Asma infantil

Imagens de asma infantil

O que é asma infantil?

A asma é uma doença dos brônquios, que causa o seu estreitamento (chamado broncoespasmo) e por causa disso resulta em dificuldade em respirar. Pode ser um processo de inflamação crónica, que não tem cura, pelo que quando se diagnostica asma nas crianças gera intensa preocupação por parte dos pais. Porém, veremos que este nem sempre é o que ocorre na asma infantil .

Nos primeiros anos de idade, uma elevada proporção de crianças sofre de sintomas respiratórios, que muitas vezes são incorretamente rotuladas como “asma”.

A definição de asma infantil, geralmente aceite pela comunidade médica, é a de ocorrência de episódios repetidos de sibilância recorrente e /ou tosse persistente, numa situação em que a asma é provável e em que se descartaram outras doenças respiratórias menos comuns. Mas é frequente assistirmos a múltiplas outras designações que acabam por se perpetuar por meses e geram muita perplexidade nos pais, como é o caso das sibilâncias víricas, sibilâncias recorrentes, bronquites, bronquiolites, hiperreatividade brônquica, etc..

Em resumo, o bebé que apresenta 3 ou mais episódios de tosse por ano, sem infeção associada, e sobretudo se esta se acompanha de pieira e/ou dificuldade respiratória, e que melhora com a medicação broncodilatadora, é provável ter asma infantil. Mas, como iremos ver, isso não é o mesmo que ter asma atópica (ou alérgica).

Causas da asma infantil

As causas da asma nem sempre são bem conhecidas. Existem vários fatores que influenciam a origem da asma, mas nenhum é transversal a todos os casos. A hereditariedade, como veremos, é um deles. As infeções víricas do aparelho respiratório parecem desempenhar, também, um papel muito importante na asma. Alguns vírus parecem provocar a ocorrência de asma, enquanto outros funcionam como desencadeantes de crises nas crianças com propensão a doenças alérgicas e que por esse motivo têm as suas mucosas inflamadas.

As alergias são o principal fator que ocasiona a evolução da asma infantil para um formato de asma crónica e persistente. Cerca de 80% das crianças com mais de 5 anos de idade que continuam a sofrer de sintomas de asma apresenta alergias aos ácaros ou alergias ao pólen, por exemplo. A ocorrência de alergias alimentares (alergia ao leite ou alergia ao ovo) ou dermatite atópica nos primeiros meses de vida são também importantes marcadores para este prognóstico.

A predisposição para asma também está relacionada com outros fatores ambientais, como é o caso da exposição ao fumo de tabaco, poluição, idade, sexo, etc…

Hereditariedade na asma

A asma alérgica possui uma componente genética e familiar considerável. A criança possui uma probabilidade acrescida (entre 25 a 50%) de padecer de asma se um dos progenitores for asmático. A probabilidade é mais alta se a mãe for asmática, sendo mais baixa se for o pai asmático. Por sua vez, se ambos os progenitores forem asmáticos essa probabilidade sobe para 75%.

Sintomas na asma infantil

Nas crianças pequenas, uma crise de asma habitualmente é precedida por uma infeção respiratória das vias aéreas superiores (nariz), com sintomas de rinofaringite aguda, tosse ligeira, espirros e febre baixa. Em poucas horas/dias, começam a surgir os sinais e sintomas de dificuldade respiratória, tosse persistente, e pieira. A dificuldade respiratória manifesta-se por um aumento da frequência, uma respiração mais rápida e ofegante, e mais superficial; com a evolução, a criança pode precisar de usar os músculos intercostais para auxiliar à respiração e é quando se começam a notar as zonas entre as costelas e acima do esterno mais aprofundadas.

Com o evoluir da doença, os episódios de asma infantil começam a ocorrer de forma mais frequente e sem infeção prévia a desencadeá-las. Começam a ser mais frequentes as situações de pieira noturna e é típico a criança tossir de noite sem qualquer motivo aparente.

Diagnóstico da asma infantil

O diagnóstico de asma infantil é clínico e raramente necessita de exames para o comprovar. Nas crianças maiores, a espirometria é útil para classificar a gravidade da asma e a eficácia da terapêutica.

Mas como já falamos, a presença de alergia é o principal fator determinante para que a asma infantil se prolongue para o resto da vida. Isso significa, que se a criança com asma infantil apresenta positividade nos testes de alergia, é muito mais provável que vá manter a sua asma ativa do que a criança que tem testes negativos. Nesse sentido, é importante a certo ponto perceber se a criança sofre de alergias, e para isso proceder a um estudo alergológico. É importante ressalvar que este estudo não serve para o diagnóstico de asma infantil, mas sim para perceber qual o prognóstico, ou seja, como será a sua evolução.

É fundamental uma avaliação por um Alergologista a certa altura. Mas como saber qual é essa altura? Em que idade se podem fazer os testes, é uma pergunta frequente que ouvimos dos pais. É importante frisar que os testes de alergia são positivos em qualquer idade, desde que a criança já expresse alergia. No entanto, a maior parte dos casos de asma antes dos 3 anos de idade não são alérgicos, mas sim induzidas por vírus e por esse motivo habitualmente antes dessa idade pode não ser necessário fazer estudo alergológico.

Clínica Alergologia

A asma infantil e o desporto

O principal objetivo dos médicos quando tratam uma criança com asma é poder proporcionar-lhe uma vida normal, sem limitações, igual a qualquer outra criança da mesma idade. E isso inclui naturalmente a possibilidade de praticar desporto. Mas é importante ressalvar que o exercício físico é com muita frequência um dos estímulos que induz sintomas respiratórios na criança asmática.

É verdade que algumas crianças com asma apresentam alguma dificuldade em alguns desportos, como os que requerem esforços intensos e prolongados. Um dos problemas com que os médicos são frequentemente confrontados é com a decisão do aconselhamento do tipo de exercício ou desporto a um doente asmático.

Como regra, se a criança tem um desporto que de facto gosta, a sua prática deverá ser encorajada, pois desde que adequadamente controlada, poderá fazer qualquer exercício ao mesmo nível do não-asmático. No entanto, se o pedido de aconselhamento coincidir com o iniciar da sua vida desportiva, deve-se encorajar a prática de certos desportos mais compatíveis, por serem mais bem tolerados e por isso proporcionarem melhor oportunidade de participação com sucesso, como é o caso da natação ou desportos de equipa.

Os desportos mais críticos para os asmáticos são as disciplinas de longa distância, com treinos contínuos e ao ar-livre ou frio, como o ciclismo e os desportos de Inverno, sendo a corrida de atletismo classicamente considerada a disciplina de maior risco. Mas de forma geral consegue-se um bom controlo. A prova é que existem numerosos atletas de elite, incluindo atletas olímpicos, que são asmáticos desde a infância (veja-se o exemplo da Rosa Mota no atletismo).

Deve estimular-se a prática de exercício físico em todas as crianças com asma porque está comprovado que isso melhora a sua função respiratória. Não devem menosprezar-se as manifestações de asma que possam surgir nesse contexto, como por exemplo a tosse, mas sim advertir o médico para a sua ocorrência, de forma a que possam ser tratadas de forma a permitir à criança que possa praticar todo o exercício que deseja.

Existem algumas situações de asma em que o único desencadeante é o esforço físico. Essas situações são conhecidas como asma de esforço.

A asma infantil é contagiosa?

A asma infantil não é contagiosa, ou seja, a doença não se “pega” ou não se transmite como ocorre, por exemplo, em algumas infeções respiratórias por vírus, bactérias, etc.

Existe uma componente genética na doença, ou seja, se o pai ou a mãe forem asmáticos. Veja mais informação em “hereditariedade na asma”.

Complicações na asma infantil

Nos países desenvolvidos como o nosso a mortalidade por asma infantil é muitíssimo baixa. Isso não quer dizer que não existam casos graves, que precisem mesmo de internamento hospitalar.

É importante perceber que as principais complicações da asma resultam de um controlo inadequado da doença, devido a falta de diagnóstico ou devido a tratamento inapropriado.

Quando não é instituído (ou quando os pais não cumprem) o tratamento preventivo que evita as crises de asma, as consequências para o aparelho respiratório podem ser irreversíveis, por alteração da arquitetura dos brônquios e com isso a criança perder para sempre parte da sua capacidade respiratória.

A asma infantil tem cura?

A asma infantil não tem cura, Porém, é muito importante ressalvar que enquanto está ativa é fundamental tratar eficazmente para evitar as complicações que falamos.

Evolução da asma infantil

Durante a infância, resumidamente, existem fundamentalmente dois tipos de asma:

  • A asma infantil (também designada sibilância ou broncoespasmo recorrente da primeira infância), que surge muito cedo, habitualmente nos primeiros 12 meses de vida; associa-se com tabagismo materno, prematuridade, convívio com irmãos mais velhos ou frequência de infantário, e habitualmente os sintomas iniciais são precedidos de uma infeção respiratória. É mais frequente no sexo masculino e, na maioria dos casos simplesmente desaparece com o avançar da idade.
  • A asma alérgica, habitualmente, apresenta-se em crianças um pouco maiores, associa-se a antecedentes de alergia (rinite, dermatite atópica, alergia alimentar) ou familiares com alergia. Na maior parte casos evolui para uma situação crónica nos anos seguintes. Pode “adormecer” na adolescência, mas tendencialmente voltarão a manifestar-se os sintomas em adulto.

Saiba, aqui, tudo sobre asma alérgica.

Tratamento da asma infantil

O tratamento da asma infantil é feito com base em 3 pilares fundamentais: controlo de exposições ambientais nocivas (tabaco, poluição, odores fortes), medicação e educação.

O tratamento medicamentoso (medicamento ou remédio) anti-asmático é atualmente muito eficaz, com várias opções disponíveis no mercado, e de grande segurança. O seu objetivo é preservar a normal função respiratória e evitar sintomas e limitações.

Utiliza-se sobretudo a formulação em inaladores (“bombas”) de dois tipos: terapêutica de manutenção (à base de anti-inflamatórios) para prevenir a ocorrência de sintomas e terapêutica de alívio (à base de broncodilatadores) para as situações de “crise asmática”. É importante pedir ao médico assistente para fazer um plano de ação escrito para saber como proceder perante um “ataque de asma”. Existem também os anti-leucotrienos de toma oral (em saquetas de granulado ou comprimidos mastigáveis) que em algumas crianças são muito eficazes.

Para a asma alérgica devem considerar-se também as vacinas para alergias como opção de modificar o curso da doença e ter eficácia sustentada a longo prazo sem necessidade de medicamentos.

Saiba, aqui, tudo sobre vacinas para alergias.

Medidas gerais e preventivas

Não existe nenhuma medida 100% eficaz para controlar as infeções por vírus. Há quem sugira atrasar a entrada de crianças com asma infantil no infantário, mas não se provou que esta medida impeça as infeções. A vacina da gripe demonstrou-se ser pouco eficaz neste contexto. Em algumas crianças, a administração de imuno-estimulantes pode ter interesse.

Se houver evidência de alergia, as medidas de evicção ambientais dos alergénios identificados (ácaros, fungos, pólen, epitélios de animais…) devem ser implementadas para prevenir exacerbações.

As medidas preventivas na maior parte dos casos não são suficientemente eficazes, por haver alguns desencadeantes ambientais muito difíceis de controlar, pelo que frequentemente é necessário iniciar medicação para evitar a progressão da doença, como já explicado.

Sabia, aqui, como prevenir as principais alergias:

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