Hidrocelo

Hidrocelo

O que é um hidrocelo?

Um hidrocelo é uma das causas de tumefação (inchaço) do escroto (saco ou bolsa que contém os testículos) e que ocorre quando o fluido se acumula neste conjunto de tecidos que rodeia os testículos. O hidrocelo é comum em recém-nascidos e geralmente desaparece sem tratamento durante o primeiro ano de vida. Rapazes mais velhos e homens adultos podem também desenvolver este problema devido a inflamação ou lesão dentro do escroto.

Geralmente, o hidrocelo não é doloroso ou prejudicial, e não representa nenhuma ameaça aos testículos. No entanto, o hidrocelo pode ser a manifestação de problemas mais graves como infeções ou tumores, como veremos mais tarde neste artigo. Por isso, é importante procurar aconselhamento médico sempre que detetar algum inchaço na zona dos testículos.

Sinais e sintomas do hidrocelo

Normalmente, o único sinal visível num hidrocelo é a tumefeção (inchaço) indolor no testículo esquerdo ou direto, ou em ambos os testículos (hidrocelo bilateral).

Homens adultos com um hidrocelo podem sentir desconforto pelo peso acrescido de um escroto maior. A dor geralmente aumenta gradualmente com o tamanho do edema. Em alguns casos, a área “inchada” pode ser menor de manhã e maior no final do dia (hidrocelo comunicante), dependendo do tipo de hidrocelo presente. Veja mais informação em “tipos de hidrocelo”.

É extremamente importante procurar aconselhamento médico de urgência se o doente sentir uma dor súbita e aguda no escroto, pois pode indicar complicações muito graves ou outras patologias associadas como a torção testicular (bloqueio do fornecimento de sangue ao testículo).

Causas do hidrocelo

Um hidrocelo pode desenvolver-se antes do bebé nascer, designando-se neste caso por hidrocelo congénito. Normalmente, no final da gravidez, os testículos descem da cavidade abdominal do bebé em desenvolvimento para o escroto.

O escroto é uma espécie de “saco” de tecido que acompanha os testículos, permitindo que o fluido rodeie os mesmos. Geralmente, este saco fecha no canal inguinal e o fluido é absorvido durante o primeiro ano de vida. Estes “sacos” podem mudar de tamanho e se a área escrotal for comprimida, o fluido pode voltar para o abdómen. Veja mais informação em “Complicações do hidrocelo”.

Os hidrocelos também se podem formar mais tarde na vida, designando-se neste caso por hidrocelo adquirido, principalmente em homens com mais de 40 anos. Isso ocorre, geralmente, se o canal através do qual os testículos descem, não fecha completamente e o fluido entra na área escrotal.

O hidrocelo também pode ser provocado por uma inflamação ou lesão no testículo (por exemplo um tumor). A inflamação pode ser causada por uma infeção (epididimite) ou outra patologia. Este problema também é mais frequente nos homens que foram previamente submetidos a cirurgia de correção de hérnia inguinal.

Tipos de hidrocelo

Existem dois tipos principais de hidrocelo que diferem na maneira como o fluido se acumula no escroto, a saber:

Hidrocelo comunicante

Um hidrocelo comunicante ocorre quando a pele do escroto à volta do canal onde os testículos descem (canal inguinal), não fecha completamente, permitindo que o fluido proveniente do abdómen entre dentro do escroto.

Neste tipo de hidrocelo, o edema escrotal pode mudar de tamanho durante o dia.

Hidrocelo simples ou não comunicante

Um hidrocelo não comunicante ocorre quando o canal inguinal fecha, e o organismo não é capaz de absorver o fluido extra que permanece na área escrotal.

Este tipo de hidrocelo, geralmente, permanece do mesmo tamanho ou, em alguns casos, aumenta muito lentamente.

Diagnóstico do hidrocelo

O diagnóstico do hidrocelo é realizado por um médico urologista (especialista em urologia) ou, em casos do edema em recém-nascidos, por um médico pediatra (especialista em pediatria).

Numa fase inicial, o diagnóstico é realizado através da história clínica do doente e do exame físico para avaliar o estado do edema.

Podem também ser recomendados outros meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), de modo a avaliar mais rigorosamente o estado do hidrocelo, a saber:

  • Análises ao sangue e urina na suspeita de infeção (como epididimite);
  • Exames de imagem como uma ecografia escrotal;
  • Entre outros.

Saiba, aqui, o que é uma ecografia escrotal.

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Complicações do hidrocelo

Um hidrocelo normalmente não é perigoso, no entanto, casos graves podem estar associados a patologias testiculares subjacentes que podem causar complicações graves, a saber:

  • Infeção ou tumor - Este tipo de problemas ao nível dos testículos pode afetar a fertilidade ao reduzir a produção de espermatozoides e a sua função;
  • Hérnia inguinal - Uma pequena parte do intestino pode inflamar devido a algum ponto fraco na parede abdominal, o que pode levar a complicações fatais.
  • Outros.

Saiba, aqui, o que é uma hérnia inguinal.

O hidrocelo tem cura?

Frequentemente, na idade pediátrica, o hidrocelo desaparece sem tratamento. No entanto, tal não sucede habitualmente em adultos pois o organismo não consegue absorver o líquido à volta dos testículos.

Assim, caso este seja incómodo, deverá ser tratado cirurgicamente para resolver a situação, evitando desconforto e o risco de complicações.

Tratamento do hidrocelo

É preciso ressaltar que a presença de uma tumefação (inchaço) escrotal deve ser sempre avaliada medicamente, mesmo que não dê sintomas significativos, pois pode estar relacionado com doenças graves que possam estar subjacentes.

Após avaliar e concluir que nenhuma dessas doenças graves existe, o tratamento do hidrocelo vai depender das suas dimensões e do grau de desconforto que provoca.

Assim, hidrocelos pequenos e que não dão dor nem desconforto poderão não ter que ser tratados. Já os hidrocelos mais volumoso ou que provoquem dor, desconforto, uma sensação de peso ou dano estético devem ser submetidos a tratamento.

O tratamento de um hidrocelo começa, geralmente, por uma pequena cirurgia de remoção do líquido extra em torno dos testículos, a saber:

Cirurgia no hidrocelo

A cirurgia para remover um hidrocelo é realizada através de um pequeno corte que é feito no abdómen ou diretamente no escroto (dependendo da localização do hidrocelo). O fluido é então drenado com os instrumentos cirúrgicos apropriados, e são realizadas suturas internas que permitem evitar que o fluído volte a ser produzido.

Este procedimento é uma operação pouco invasiva e, geralmente, não requer internamento (ou internamento de apenas uma noite). Dependendo da localização e do tamanho do hidrocelo, pode também ser necessário aplicar um tubo de drenagem durante alguns dias.

O hidrocelo pode voltar a surgir após a cirurgia, contudo, estes casos são muito raros.

Trata-se de uma cirurgia segura, mas à semelhança de qualquer tipo de intervenção não é isenta de complicações. Alguns dos possíveis riscos associados a este procedimento são:

  • Formação de coágulos sanguíneos ou sangramento excessivo;
  • Lesão escrotal, incluindo lesão de algum nervo da área da operação;
  • Infeção na zona da cirurgia;
  • Etc.

Drenagem

Uma opção no tratamento do hidrocelo é a drenagem com uma agulha, inserida no escroto para extrair o fluido.

Esta não é, geralmente, uma opção recomendada. Em primeiro lugar porque não é eficaz, pois na maioria das vezes o fluído volta a acumular-se no espaço de poucas semanas. Em segundo lugar, pois pode dar origem a fibrose (cicatrizes) no local das picadas, dificultando o procedimento de correção posterior.

Prevenção do hidrocelo

Não há forma de prevenir e evitar que um bebé desenvolva um hidrocelo durante a gestação.

Apesar de não serem conhecidas completamente muitas das causas dos hidrocelos adquiridos, sabe-se que um fator de risco importante são as lesões traumáticas, podendo estes ser prevenidos.

Assim, homens adolescentes e adultos, podem tentar evitar a acumulação de líquido ao manter os testículos e escroto livres de lesões. Por exemplo, se praticar desportos coletivos de contacto, utilize uma coquilha de proteção. Os ciclistas são outro exemplo de desportistas, devendo ter cuidado com a proteção adequada do escroto.

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