Braquiterapia da próstata

Braquiterapia da próstata

O que é braquiterapia da próstata?

A braquiterapia da próstata é um tratamento usado no cancro da próstata localizado, ou seja, nos estádios iniciais do tumor, quer seja de risco baixo ou intermédio.

A braquiterapia não está indicada no cancro da próstata de alto risco (Gleason 8 ou superior) ou localmente avançado, devendo nestes casos serem equacionados outros tratamentos. Veja mais informação em “outros tratamentos no cancro da próstata”.

A braquiterapia é um procedimento praticado no bloco operatório ou em sala adequada com condições assépticas. Trata-se de uma técnica minimamente invasiva e como tal necessita de um internamento curto, normalmente, inferior a 24h, e com algaliação de apenas algumas horas.

É um procedimento terapêutico que apresenta baixo risco de surgimento de efeitos secundários, como é o caso da incontinência urinária ou disfunção eréctil.

Vantagens / indicações da braquiterapia da próstata

Quando se efetua o diagnóstico deste tipo de cancro, deve-se também avaliar, desde logo, o seu estadiamento, que é conseguido através da avaliação de vários factores obtidos a partir da realização de um exame objetivo (toque retal), de estudos imagiológicos e de medicina nuclear. Com o auxílio destes exames, o médico urologista conseguirá localizar com rigor e precisão o cancro dentro da próstata, a sua extensão e se já se metastizou (se espalhou para outras partes do corpo).

Existem diferentes tipos de neoplasias malignas (cancros) da próstata, sendo que algumas não necessitam de estadiamento com estudos radiológicos ou de medicina nuclear. Nos casos de baixo risco, o estadiamento local por via de toque retal pode ser suficiente.

Os exames existentes para o diagnóstico deste tipo de cancro são vastos, todavia, aqueles que são comummente mais utilizados no estadiamento são a tomografia computorizada (TC) da próstata, a ressonância magnética (RM) da próstata e a cintigrafia óssea.

A biópsia da próstata permite-nos, através de uma agulha guiada por imagem, recolher uma amostra das células do tumor para serem analisadas em laboratório de anatomia patológica e assim caracterizar o tipo de tumor.

Saiba, aqui, tudo sobre biópsia da próstata.

Assim, após estadiamento, a braquiterapia da próstata está indicada nos casos em que o tumor está localizado à próstata (estádios iniciais do tumor), não existindo metástases, e caso o tumor seja de risco baixo ou intermédio.

Em virtude das suas características, esta cirurgia deverá ser indicada apenas em homens com boa função urinária prévia, visto que os doentes que apresentam sintomas urinários de esvaziamento significativos podem sentir um agravamento da sua sintomatologia.

Principais desvantagens da braquiterapia da próstata

A realização da braquiterapia da próstata apresenta algumas desvantagens quando efetuada em determinados pacientes, designadamente, nas seguintes situações:

  • Não está indicada para todo o tipo de casos:
    • Cancro da próstata de alto risco (Gleason 8 ou superior) ou localmente avançado;
    • Próstata muito volumosa (>50-60 cc);
    • Doentes com sintomas urinários significativos;
  • Pode levar ao aparecimento de sintomas como o aumento da frequência urinária, jacto fraco ou ardor ao urinar, em especial no primeiro ano após a cirurgia.

Saiba, aqui, tudo sobre estadiamento do cancro da próstata.

Preparação para a braquiterapia da próstata

A braquiterapia é um procedimento que não requer nenhuma preparação especial, no entanto, ingerir uma maior quantidade de água, evitar alimentos que aumentem o bolo fecal e obstipação (grãos, folhas e alimentos integrais ou gordurosos) e bebidas gaseificadas são recomendações que deverá seguir.

No dia da cirurgia, o doente será sujeito a uma tricotomia (remoção dos pelos na área do períneo) e a uma limpeza intestinal com a aplicação de um clister.

Antes do início do procedimento, será colocado um catéter vesical (algália) que será removido algumas horas depois.

Como é feita a braquiterapia da próstata?

Trata-se de um procedimento minimamente invasivo que consiste na introdução de implantes radiativos (“sementes”) no interior da próstata, que irão emitir radiação visando a destruição das células tumorais. É, portanto, uma técnica de radioterapia interna. Existem dois tipos de braquiterapia: braquiterapia de baixa dose (LDR) e braquiterapia de alta dose (HDR).

É um procedimento realizado sob anestesia geral ou raquianestesia. Durante o procedimento, o cirurgião socorre-se de um sistema computorizado que define o melhor local para colocação dos implantes. Estes são instalados utilizando pequenas agulhas, pelo que não é necessário qualquer tipo de incisão cirúrgica, sendo por isso, como referido anteriormente, um tratamento minimamente invasivo.

Um procedimento de braquiterapia costuma ter uma duração de cerca de 1 hora. Por sua vez, a recuperação da anestesia pode estender-se até 4 ou 5 horas.

As sementes implantadas vão permanecer ativas durante alguns meses após a implantação, findos os quais as sementes deverão ficar totalmente inativas, não sendo necessária a sua remoção.

Como é a recuperação após a cirurgia?

A recuperação após a braquiterapia ocorre de forma relativamente rápida. O paciente, após um internamento curto, geralmente inferior a 24 horas, terá alta para o seu domicílio, já sem catéter vesical (algália). Nos dias seguintes, poderá prosseguir gradualmente com a sua atividade normal, devendo, no entanto, evitar esforços físicos intensos durante 1 a 2 semanas.

Apesar de a probabilidade de surgimento de efeitos secundários significativos ser baixa, em determinados doentes, a realização da braquiterapia pode conduzir ao aparecimento de alguns sintomas como por exemplo, o aumento da frequência urinária, jacto fraco ou ardor ao urinar. São, habitualmente, sintomas passageiros, visto que tendem a desaparecer ao longo do tempo, sendo raros após um ano decorrido da cirurgia.

O médico urologista esclarecerá o doente e dará indicações que deverão ser seguidas com exatidão, e que juntamente com a medicação específica que lhe será prescrita, serão fundamentais para o controlo dos sintomas e sucesso do procedimento.

A que sintomas devo estar atento após a braquiterapia?

Existem sintomas aos quais deverá estar atento, pois, ainda que raros, podem surgir como por exemplo, a incapacidade de urinar, presença de muito sangue na urina (hematúria), desconforto grave no períneo ou febre, uma vez que podem indiciar a existência de alguma complicação, exigindo observação médica a curto prazo.

Consultas de seguimento na braquiterapia

Deverá consultar novamente o seu médico urologista ao fim de 3 a 4 semanas após o procedimento com o objetivo principal de avaliar a sua recuperação e a existência e tratamento de eventuais efeitos secundários que possam ter surgido entretanto.

Nas consultas posteriores, com periodicidade ajustada a cada caso, continuará a vigilância imagiológica, bem como avaliação dos valores de PSA, que permitirão ao médico acompanhar a evolução da atividade da doença.

Clínica de Urologia

Outros tratamentos no cancro da próstata

Para além da braquiterapia, existem outras opções terapêuticas no cancro da próstata.

A prostatectomia radical (cirurgia para remoção da próstata) é um dos procedimentos cirúrgicos recomendados em diversos casos.

Saiba, aqui, tudo sobre prostatectomia radical.

A radioterapia externa utiliza energia de raios de alta energia para eliminar ou retardar o crescimento das células cancerígenas.

A vigilância ativa é uma das formas de abordar o cancro da próstata de baixo risco. Neste caso, opta-se por não realizar de imediato qualquer tratamento, e continua a acompanhar-se de forma muito próxima a evolução do doente - com avaliação seriada do PSA, ressonância magnética e/ou novas biópsias. Assim, só em caso de progressão é que se avança para um dos tratamentos curativos descritos acima (prostatectomia radical, radioterapia externa ou braquiterapia).

A terapia hormonal clássica (bloqueio hormonal ou terapia de privação androgénica) é outro método terapêutico que usa drogas para bloquear ou reduzir a testosterona e outras hormonas sexuais masculinas. Contudo, ao contrário da maioria dos anteriores, não é curativo, não sendo recomendada no cancro da próstata localizado.

A quimioterapia, bem como a terapia hormonal de nova geração, podem ser usadas em estádios avançados da doença, ou seja, se o cancro metastizou (espalhou-se) para outros órgãos ou tecidos.

Saiba, aqui, tudo sobre tratamento do cancro da próstata.

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