Ludoterapia

Ludoterapia

O que é a Ludoterapia?

A palavra ludoterapia tem origem na palavra latina "ludos" que significa jogo. Entende-se por ludoterapia um conjunto de atividades lúdicas e terapêuticas que medeiam o mundo simbólico e real da criança permitindo-lhe expressar os seus sentimentos e angústias.

Esta terapia através do brincar permite à criança expressar com maior facilidade os seus conflitos e dificuldades, ajudando-a na sua integração e adaptação social. Sendo o seu grande objetivo promover ou restabelecer o bem-estar psicológico da criança através de atividades lúdicas.

Origem da Ludoterapia

A interpretação do jogo iniciou-se com Freud, que atribuiu significado simbólico (vivência interna da criança) à brincadeira de um menino de dezoito meses. Dando, desse modo, importância à comunicação simbólica da criança através do jogo infantil. Na brincadeira a criança traz ao consciente o que está no inconsciente, especificamente o que precisam resolver ou desejam.

Mais tarde Melanie Klein cria a técnica lúdica, assentando nos seguintes pontos: o jogo tem sempre uma finalidade e um sentido; o brincar é a linguagem típica da criança para expressar o que ainda não pode ser colocado em palavras, é o modo como expressa o que acontece no seu mundo interno. Posto isto, a técnica lúdica tem uma função catártica (libertadora) e de assimilação (interiorização), uma vez que através do brincar a criança lida com situações dolorosas para si porque coloca isso nos brinquedos que funcionam como mediadores entre a realidade interna e a externa.

Importância do Brincar no Desenvolvimento da Criança

O brincar e o jogar para a criança são mais do que formas de divertimento e de prazer, pois também são meios para que esta possa expressar os seus sentimentos e aprender.

Através da brincadeira a criança explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida, interiorizando-a. O faz de conta, em que experiencia diferentes papéis sociais (ex. mãe, pai) permite-lhe compreender o papel do adulto e o modo como este se comporta, sente, sendo isso como uma preparação para a entrada no mundo dos adultos.

Neste momento lúdico a criança tem oportunidade de simular situações e conflitos da sua vida familiar e social, de uma forma segura encenam os seus medos, as suas angústias e a sua agressividade de modo a elaborar e resolver os seus conflitos internos. Por outro lado, os jogos de competição permitem à criança começar a trabalhar a resistência à frustração.

Através do brincar as crianças também desenvolvem o raciocínio, a capacidade atencional, a imaginação e a criatividade, bem como a capacidade de socialização. A brincadeira estimula a linguagem, o pensar, a criatividade, a partilha e a cooperação.

Segundo Vygotsky a importância do brincar para o desenvolvimento infantil está no facto desta atividade permitir à criança transformar os brinquedos no que quiser, independentemente da função que estes tenham (ex. uma panela de brincar, ser um capacete). Por um lado, temos a brincadeira e os brinquedos escolhidos pela criança (conteúdo manifesto-o que se observa) e por outro, temos a representação simbólica da brincadeira (conteúdo latente - o que significa para a criança).

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Mala Ludo

No sentido de proporcionar à criança elementos da realidade que lhe facilitem a expressão da sua realidade psíquica interna, é utilizada em ludoterapia uma mala que tem vários materiais.

Os materiais que constam nessa mala são:

  • Bonecos representativos da família;
  • Animais selvagens e domésticos;
  • Carros (polícia/ambulância/bombeiros/táxi/outros);
  • Utensílios de cozinha (pratos/panelas/garfos/copos);
  • Estetoscópio;
  • Seringa;
  • Pano;
  • Livro de pano;
  • Tesoura;
  • Martelo;
  • Pistola;
  • Alguidar;
  • Penico;
  • Soldados;
  • Peças de madeira;
  • Boneco de encaixe;
  • Telefone.

O papel do psicólogo será de acompanhar a criança no seu brincar, ajustando-se à livre iniciativa da criança e interligando os conteúdos manifestos (o que é observável) da brincadeira com os processos psicológicos subjacentes (conteúdos internos).

Em suma, o brincar está para a criança, como o falar e o refletir está para o adulto, uma vez que através desses processos se permitem a compreender e organizar o seu mundo interno.

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