Registo holter

Holter

O que é um exame holter?

Um registador holter é um pequeno dispositivo móvel que permite efetuar a gravação contínua da atividade elétrica do coração, habitualmente por 24 horas (holter 24 horas), podendo, no entanto, esse tempo de registo ser superior (2, 7 ou 14 dias), dependendo da suspeita diagnóstica. 

Num exame de holter, pequenos elétrodos são colocados no tórax, captando, assim, a atividade elétrica do coração ao longo do tempo. Os impulsos capturados são registados no equipamento portátil (holter) que o doente transporta à cintura ou ao peito. Posteriormente, os dados recolhidos são analisados, inicialmente de forma automática pelo sistema informático (dependendo das marcas, há softwares com maior ou menor qualidade) e depois pelo médico cardiologista.

O médico usa as informações obtidas através do holter para diagnosticar e valorizar as diversas alterações do ritmo cardíaco, conforme abordaremos ao longo deste artigo.

Diferença entre ECG e holter

Um eletrocardiograma (ECG) é um exame de diagnóstico que permite avaliar tanto o percurso do impulso elétrico através do coração como o ritmo com que o mesmo se processa, detetando assim diversas anomalias cardíacas. O eletrocardiógrafo é o equipamento que permite realizar o exame. Através de vários elétrodos são adquiridos sinais elétricos, que geram um gráfico ou registo onde são impressos os complexos que traduzem os batimentos cardíacos. O ECG apenas permite o registo no momento em que é realizado o procedimento. Todavia, existem diversas patologias, perturbações da condução elétrica através do coração ou arritmias, que não estão sempre presentes e podem não ser detetadas com o ECG.

O holter permite o registo electrocardiogáfico contínuo durante horas ou dias, possibilitando a deteção das alterações que ocorrem durante todo esse período de tempo.

Saiba, aqui, tudo sobre eletrocardiograma.

Indicações para a realização do holter

Se apresentar alguns sinais ou sintomas, como desmaios, tonturas, palpitações, batimentos cardíacos irregulares, fadiga inexplicável, dor ou “aperto no peito”, entre outros, o médico pode decidir pela realização do holter. Geralmente, o ECG e eventualmente o ecocardiograma são realizados como exames de primeira linha na investigação. Como vimos anteriormente, o holter pode detetar, entre outras anomalias, irregularidades no seu ritmo cardíaco não visíveis num ECG simples.

O médico pode também requisitar um exame de holter se estiver perante uma doença cardíaca que esteja associada a um risco aumentado de arritmias. Neste caso, o médico pode indicar a realização do exame, em geral de 24 ou 48 horas, mesmo se não tiver nenhum sintoma sugestivo de batimento cardíaco anormal.

O exame também pode ser utilizado para avaliar a resposta a tratamentos instituídos, por exemplo, estudar se determinada terapêutica está a ter os resultados desejados.

Para além disso, o exame de Holter é cada vez mais usado e útil para identificar a causa de acidentes vasculares cerebrais (AVC), muitos deles devidos a trombos (coágulos de sangue) que se formam no coração em consequência de arritmias. Nestes casos, a instituição de um tratamento hipocoagulante adequado previne ou evita a repetição destes eventos dramáticos. A deteção de arritmias como causa do AVC pode obrigar a estudos de Holter até 14 ou 21 dias.

Preparação para o exame de holter

Não é necessária qualquer preparação prévia para realizar o exame. Não é preciso efetuar qualquer tipo de jejum, podendo o doente comer e beber normalmente.

O doente deve seguir as recomendações do médico, tomar a medicação habitual, exceto nos casos em que haja indicação expressa para suspensão de alguns medicamentos (remédios).

A menos que o seu médico lhe diga o contrário, planeie tomar banho antes do exame. A maioria dos monitores não podem ser removidos e devem manter-se secos (não podem apanhar água) após o início da monitorização, exceto nos casos dos exames com duração superior a 48h.

Clínica de Cardiologia

Como é feito um exame de holter?

Um técnico procederá à colocação de elétrodos que detetarão os sinais elétricos no tórax (peito). Esses elétrodos possuem um tamanho reduzido. No caso dos homens, poderá ser necessário rapar uma pequena quantidade de pelos para garantir que os elétrodos aderem eficazmente. O técnico irá, então, conectar os elétrodos a um dispositivo de gravação que usa pilhas. Por norma, existem fios a conectar os elétrodos ao equipamento.

O técnico irá explicar-lhe os cuidados com o dispositivo de gravação, para que ele possa registar os dados transmitidos pelos elétrodos. O dispositivo de gravação tem classicamente o tamanho equivalente a um baralho de cartas, mas existem já registadores mais modernos, com tamanho e peso muito reduzidos.

Após a colocação do monitor e receção das instruções de utilização, o paciente poderá sair do consultório e efetuar as suas atividades normais.

A monitorização através do uso de holter é indolor (não provoca dor) e é um exame não invasivo. Poderá esconder os elétrodos e os fios debaixo da roupa, usando o dispositivo de gravação preso no cinto ou pendurado ao peito, no caso dos registadores de tamanho reduzido. Assim que a monitorização começar, não poderá desligar o monitor holter - deverá usá-lo sempre, mesmo durante a noite enquanto dorme.

Enquanto usa um monitor holter, poderá realizar as suas atividades diárias normais. O seu médico irá informa-lo por quanto tempo precisará de usar o monitor. Por norma, pode variar entre o mínimo de 24 horas e o máximo de 3 semanas, dependendo da suspeita e da frequência dos sintomas.

Será informado da importância de efetuar o registo das atividades que realiza enquanto usa o monitor e relação com sintomas. Deverá escrever os horários e as atividades realizadas. Deverá também sobretudo anotar quaisquer sintomas enquanto usa o monitor, como tontura, desmaio, dor no peito, palpitação ou sensação de batimentos cardíacos irregulares. O seu médico pode comparar os dados registados pelo monitor holter com o seu diário, podendo assim ajudar no diagnóstico.

Quando o período de monitorização terminar, devolverá o dispositivo na clínica de cardiologia, juntamente com o diário que manteve enquanto usava o monitor holter. O médico cardiologista (especialista em doenças do coração) irá então analisar minuciosamente os dados recolhidos, efetuando a leitura diagnóstica do exame.

Os dados recolhidos pelo registador holter permitirão ao médico observar graficamente os seus batimentos cardíacos ao longo de todo o tempo em que ocorreu a monitorização, podendo revelar que o exame é normal, que existe alguma patologia cardíaca, ou indiciar a necessidade de realizar mais exames para chegar a um diagnóstico definitivo.

Outros exames, como ecocardiograma, estudo eletrofisiológico, ressonância magnética cardíaca (RMC), tomografia computorizada (TC) cardíaca, cateterismo cardíaco (angiografia coronária), entre outros, podem ser prescritos.

Existem riscos num exame holter?

O holter é um exame muito seguro. Não há riscos significativos associados a este exame, além de um possível desconforto ou irritação da pele, na zona de colocação dos elétrodos.

Contudo, o monitor, registador ou gravador holter não se pode molhar, pois será danificado. Não nade ou tome banho durante o tempo em que estiver a usar o aparelho. No caso dos exames com maior duração, ser-lhe-á explicado pelo profissional de saúde como desconectar e reconectar os sensores e o monitor de modo a poder tomar banho.

Geralmente, os registadores holter não são afetados por outros aparelhos elétricos. Mas evite estar perto de micro-ondas, cobertores elétricos, máquinas de barbear e escovas de dentes elétricas durante a monitorização, porque estes dispositivos podem interromper a transmissão do sinal elétrico. Além disso, mantenha telemóveis e reprodutores de música portáteis, entre outros dispositivos eletrónicos, afastados do gravador holter, pelo mesmo motivo.

O holter é um equipamento digital de pequenas dimensões, alimentado a pilhas de baixa voltagem, sem risco de choque elétrico e que não causa qualquer tipo de ruído ou barulho incomodativo, permitindo total comodidade na sua utilização.

Quanto custa um exame holter?

Se o utente pretende realizar o holter a título particular, o custo do exame é determinado pela clínica de cardiologia que o executa.

No setor público, o exame pode ser realizado em hospitais ou na rede convencionada com o Serviço Nacional de Saúde (SNS). O exame “Registo de holter até 24 horas com análise interativa do perfil rítmico e do segmento ST, podendo incluir variabilidade da frequência cardíaca” é o mais frequentemente requisitado, mas apenas é comparticipado pelo SNS nas clínicas com convenção. Nestes casos, os utentes do SNS apenas necessitam de pagar a taxa moderadora (note que o preço é fixado em portaria e pode sofrer alterações). De forma análoga, beneficiários de outros sistemas, como é exemplo a ADSE, apenas precisam de pagar a taxa, pois o restante valor é suportado pelo subsistema de saúde.

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