Fome Psicológica

Fome psicológica

Diferença entre comer e fome psicológica

O ato de comer é algo que todos fazemos, isso é a forma do nosso corpo obter os nutrientes que necessita para continuar a funcionar. Porém, existe uma diferença entre alimentarmo-nos para garantir o bom funcionamento do nosso corpo e comer para saciar outro tipo de necessidades, nomeadamente necessidades emocionais.

Quando comemos os alimentos e as quantidades necessárias para o correto funcionamento do nosso corpo, ou seja, temos uma alimentação saudável (diversificada, preferindo alimentos que nos fazem melhor), nas quantidades necessárias para a nossa constituição física e necessidades nutricionais, estamos a falar em alimentar o nosso corpo. E isto, é essencial à nossa sobrevivência! Por outro lado, quando escolhemos repetidamente determinados alimentos, porque “sabem melhor”, normalmente hidratos de carbono e açúcares estamos perante aquilo que vulgarmente se chama de gula. Se este comportamento for ocasional, não é problemático, porque cometer “pequenos excessos” é quase uma condição de sermos humanos. Mas quando, a nossa alimentação passa maioritariamente pela ingestão deste tipo de alimentos e junta-se a isso, um aumento das quantidades ingeridas, estamos perante um problema.

Esse problema pode-se apresentar inicialmente, num aumento de peso, em problemas físicos, como aumento do colesterol, da tensão arterial, problemas cardiovasculares, entre outros. Mas pode também, ser o indicador de que algo não está bem com o nosso psicológico.

O corpo é que paga

Com a correria do dia-a-dia e principalmente com as exigências que nos deparamos todos os dias, sejam colocadas por outros ou por nós mesmos, muitas vezes não nos permitimos a sentir. Ou porque achamos que se não pensarmos, vai passar ou porque “não há tempo a perder”, ou por mais um milhão de desculpas!

Ignora-se o que se sente, não se pensa, não se permite a viver aquele sentimento… e aí há uma altura que o corpo fala. Pode falar através da dor, as dores de costas, as dores de estômago… ou ir até mais longe… tornando-se numa doença psicossomática (a origem é psicológica, mas há sintomas no corpo).

Mas na tentativa de calar as emoções, ou de alimentá-las, para se sair de um estado de humor mais negativo para outro mais positivo, come-se. Come-se doces, salgados, qualquer alimento que nos saiba bem ao paladar e nos reconforte.

O conforto da comida

Sim, a comida pode ser reconfortante. Desde pequenos que crescemos com a convicção que não se pode deixar nada no prato, que alguns dos melhores momentos são à mesa. E estas ideias pré-concebidas (crenças) acompanham-nos desde pequenos e a determinada altura podem ser gatilhos para que se coma mais e mais. A comida passa a ser um consolo, algo que quase por magia nos deixa bem-dispostos, felizes.

A escolha de determinados alimentos, como hidratos de carbono e açúcares, pode ser explicado pela produção de serotonina, que é um neurotransmissor que atua no cérebro regulando o humor. A produção desta hormona regula o humor, estando associada ao bem-estar, à sensação de felicidade.

Deixamos de estar num estado negativo (tristes/zangados/ansiosos), para nos sentirmos felizes. E assim a comida passa a ser um mecanismo de recompensa que o nosso cérebro arranja para nos ajudar com as nossas emoções.

Porém esta estratégia, a determinada altura traz consigo um preço, sejam problemas de saúde (ex. cardíacos, excesso de peso, etc.), de autoestima (uma vez que a imagem corporal altera-se e com ela pode existir um diminuir da autoestima), relacionais (ex. problemas conjugais) e aí torna-se urgente arranjar outra forma de lidar com as nossas emoções.

Clínica de Psicologia

Fome psicológica - o que fazer?

Primeiro, perceber a diferença entre fome (necessidade de alimentação para o bom funcionamento do nosso organismo) e fome psicológica (“estava-me mesmo a apetecer um doce… um salgado”) que pode ocorrer passado muito pouco tempo de termos feito a refeição.

Segundo, olhe para dentro de si, como se tem vindo a sentir… há algo que o preocupa, sente-se stressado com o trabalho, os filhos são uma preocupação. Observe o seu estado emocional, identifique as suas emoções, perceba qual é a emoção que está a alimentar, ou melhor, que tenta calar com a comida!

Terceiro, depois de identificar a emoção pense sobre o que a está a desencadear, depois permita-se a senti-la, é preciso exteriorizar a emoção. Isso pode passar por falar sobre o que sente, por escrever, por pintar (qualquer estratégia que não lhe faça mal nem a si, nem aos outros é válida). E depois, reflita se essa emoção tem sido frequente nos últimos tempos na sua vida, se tem sido predominante. Se sim, tente identificar a causa. Se conseguir identificar a causa, pense se é possível resolver ou se é uma questão de aceitação.

Esta parte final, nem sempre é fácil de se fazer, e às vezes pode ser necessário a ajuda de um terapeuta especializado. Se for o seu caso, não se preocupe, em algum momento na vida podemos precisar de ter um acompanhamento terapêutico. E reconhecer isso, só valida a sua saúde mental. Nesse caso, procure a ajuda de um psicólogo / hipnoterapeuta que o irá ajudar a perceber a causa dessa fome psicológica e como lidar com ela, para que deixe de existir.

Clínica de Psicologia