal como o Servoventilador, o BPAP proporciona pressão quando o paciente inspira e uma quantidade diferente de pressão quando expira. Contudo, ao contrário do VSA, a quantidade de pressão durante a inspiração é fixa em vez de variável. O BPAP também pode ser configurado para desencadear automaticamente a respiração se o doente não a desencadear dentro de um determinado período de tempo. Mas atenção: O BPAP pode piorar a apneia do sono central em pessoas com insuficiência cardíaca.
  • Oxigénio suplementar - Usar oxigénio suplementar enquanto o doente dorme pode ajudar se o mesmo tiver apneia central do sono. Existem vários dispositivos disponíveis para levar oxigénio aos pulmões.
  • Tratamento medicamentoso - Certos medicamentos, como acetazolamida ou teofilina, têm sido usados para estimular a respiração em pessoas com apneia central do sono. Estes medicamentos também podem ser usados para prevenir a apneia central do sono em altitude elevada.
  • Entre outros.

Cirurgia ou outros procedimentos

Um novo tratamento para pessoas com insuficiência cardíaca sintomática que têm apneia do sono moderada a grave envolve a estimulação do nervo que vai do cérebro até ao diafragma (estimulação do nervo frénico).

Um estimulador nervoso, que é implantado no tórax do paciente, age como um Pace-maker para o ajudar a respirar normalmente durante o sono. O dispositivo monitoriza a respiração e estimula o nervo frénico a gerar uma respiração se o paciente ficar muito tempo sem respirar durante o sono.

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