Fratura do escafóide

Fratura (osso partido) do escafóide

O que é a fratura do escafóide?

O escafóide é um dos 8 ossos do carpo que constituem o punho, vulgarmente designado de “pulso”. Trata-se de um osso muito complexo, que permite a harmoniosa e normal mobilização do punho e da mão.

A fratura do escafóide é bastante frequente quando existe um traumatismo da região do punho. O escafóide é o osso do carpo que mais frequentemente sofre fraturas. Trata-se de um osso com características particulares, nomeadamente a fragilidade da sua irrigação sanguínea e a existência de poucos ligamentos para a sua estabilização. Esta fragilidade manifesta-se quando existe uma fratura do escafóide, a qual condiciona essa irrigação, que dá vida ao osso.

A fratura do escafóide pode ser classificada de acordo com a zona do osso em que esta ocorre, isto é, segundo o local da sua divisão anatómica em “3 terços”: a mais frequente é no seu terço médio, seguida pela fratura no terço/pólo proximal ou no terço/pólo distal ou tuberosidade.
Causas da fratura do escafóide

A fratura do escafóide pode ocorrer em qualquer idade, incluindo crianças. O mecanismo mais comum é uma queda com apoio sobre a mão estendida (extensão do punho).

Tendo em conta o mecanismo de lesão e a qualidade óssea do punho, pode-se inferir que o grupo em maior risco são os adultos/jovens e com boa qualidade óssea. Ao contrário, as quedas após os 65-70 anos, frequentemente associam-se a fraturas do rádio, vulgarmente chamadas de “fraturas do punho”.

Sintomas na fratura do escafóide

No caso de uma fratura do escafóide, o doente geralmente refere dor, edema (inchaço) no punho, mais evidente na base do polegar e limitação da mobilidade (dificuldade em mexer o dedo). Mais tarde, pode aparecer uma zona “negra”, que corresponde à hemorragia interna.

A dor pode, por vezes, não ser valorizada pelo doente, pensando este tratar-se de uma simples entorse. Por essa razão, muitas fraturas do escafóide são avaliadas tardiamente pelo médico, por vezes em situações que já evoluíram para fraturas não consolidadas, e portanto, com pior prognóstico que a lesão inicial.

Por essa razão, a procura de um médico especialista em ortopedia, nomeadamente em cirurgia da mão, deve ser considerada sempre que há um traumatismo do punho ou da mão que motive dor, edema e/ou limitação da mobilidade do punho e/ou dedos.

Diagnóstico da Fratura do escafóide

A avaliação clínica pelo ortopedista, é de grande importância, sendo decisiva na primeira abordagem na suspeita desta lesão. Inicialmente, a lesão será avaliada através de uma radiografia (“raio-x”) da mão / RX do punho, de modo a confirmar a fratura do escafóide ou outras lesões possíveis na mesma área.

Muitas vezes, e na presença de uma fratura sem desvio, a radiografia poderá não ser conclusiva – acontece até 25% dos casos. Nesta situação, deve-se realizar uma TC (Tomografia computadorizada) ou RM (Ressonância Magnética), que determina com máxima fiabilidade a existência ou não da fratura do escafóide e suas características.

A ecografia não é adequada no estudo das fraturas do escafóide.

Nas fraturas do escafóide que apresentam maior risco de perda de irrigação sanguínea (localizadas no terço proximal), a Ressonância Magnética (RM) é o exame que pode confirmar a existência ou não de irrigação sanguínea, facto que justifica um plano terapêutico adequado e dirigido ao caso que se apresenta.

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Cuidados imediatos na fratura do escafóide

É importante imobilizar o polegar e punho, com uma tala ou gesso apropriado, de modo a diminuir a dor e o edema (inchaço). Medidas como elevação e mobilização dos dedos (exceto o polegar), e a toma de medicamentos (ou remédios) anti-inflamatórios ou analgésicos, deverão ser avaliadas pelo médico ortopedista.

Saiba, de seguida, como tratar a fratura do escafóide.

Tratamento conservador na fratura do escafóide

O tratamento conservador da fratura do escafóide é a opção a considerar nos casos de fraturas estáveis e sem lesões associadas.

O tratamento conservador possui uma taxa de sucesso variável de acordo com a localização da fratura, estando associado a melhores resultados nas fraturas que se localizam na tuberosidade ou terço distal; mas apenas entre 60-70% de sucesso, se localizada ao terço proximal. Este facto, condiciona a eventual necessidade de tratamento cirúrgico.

O tratamento conservador consiste em imobilização com gesso, durante um período de aproximadamente 6-8 semanas. A imobilização permite a estabilização, de modo a haver consolidação da fratura.

Cirurgia na fratura do escafóide

A cirurgia (ou operação) está indicada nas fraturas que apresentam desvio e quando associadas a outras lesões com indicação para tratamento cirúrgico, ou quando se pretende uma retoma mais rápida à vida ativa.

A necessidade de cirurgia em muitos casos é devida à alta taxa de não-união, que pode chegar aos 50%. Além disso, pode permitir o rápido regresso à atividade, permitindo mobilizar de imediato o punho e dedos, ao contrário do tratamento conservador.

É uma operação que exige o correto posicionamento de um mini-parafuso especial, que une e comprime os dois fragmentos ósseos, de modo a permitir a boa estabilização da fratura. Esta operação pode muitas vezes ser realizada “sem cortes na pele” ou nos casos mais complexos, através de uma pequena incisão.

A cirurgia pode ser auxiliada por artroscopia, técnica que permite identificar outras lesões que, por vezes, não são identificáveis nos exames já descritos, como lesões de ligamentos ou lesões da cartilagem.

A operação poderá ser realizada com anestesia geral ou com anestesia locorregional, nomeadamente bloqueio dos nervos que transmitem a dor do punho. O anestesista coloca o anestésico próximo dos nervos, a nível da axila, no plexo braquial. Assim, o braço e mão ficam adormecidos, permitindo realizar a cirurgia. Poderá ser dado também um relaxante de modo a tranquilizar o paciente.

Complicações na cirurgia da fratura do escafóide

Existem complicações imediatas/agudas ou tardias, assim como as que podem ocorrer pela cirurgia.

Entre as complicações que podem surgir, destacamos as seguintes:

  • Pseudartrose do escafóide, que corresponde à não união da fratura do escafóide, após o normal período de tratamento e tempo de recuperação adequados;
  • Artrose do punho, que é um processo degenerativo e progressivo no punho que surge das alterações após o traumatismo, nomeadamente nos casos que evoluem para pseudartrose. Estas alterações traduzem-se por perda de cartilagem e instabilidade dos ligamentos, originando o aparecimento de dor e diminuição da mobilidade;
  • Necrose avascular (osteonecrose): caracteriza-se pela morte do osso, devido à perda de irrigação sanguínea. Ocorre principalmente quando a fratura do escafóide se dá no terço proximal - zona mais sensível à interrupção sanguínea.

Pós-operatório na cirurgia da fratura do escafóide

No período pós-operatório é permitido e aconselhável, a realização de movimentos do punho e dedos de modo controlado e apropriado, bem como a elevação do membro, de forma a minimizar a dor, o edema (inchaço) e a rigidez. Idealmente, nos primeiros dias o doente deve colocar o “braço ao peito”.

De acordo com o tipo de tratamento cirúrgico efetuado, poderá ser necessário imobilização temporária do punho e polegar, a retirar de acordo com a evolução e decisão. Deve ser evitado esforço do membro operado e evitar atividades com risco de novos traumatismos.

Recuperação após a cirurgia da fratura do escafóide

O tempo de recuperação vai depender do tipo de fratura e do tratamento realizado.

Em qualquer caso exige sempre um seguimento pelo cirurgião, acompanhado de controlo imagiológico – radiografia e/ou TC, de forma a avaliar o grau de consolidação de fratura e vigiar o eventual desenvolvimento de complicações.

A fisioterapia poderá ser necessária na recuperação no período pós-operatório. A sua aplicação é decidida pelo cirurgião de acordo com a evolução e tipo de cirurgia. Os exercícios e manobras a realizar, devem ser coordenados com o fisiatra e o fisioterapeuta com experiência em reabilitação de mão.

O prognóstico da fratura do escafóide depende tanto da localização e complexidade da fratura, como também da opção terapêutica e dos parâmetros médicos do paciente, como diabetes, dislipidemia, hábitos tabágicos relevantes, idade, entre outros.

Quanto custa uma cirurgia da fratura do escafóide?

O preço da intervenção cirúrgica pode variar de acordo com vários fatores. Apenas o cirurgião ortopedista, e de acordo com a técnica e procedimentos necessários, poderá fazer a previsão do custo da operação cirúrgica.

Qualquer médico ortopedista (especialista em ortopedia) poderá tratar as fraturas do escafóide. Contudo, um médico com diferenciação em mão poderá dominar técnicas específicas para esta patologia.

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