A asma é uma doença que se caracteriza por uma obstrução das vias respiratórias, principalmente os brônquios - por isso também é conhecida como “asma brônquica” ou antigamente como “bronquite asmática”. A obstrução dos brônquios deve-se a dois fatores: contração (aperto) dos músculos que envolvem os brônquios, e inflamação da parede dos brônquios.
Nas pessoas com asma, os brônquios são mais sensíveis a diversos estímulos do que nas pessoas sem doença, onde não existe qualquer sintoma. É o caso do fumo do tabaco, os odores fortes (como detergentes ou ambientadores), o exercício físico e as alergias, etc…
Na asma alérgica o principal desencadeante da inflamação dos brônquios e dos sintomas de asma é a exposição aos alergénios relevantes para esse doente. Estes casos, também conhecidos como asma atópica são mais frequentes a partir dos 4 anos de idade até à adolescência. Os dois principais alergénios são: Alergia aos pólens e Alergia aos ácaros.
De entre as doenças respiratórias, a asma é a doença crónica mais prevalente nos países ocidentais.
Causas da asma alérgica
Existem outras causas para a asma, como por exemplo algumas substâncias presentes nos locais de trabalho – situações conhecidas como asma ocupacional ou asma laboral. Nestes casos, a asma não começa na infância, mas sim já durante a vida adulta, com a exposição repetida a estes agentes, e tipicamente os sintomas melhoram aos fins de semana e nas férias.
Um outro desencadeante muito frequente dos sintomas de asma é o exercício físico. Esta situação é conhecida como asma de esforço, quando este é o único estímulo a desencadear a asma. Porém, em muitas situações incluindo na asma alérgica, o exercício pode ser o primeiro desencadeante reconhecido, apesar de não ser o único.
Evolução da asma alérgica
A asma não tem por que ser igual em todas as idades. E nem por isso deixa de ser asma!
Desde os primeiros meses do bebé e até aos 3-4 anos de vida ocorrem predominantemente os casos de asma infantil, em que a inflamação brônquica é sobretudo devida às infeções por vírus (“viroses”), frequentes nestas idades. Há crianças mais predispostas a estas situações do que outras.
Posteriormente na infância, a partir dos 4 anos, e até ao final da adolescência a asma é tipicamente de causa alérgica (cerca de 80% dos casos).
A asma no adulto pode ou não ser de causa alérgica (a distribuição é aproximadamente 50%-50%), havendo também lugar a ponderar a ocorrência de casos de asma ocupacional, como já foi mencionado.
Nos idosos, a asma pode manter-se ativa vinda de idades mais jovens, mas não é frequente iniciar-se de novo a partir da sexta década de vida.
Sintomas na asma alérgica
Os sinais e sintomas de asma são sempre os mesmos, independentemente de se tratar de asma alérgica ou de outra causa. São típicas a tosse, a falta de ar e a pieira (“chiadeira ou “gatinhos” ao respirar), sendo frequente a exacerbação noturna.
Os sintomas são respiratórios e não é provável tratar-se de asma quando existem outras manifestações, como tonturas, etc.
Diagnóstico da asma alérgica
O diagnóstico de asma é clínico, ou seja, baseia-se na ocorrência de sinais e sintomas típicos, sobretudo se associados a outras doenças alérgicas.
Mas existem exames, como é o caso da espirometria, que são fundamentais para apoiar a hipótese diagnóstica quando se instalam os sintomas iniciais, e para fazer o seguimento ao longo do tempo e avaliar a evolução.
Saiba, aqui, o que é espirometria.
A asma alérgica é contagiosa?
Nenhum tipo de asma é contagiosa, seja alérgica ou de outra causa. Ou seja, a doença não se “pega” ou não é transmitida de pessoa para pessoa.
A asma alérgica tem uma componente genética e hereditária muito importante. A probabilidade de que uma criança tenha asma se um dos progenitores é asmático ronda os 25-50%, sendo mais alta se o progenitor asmático for a mãe. Se ambos pai e mãe são asmáticos sobe para 75% de probabilidade.
A herança familiar das alergias parece ser algo distinta da asma.
Saiba, aqui, tudo sobre alergias.
Complicações na asma alérgica
A asma não-controlada progride para fibrose e alteração estrutural das vias aéreas, que após algum tempo se torna irreversível. Além destas alterações progressivas ao longo do tempo, as crises intensas de asma podem necessitar de recurso às urgências e mesmo internamento, por vezes em unidades de cuidados intensivos. Se a procura de cuidados médicos não for atempada, a asma pode mesmo matar. Esta situação, felizmente, não é frequente hoje em dia devido às acessibilidades, cuidados médicos e tratamentos de que dispomos. Mas é importante frisar o papel muito relevante que o próprio doente tem neste processo, ao reconhecer os sintomas e procurar ajuda.
A classificação da gravidade não é necessariamente o melhor indicador de consequências problemáticas. Muitas vezes, as situações mais dramáticas ocorrem com asma ligeiras e não com as mais graves (porque, como referimos, nestes casos o doente até reconhece melhor o seu problema e as complicações, e é muito cumpridor da sua medicação).
A asma alérgica tem cura?
A asma é uma doença crónica e não tem cura. Mas existem múltiplas soluções de a manter controlada, permitindo ao doente levar uma vida normal.
Tratamento da asma alérgica
A asma alérgica, como qualquer outra doença crónica, requer um tratamento completo e não só baseado em medicação. O primeiro passo é a educação do doente e informação sobre a asma: em que consiste, quais as hipóteses de tratamento, o que fazer nas diferentes situações em que possa ter sintomas, quando procurar o médico, como gerir a terapêutica, e identificar quais os alergénios e de que forma se podem evitar.
O tratamento medicamentoso (medicamento ou remédio) da asma é feito maioritariamente com recurso a inaladores (“bombas”), que contêm broncodilatadores e anti-inflamatórios. As doses podem ser ajustadas ao longo do tempo, em função da evolução do doente, dos seus sintomas e dos resultados das provas de função respiratória.
Existe ainda a possibilidade de recurso às vacinas para alergias. Este tipo de tratamentos permite um excelente controlo da doença por vários anos, retirando a necessidade de medicamentos.
Saiba, aqui, tudo sobre vacinas para alergias.
Crises ou “ataque de asma”
Numa situação de asma agudizada, também conhecida por “ataque de asma” ou “crise asmática é fundamental reconhecer os sintomas e saber como agir. Nessas alturas, é importante o doente ter um plano de ação escrito onde esteja explicado o tratamento a fazer nestas situações.
Medidas gerais e preventivas
Evitar a exposição aos alergénios causadores da asma alérgica já se demonstrou ser benéfico. Estas medidas são diferentes consoante se trate de prevenir alergias a ácaros ou a pólens, ou a fungos, etc.
Para isso, é fundamental a consulta de Imunoalergologia, para identificar quais são as fontes de alergias relevantes para aquele doente e quais os conselhos para evitar a sua exposição no meio ambiente.
Sabia, aqui, como prevenir as principais alergias: