Meningite vírica

Meningite vírica ou viral

O que é a meningite vírica?

A meningite vírica é uma inflamação das meninges (membranas que envolvem o cérebro e medula espinhal) causada por um vírus. É mais comum que a meningite bacteriana (causada por bactérias) e traduz habitualmente um quadro clínico menos grave, geralmente autolimitado e sem complicações.

A meningite vírica pode ocorrer em qualquer idade, mas a maioria dos casos ocorre em bebés com menos de 1 ano de idade e crianças com mais de 5 anos de idade. A meningite vírica também é mais frequente entre o final da primavera até ao início do outono, embora possam ocorrer casos esporádicos ao longo de todo o ano.

Sinais e sintomas da meningite vírica em idade pediátrica

Na meningite vírica, geralmente, as manifestações clínicas (sintomas / sinais) são semelhantes às da meningite bacteriana, mas habitualmente menos graves. Os lactentes (bebé com menos de 12 meses de idade), geralmente apresentam sintomas / sinais inespecíficos, o que pode dificultar um pouco o seu diagnóstico. Exemplo de possíveis sintomas e sinais:

Sinais e sintomas nos lactentes

  • Febre;
  • Irritabilidade;
  • Letargia (“falta de energia”);
  • Recusa alimentar;
  • Vómitos, diarreia;
  • Exantema (“manchas vermelhas”);
  • Dificuldade respiratória;
  • Fontanela anterior abaulada (“moleira alta ou inchada”);
  • Etc.

Sinais e sintomas nas crianças e adolescentes

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Fotofobia (sensibilidade à luz);
  • Náuseas, vómitos;
  • Perda de apetite;
  • Letargia;
  • Irritabilidade;
  • Rigidez da nuca e outros sinais meníngeos;
  • Etc.

Causas da meningite vírica em idade pediátrica

Os agentes causadores da meningite vírica são frequentemente os enterovírus, sendo responsáveis por aproximadamente 85% dos casos. No entanto, existem outros tipos de vírus que causam meningite vírica, como:

  • Parechovírus;
  • Herpesvírus (vírus do herpes simples, varicela zoster, Epstein-Barr, citomegalovírus, herpes 6 e 7, ...);
  • Vírus influenza (conhecido como o vírus da “gripe”) e Parainfluenza;
  • Adenovírus;
  • Paramyxovírus (Vírus da Parotidite epidémica em crianças não vacinadas);
  • Arbovírus;
  • Outros.

Diagnóstico da meningite vírica em idade pediátrica

O diagnóstico da meningite vírica é feito pelo médico, nesta faixa etária, geralmente um Pediatra.

Como princípio geral, perante uma criança com suspeita de meningite, deve-se inicialmente presumir que têm uma meningite bacteriana, devendo ser tratada adequadamente até que a meningite bacteriana seja excluída ou considerada muito improvável.

O diagnóstico é realizado através da análise da história clínica do doente e do exame objetivo, em conjunto com alguns dos seguintes meios complementares de diagnóstico:

  • Análises sanguíneas, como hemograma, bioquímica, estudo de coagulação, hemocultura...
  • Punção lombar: em que se realiza a colheita de uma amostra do líquido cefalorraquidiano (LCR) na medula espinhal (líquido que circula em torno do cérebro e da medula espinal, sob as meninges), através da utilização de uma agulha, na parte inferior (lombar) das costas, para análise citoquímica, bacteriológico e virológico do LCR;
  • TC ou TAC cerebral: não é um exame de rotina no diagnóstico de meningite, estando apenas indicado em situações específicas, como alterações do estado de consciência do doente, alterações neurológicas focais, sinais sugestivos de aumento da pressão intracraniana,...
  • Outros.

Saiba, aqui, o que é TC cerebral.

A hipótese de meningite vírica baseia-se depois nos dados epidemiológicos (por exemplo, estação do ano, exposição a doenças, contactos,...), história clínica e exame objectivo, assim como os resultados iniciais do estudo do LCR. O diagnóstico de meningite vírica é confirmado quando as culturas bacterianas do LCR são negativas e conseguimos a detecção de um vírus patogénico no LCR.

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Tratamento da meningite vírica em idade pediátrica

Geralmente, na meningite vírica é apenas efetuado tratamento de suporte, que incluí:

  • Repouso;
  • Antipiréticos e analgésicos, para o controlo da febre e da dor;
  • Reforço hídrico por via oral ou endovenoso (soro), se necessário.

Os sintomas, geralmente, desaparecem em cerca de 7-10 dias.

Na meningite vírica não são utilizados antibióticos, uma vez que os antibióticos apenas tratam as infeções bacterianas. No entanto, numa abordagem inicial, dependendo do estado clínico e até se excluir uma meningite bacteriana, podem ser administrados antibióticos de forma empírica.

Em situações específicas, dependendo da idade, da gravidade clínica, se doente imunodeprimido (doentes com sistema imunitário enfraquecido) e do tipo de vírus isolado no LCR, poderá ser necessário fazer tratamento com anti-retrovírico específico.

A meningite vírica em idade pediátrica tem cura?

A maioria das crianças com meningite vírica apresenta uma recuperação completa, sem complicações associadas. A duração dos sintomas em crianças é, geralmente, inferior a uma semana, e muitos apresentam uma melhoria clínica após punção lombar. Adolescentes podem ter um período de convalescença mais prolongado.

Contudo, o prognóstico depende da idade, gravidade clínica, doenças prévias e do tipo de vírus, podendo ocorrer complicações em determinados casos, com sequelas e mortalidade associada. O diagnóstico e instituição de tratamento adequado e atempado permitem melhorar o prognóstico da doença.

Complicações da meningite vírica em idade pediátrica

A meningite vírica é considerada uma doença com um prognóstico favorável, no entanto, como todos os tipos de meningite (especialmente na meningite bacteriana), em casos graves, esta inflamação das meninges pode apresentar complicações como:

  • Meningoencefalite;
  • Miocardite;
  • Pericardite;
  • Sequelas neurológicas;
  • Alterações de comportamento e cognitivas;
  • Entre outras.

A meningite vírica é contagiosa?

Sim. A meningite vírica pode ser transmitida de pessoa para pessoa através de várias formas de contágio, a saber:

  • Inalação de partículas virais, expelidas durante um espirro ou tosse de uma pessoa infetada;
  • Tocar numa superfície contaminada com o vírus e levar a mão à boca;
  • Contacto com fezes de um doente (ex.: trocar uma fralda) – transmissão fecal-oral;
  • Etc.

Por isto, é muito importante que sejam mantidos cuidados redobrados em caso de confirmação de diagnóstico de meningite, de modo a evitar a transmissão da doença.

Prevenção da meningite vírica

Para prevenir o contágio da meningite vírica, é recomendada a adoção de alguns comportamentos importantes no controlo da doença, a saber:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente depois de trocar fraldas, usar os sanitários ou tossir/assoar o nariz;
  • Cobrir a boca quando tossir ou espirrar, com um lenço ou antebraço;
  • Evitar contacto próximo, especialmente, como beijar, abraçar ou partilhar copos ou utensílios de cozinha com pessoas doentes;
  • Limpar e desinfetar as superfícies frequentemente tocadas, como brinquedos e maçanetas, especialmente se alguém estiver doente;
  • Certificar-se que a criança tem todas as vacinas tomadas (do programa nacional de vacinação) como a vacina contra a parotidite epidémica que pode conter o vírus causador da doença;
  • Entre outros.
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