Vasectomia

Fotos, imagens de vasectomia

O que é vasectomia?

 A vasectomia é um procedimento cirúrgico realizado em ambulatório que visa a contraceção masculina de uma forma segura, ou seja, impede que uma gravidez ocorra numa relação sexual normal, mesmo com uma ejaculação natural dentro da vagina.

Trata-se de um método de contraceção masculina bastante eficaz (perto dos 100%, como veremos), duradouro e relativamente fácil de levar a cabo, desde que seja realizado por médicos urologistas experientes na técnica cirúrgica.

A cirurgia tem como objetivo o bloqueio dos canais por onde passam os espermatozoides, por forma a impedir que estes se unam aos restantes elementos do sémen. Através de um pequeno corte de cada lado (bilateral) da bolsa escrotal, os ductos deferentes são cortados e bloqueados.

Nas relações sexuais, a ejaculação permanece e o sémen conserva a maior parte das suas características, mas como não possui espermatozoides viáveis (azoospermia) inviabiliza a hipótese de gravidez. Ou seja, após o orgasmo masculino é expelido sémen, mas os espermatozoides não são expelidos durante a ejaculação. Após uma vasectomia, os testículos ainda produzem espermatozoides, mas estes não circulam no canal (porque está bloqueado), sendo progressivamente absorvidos pelo organismo. Veja mais informação em “Como é feita a vasectomia”.

A vasectomia é um método contracetivo, impedindo uma gravidez não desejada, porém não protege contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Veja mais informação em “Outros métodos contracetivos”.

Qual a eficácia da vasectomia?

A vasectomia é dos métodos mais eficazes na prevenção da gravidez, com taxas de sucesso superiores a 99% dos casos. Quando comparado com outros métodos, a vasectomia é muito segura, todavia à semelhança dos demais não é infalível (risco de falência até 0,05%).

A vasectomia não gera infertilidade imediata. É necessário aguardar 2 meses e 20 a 30 ejaculações para “eliminar” os espermatozoides que ainda estão viáveis no restante trajeto seminal.

Tem de ser certificada a ausência de espermatozoides com um exame, denominado espermograma antes de ter relações desprotegidas. Este exame, deve ser executado aproximadamente 2 meses após o procedimento. Durante este período deve manter outro método anticoncecional.

Clínica de Urologia

Vantagens e desvantagens da vasectomia

A reversibilidade da vasectomia com ou sem recurso a técnicas de reprodução médica assistida, embora teoricamente possíveis, não oferece sucesso garantido, pelo que a vasectomia deve ser ponderada como um método definitivo. A vasectomia constitui uma boa opção no planeamento familiar do casal que já não deseja ter mais filhos e permite “libertar” a mulher da responsabilidade da anticonceção.

Note que a vasectomia possui a vantagem de ser um método definitivo e com grande grau de eficácia, no entanto, apesar de muito seguro ao evitar uma gravidez indesejada, não impede, como o preservativo, a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DST). O preservativo (método barreira) é uma alternativa como método contracetivo masculino quando existe preocupação com as DST, principalmente em caso de existência de várias parceiras sexuais. No entanto, os preservativos possuem clara desvantagem em termos de comodidade, podendo interferir com a plena satisfação sexual. O uso prolongado de preservativos necessita sempre de especial cuidado para ser seguro e acarreta custos que se prolongam no tempo.

A vasectomia é uma cirurgia que pode ser executada em ambulatório (o doente volta para casa no mesmo dia) e com anestesia local. Apresenta uma alta taxa de eficácia e uma baixa percentagem de complicações. Apresenta-se a longo prazo como o método mais económico de contraceção e uma opção mais simples e segura em comparação com a esterilização feminina. Outra das vantagens da vasectomia prende-se com a sua eficácia uma vez que não está dependente de outros fatores como no caso do preservativo e da pilula, facilitando um regresso à espontaneidade da relação sexual.

Como alternativa aos métodos masculinos, existem os métodos contracetivos femininos que são amplamente utilizados. Contudo, estes implicam confiança que a parceira os utilize de forma responsável para serem eficazes. Veja mais informação em “Outros métodos contracetivos”.

Saiba, aqui, tudo sobre métodos contracetivos.

A maioria dos homens que optou pela vasectomia não se mostra arrependida a longo prazo dizendo, em alguns casos, que a ausência do receio permanente de engravidar a parceira pode reforçar o relacionamento e tornar a intimidade mais agradável para os dois.

Ao contrário da pilula e de outros métodos contracetivos usados pelas mulheres, a vasectomia não interfere nos níveis hormonais, no desejo sexual ou na dinâmica da relação sexual, com escassas consequências a longo prazo para a saúde do homem.

Idade do homem e vasectomia

Geralmente, qualquer homem que não deseje ter filhos tem indicação e pode tomar esta decisão de forma informada e submeter-se a uma vasectomia. As contraindicações relativas são a idade jovem do homem, ausência de filhos, ausência de relacionamento afetivo atual e/ou estável e dor escrotal. A escolha do método contracetivo deverá ser partilhada pelo casal.

Uma das principais consequências que deve ser acautelada na vasectomia é o “arrependimento” e querer voltar a ter filhos, podendo ser este fator muito importante na vida do homem. Neste sentido, os homens mais jovens devem ponderar demoradamente a realização da cirurgia. A partir de determinada idade o homem terá seguramente mais certezas sobre o seu futuro para se submeter, com mais confiança, à vasectomia.

Ainda que nos países desenvolvidos se trate de um método de contraceção cada vez mais usado, em Portugal o número de homens que recorrem a esta técnica mantem-se relativamente baixo. Todos os anos, mais de 500.000 homens nos EUA optam pela vasectomia para controle de natalidade.

Como é feita a vasectomia?

A vasectomia é efetuada em ambulatório (sem internamento), em contexto hospitalar e, na maioria dos casos, só é utilizada anestesia local. O anestésico é injetado para não se sentir dor, mantendo-se, porém, a sensação do toque, tensão e movimento.

A atividade sexual deverá apenas ser prosseguida assim que o homem se sinta confortável para tal. Nas primeiras 8 a 12 semanas após a vasectomia é indispensável o uso de outro método contracetivo, pois pode demorar esse período de tempo até “limpar” os restantes espermatozoides dos tubos (canais deferentes). Somente após ser realizada a análise ao esperma (espermograma) se pode assegurar que já não existem espermatozoides funcionais.

É possível reverter uma vasectomia?

A reversão da vasectomia é possível de ser tentada cirurgicamente, no entanto, a sua taxa de sucesso é bastante baixa. Ou seja, existem métodos para reverter a vasectomia (voltar a permeabilizar o canal) ou para engravidar a parceira por meio de técnicas de procriação medicamente assistida (ex. colheita de espermatozoides dos testículos ou criopreservação de espermatozoides). Apesar disto, a vasectomia deve ser ponderada como um método definitivo e irreversível.

A reversão microcirúrgica é realizada com recurso a um microscópio e costuma durar 2 a 3 horas. É um procedimento minucioso, pretendendo-se efetuar a reconexão das pontas dos ductos deferentes. As taxas de sucesso são maiores quanto menor for o intervalo de tempo entre a vasectomia e a tentativa de reversão. Por exemplo, homens que já foram vasectomizados há mais de 10 anos apresentam menores taxas de sucesso que homens submetidos recentemente à cirurgia.

Existe ainda a hipótese de usarmos técnicas de procriação medicamente assistida (PMA), onde os espermatozoides podem ser aspirados diretamente dos testículos e postos em contacto com o óvulo para a fecundação.

Saiba, aqui, tudo sobre PMA.

Riscos e complicações da cirurgia

Não existem procedimentos médicos e/ou cirúrgicos sem riscos, porém as complicações após uma vasectomia são raras. À semelhança do que acontece em qualquer cirurgia, existe um pequeno risco de sangramento ou infeção, que geralmente resolve após repouso, gelo ou antibioterapia.

Muito raramente, o hematoma escrotal com aumento significativo do volume e a infeção com necessidade de reavaliação médica podem ocorrer. Existe risco de dor escrotal prolongada que afeta a qualidade de vida do homem (muito raro) por epididimite congestiva ou granuloma espermático.

Os estudos indicam que homens que realizaram a vasectomia não mostram maior risco de doenças cardíacas, cancro de próstata, cancro de testículo ou outros problemas de saúde.

Pós-operatório na vasectomia

Genericamente, recomenda-se repouso nos primeiros dias após a cirurgia. Descanso temporário para atividades físicas moderadas e intensas, sendo possível o regresso ao trabalho ao final de 2 a 3 dias, caso não haja desconforto significativo.

Nos primeiros dias de pós-operatório pode ocorrer dor, edema e equimose locais. Alguma “tensão e sensibilidade” ou dores testiculares também podem suceder, aconselhando-se evitar no período de recuperação ejaculações nos primeiros 7 a 10 dias e aplicação de gelo. A presença de dor testicular pode surgir após a cirurgia e manter-se no tempo. Não está ainda bem desvendada a causa desta dor prolongada, mas geralmente é tratada e bem tolerada com analgesia e anti-inflamatórios sem efeitos colaterais de registo.

Devem ser tomadas as seguintes precauções:

  • Repouso por pelo menos 48 horas;
  • Evitar atividades físicas nos primeiros 7 dias;
  • Manter a incisão seca e limpa;
  • Evitar relações sexuais nos primeiros dias;
  • Manter os métodos anticoncecionais até que um espermograma seja feito para certificar o sucesso da operação.

Vasectomia e disfunção erétil

A vasectomia não provoca disfunção eréctil ou alteração da “potência sexual masculina” pois não está relacionada em nada com os mecanismos da erecção, nem tao pouco altera ou diminui a testosterona.

Bem pelo contrário, a maior parte dos casais cujo o homem se submeteu a circuncisão relatam melhoras significativas da sua atividade sexual, em termos de espontaneidade, intimidade e número de relações sexuais por mês. Este facto poderá provavelmente dever-se a um aumento da libido e do prazer sexual nas mulheres quando estas deixam de tomar os contracetivos orais.

Saiba, aqui, tudo sobre disfunção eréctil.

A eficácia da vasectomia mantém-se?

Como vimos, anteriormente, a vasectomia é considerada um método definitivo apesar de poder ser tentada cirurgicamente a sua reversão.

Com o decorrer dos anos a eficácia do método mantém-se inalterada. Contudo, embora muito raro (cerca de 0,5% dos casos) este método pode falhar com o decorrer do tempo, já que alguns homens revertem naturalmente e de forma espontânea o fluxo de espermatozoides pelos ductos deferentes.

Há forma de confirmar a eficácia?

É possível confirmar, em qualquer altura, a eficácia através de um espermograma. Este exame é de fácil execução e permite aferir se existem espermatozoides presentes no sémen.

Após vasectomia, os métodos de contraceção devem ser conservados até que um exame de espermograma assegure a ausência completa de espermatozoides no líquido seminal ejaculado.

O exame será solicitado 60 a 90 dias após a vasectomia e após 20 a 30 ejaculações. Em caso de dúvidas, deve procurar o seu médico urologista.

Quanto custa uma vasectomia?

O preço de uma vasectomia, se realizada a título particular num hospital privado, pode oscilar de acordo com a clínica que a realiza, não sendo, no entanto, uma intervenção onerosa. A longo prazo os estudos documentam que este é um dos métodos mais baratos de contraceção, ultrapassando inclusivamente a pilula ou o preservativo.

No hospital público (Serviço Nacional de Saúde - SNS) a cirurgia pode ser realizada na maior parte dos Centros Hospitalares, embora tenha algum tempo de espera dado não ser considerada uma cirurgia prioritária.

Outros métodos contracetivos

De acordo com estudos da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Contraceção, uma larga maioria das mulheres sexualmente ativas com idades entre os 15 e os 49 anos recorrem a métodos contracetivos. A contraceção hormonal combinada (conhecida como “pílula” na sua forma oral) é o meio mais frequentemente usado pelas mulheres.

Os métodos contracetivos femininos mais comumente utilizados são:

  1. Contraceção hormonal combinada (conhecida como “pílula” na sua forma oral);
  2. Contraceção progestativa;
  3. Dispositivo intra-uterino (DIU);
  4. Método de barreira;
  5. Métodos naturais;
  6. Esterilização.

Saiba, aqui, tudo sobre métodos contracetivos.

Todavia, a contraceção não tem forçosamente de ser uma opção da quase exclusiva responsabilidade da mulher, uma vez que existem diversos meios contracetivos masculinos como seja o preservativo (método barreira) ou a vasectomia que discutimos amplamente ao longo deste texto

O êxito da escolha de um método contracetivo vai depender de decisão informada e voluntária sobre a eficácia, custos, segurança, efeitos secundários e reversibilidade dos métodos disponíveis.

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