Cancro do Pénis

Cancro do pénis

O que é o cancro do pénis?

O cancro é um crescimento anormal de células cancerígenas (tumor) na pele ou no tecido de algum órgão. Quando este crescimento ocorre no pénis, é chamado de cancro no pénis ou cancro peniano.

Esta forma de cancro é rara e, geralmente, não afeta todo o pénis. No entanto, em casos mais graves, o cancro pode eventualmente metastizar (espalhar-se) para outros órgãos. Na maioria dos casos, o tumor propaga-se primeiro para os gânglios linfáticos na virilha (região inguinal) e, de seguida, para os gânglios linfáticos pélvicos no abdómen, chamada de propagação regional (por se instalar perto do tumor original). Depois disso, novos tumores podem formar-se nos pulmões, ossos, pele ou outros órgãos. Este é o padrão habitual de propagação, todavia, pode haver exceções.

Sinais e sintomas do cancro do pénis

O cancro do pénis, geralmente, aparece como uma pequena erupção cutânea ou uma ferida que não cura na pele deste órgão.

À medida que a doença vai progredindo, outros sinais e sintomas também se vão desenvolvendo, a saber:

  • Alterações na espessura ou cor da pele do pénis;
  • Borbulhas ou pequenos edemas (inchaços) na área;
  • Pequenos crescimentos acastanhados;
  • Um pequeno “caroço” no pénis;
  • Alguma substância com mau odor debaixo do prepúcio (camada de pele que cobre a glande do pénis);
  • Uma ferida ou hemorragia no órgão;
  • Edema (inchaço) na ponta do pénis;
  • Nódulos sob a pele da virilha;
  • Prurido (comichão);
  • Sensação de ardência na zona afetada;
  • Entre outros.

Existe também um grupo diferente de sinais e sintomas a ter atenção, pois podem indiciar a existência de cancro do pénis numa fase mais avançada, a saber:

  • Fadiga inexplicável;
  • Perda de peso;
  • Dor óssea (nos ossos);
  • Dor no abdómen (barriga);
  • Outros.

Causas do cancro do pénis

A causa exata do cancro do pénis não é conhecida, no entanto, sabemos que existem inúmeros fatores de risco capazes de provocar o desenvolvimento de um tumor peniano, tais como:

  • Fimose: ter um prepúcio apertado (fimose) que não pode ser puxado para trás, de modo a limpar bem a área, pode aumentar o risco de desenvolvimento do cancro do pénis.
  • Infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV);
  • Líquen escleroso: esta inflamação do pénis só afeta os homens com prepúcio;
  • Irritação ou inflamação do pénis durante muito tempo;
  • Tratamento de uma lesão cutânea grave usando quimioterapia ou luz ultravioleta;
  • Ser fumador(tabagismo);
  • Idade: o cancro no pénis afeta frequentemente, homens com mais de 60 anos de idade;
  • Entre outros.

Saiba, aqui, o que é fimose.

É importante realçar que homens que tiveram o prepúcio removido cirurgicamente (circuncisão) na infância têm um risco mais baixo de desenvolver o cancro do pénis. A circuncisão impede a fimose e a esclerose do líquen e torna os homens menos propícios a contrair HPV.

Saiba, aqui, o que é circuncisão.

Tipos de cancro do pénis

Existem vários tipos de cancro do pénis, que diferem no tipo de célula que se desenvolveu incorretamente, a saber:

  • Carcinoma espinocelular: este tumor tem origem nas células escamosas da pele, geralmente do prepúcio;
  • Sarcoma: estes tumores formam-se em tecidos como vasos sanguíneos, músculos e gordura;
  • Melanoma: tumores que começam nas células que dão a cor da pele (melanócitos).
  • Carcinoma basocelular: tumores que começam profundamente na pele (células basais). Estes crescem lentamente e não são suscetíveis de se espalhar para outras áreas do organismo.

Diagnóstico do cancro do pénis

O diagnóstico do cancro do pénis é realizado, habitualmente, por um médico especialista em urologia (urologista), embora também possa ser realizado por um médico especialista em dermatologia (dermatologista). Este diagnóstico é realizado, inicialmente, através da história clínica do doente e de um exame físico.

Numa fase posterior, o médico especialista pode também recorrer a algum dos seguintes meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), de modo a diagnosticar conclusivamente o cancro do pénis:

  • Exames de imagem, como uma radiografia, um TC ou TAC, uma ultrassonografia (ecografia) ou ressonância magnética podem ser utilizados para analisar em mais detalhe tumores e avaliar outros sinais na suspeita de metástases;
  • Biópsia: A biópsia consiste na remoção de uma amostra de tecido da zona afetada do pénis. Esta amostra é enviada para laboratório de anatomia patológica para ser analisada;
  • Entre outros
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Estadiamento do cancro do pénis

Após a realização destes exames e uma análise e avaliação detalhada dos mesmos, é possível classificar o tumor existente em vários estádios.

O sistema de estadiamento TNM é o mais utilizado, onde:

  • T representa o tumor principal (primário): quão longe cresceu dentro do pénis ou órgãos próximos;
  • N representa a propagação para os gânglios linfáticos próximos;
  • M representa as metástases (propagação) para outros órgãos.

As células cancerígenas também recebem um "grau". O grau é frequentemente um número, de 1 a 3. Grosso modo, podemos afirmar que quanto maior o número, mais anormais são as células e mais grave é a situação. Os cancros de grau superior tendem a crescer e a propagar-se mais rapidamente do que os cancros de grau inferior.

O cancro do pénis tem cura?

Dependendo da gravidade do tumor, o cancro do pénis possui um prognóstico variável. Quando detetado em estágios iniciais, o tratamento, geralmente, é mais simples e a doença é mais facilmente resolvida.

No entanto, casos mais graves, requerem um tratamento mais complexo e com um prognóstico mais reservado. É importante realçar que a progressão do cancro do pénis pode ser muito rápida e agressiva, pelo que é extremamente importante procurar aconselhamento médico imediatamente após detetar algo suspeito no pénis, de modo a efetuar um diagnóstico atempadamente e evitar a progressão da doença.

Tratamento do cancro do pénis

O tratamento do cancro do pénis envolve a remoção do tumor primário e eventualmente dos gânglios linfáticos e de outros tumores que se possam ter desenvolvido. O tipo de tratamento depende de quão profundo o tumor está inserido no tecido do pénis e se existem metástases no organismo, a saber:

Tratamento de tumores superficiais

Existem várias opções para tratar tumores numa fase superficial, nomeadamente:

  • Pomadas para colocar na pele afetada que podem incluir medicamentos (remédios) para tratar o cancro, caso do imiquimod e do 5-FU.
  • Circuncisão, no caso do tumor estar limitado ao prepúcio;
  • Terapia a laser para remover a pele afetada;
  • Crioterapia para congelar e remover as células cancerígenas;
  • Entre outros.

Tratamento de tumores profundos

Tumores mais profundos são tratados principalmente com recurso a:

Cirurgia (operação)

Consite na remoção de parte do pénis onde o tumor está a crescer que pode ser:

  • Remoção parcial do pénis (penectomia parcial);
  • Remoção de todo o pénis (penectomia total). Se o pénis for removido na totalidade, uma abertura nova deve ser criada cirurgicamente para transportar a urina para fora do corpo. Esta abertura é, geralmente, colocada no períneo, ou seja, no espaço entre o escroto e o ânus.

Tratamento dos gânglios linfáticos inguinais (virilhas)

Uma vez que estes gânglios são os primeiros a receber as metástases quando há disseminação do cancro do pénis, é necessária especial atenção a esta área. Há dois procedimentos principais que podem ser utilizados neste âmbito:

  • Linfadenectomia inguinal – para remoção dos gânglios linfáticos da região inguinal, podendo ser realizada por via aberta ou vídeo-assistida (através de uma câmara e pequenos orifícios);
  • Pesquisa do gânglio sentinela – neste procedimento procura identificar-se e enviar para análise, o primeiro gânglio da região inguinal que recebe a drenagem linfática do pénis. Se este gânglio não estiver invadido pelo tumor, não é necessário retirar os restantes, mas se estiver será necessária uma excisão mais ampla.

Tratamento de tumores metastizados

  • Quimioterapia - para ajudar a diminuir o tumor, quer antes da cirurgia dos gânglios linfáticos quando o tumor é muito volumoso, quer nos casos em que o tumor afeta mais territórios;
  • Radioterapia - geralmente usada com intuito paliativo, para redução dos sintomas, nos cancros em que o cancro se disseminou para gânglios linfáticos ou outros órgãos;
  • Outros.
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