A hipertensão arterial (HTA) designa a condição médica subjacente à elevação da tensão arterial para valores acima do preconizado para faixa etária e género.
A HTA é uma das principais causas de doença renal, descrita em segundo lugar, logo a seguir à diabetes mellitus. Vários são os mecanismos por via dos quais a HTA pode causar dano nos vasos sanguíneos do rim, e comprometer, em graus distintos de severidade, a sua função.
Os rins são os principais responsáveis pelo processo de filtração das toxinas (resíduos) e líquidos em excesso no sangue. Para o cumprimento eficaz das suas funções, é essencial a sua adequada perfusão (irrigação) vascular.
Ao longo dos anos, o mau controlo da tensão arterial leva ao estreitamento e enfraquecimento das artérias que nutrem os rins. Estas artérias danificadas reduzem o fluxo de sangue que circula nas mesmas, comprometendo o adequado e suficiente aporte de sangue (com oxigénio e nutrientes) ao tecido renal.
Sinais e Sintomas da Hipertensão Arterial
A HTA geralmente é assintomática (não apresenta qualquer sinal ou sintoma), o que potencia o seu atraso no diagnóstico. Em casos graves (sobretudo com valores de tensão arterial repentina ou sustentadamente elevados), alguns achados clínicos podem manifestar-se, a saber:
- Cefaleia (dor de cabeça);
- Confusão mental;
- Alterações visuais;
- Hematúria (urina com sangue);
- Epistáxis (sangramento nasal);
- Edema dos membros inferiores, decorrente da retenção hidrosalina.
Hipertensão Arterial de Causa Renal
A HTA pode ser causa e consequência da doença renal. Por outras palavras, a HTA pode levar por si só à doença renal e a própria doença renal ser causa de HTA.
A doença renal crónica consiste no declínio lento, progressivo e com caráter irreversível da função renal, sendo até estadios avançados também maioritariamente assintomática.
Saiba, aqui, o que é a insuficiência renal.
A HTA de causa renal é causada pela estenose (estreitamento) das artérias que fornecem sangue aos rins. Quando os rins recebem um baixo fluxo sanguíneo, agem como se a diminuição fosse provocada por desidratação. Desta forma, estes órgãos respondem libertando hormonas que estimulam o corpo a reter sódio (sal) e água, fazendo com que os vasos sanguíneos se encham de líquido adicional, aumentando assim, a tensão arterial.
Alerta-se que este estreitamento de uma ou ambas artérias renais, é mais frequentemente causado por aterosclerose, com endurecimento das paredes das artérias, o que muito se correlaciona com perfis de colesterolémia mal controlada.
Uma causa menos comum, embora também descrita, deste estreitamento arterial é a displasia fibromuscular. Esta ocorre quando a estrutura das artérias renais se desenvolve anormalmente e a sua etiologia permanece ainda pouco clara.
Diagnóstico da Hipertensão Arterial de Causa Renal
É importante consultar um(a) médico(a) regularmente para certificar que os valores da tensão arterial estão dentro dos valores normais para a faixa etária e género.
A história clínica e o exame físico são primordiais na avaliação básica da doença em fase inaugural e no seu posterior seguimento.
Com vista a avaliar com maior exatidão se existe algum compromisso orgânico relacionado com a HTA ou doença renal, recorre-se frequentemente a meios complementares de diagnóstico e terapêutica (incluindo análises de sangue e urina, ecografia e doppler renal).
Tratamento da Hipertensão Arterial de Causa Renal
Existem várias opções de tratamento que, geralmente, são associadas e não recomendadas isoladamente.
A prescrição terapêutica, a par das medidas gerais (ver infra) são, regra geral, o primeiro passo para tentar controlar a HTA. Entre as principais classes de medicamentos utilizados para o efeito estão:
- Inibidores da enzima conversora de angiotensina;
- Antagonistas dos recetores da angiotensina II;
- Bloqueadores dos canais de cálcio;
- Beta-bloqueadores.
Para a maioria das pessoas com HTA, estes medicamentos, usados de modo seletivo e escalado, podem efetivamente controlar a tensão arterial. No entanto, em casos envoltos de maior complexidade, podem ser necessárias atitudes mais invasivas, das quais é exemplo a angiografia/ angioplastia dos vasos renais. Durante a angioplastia, um “stent” (pequena prótese aramada) pode ser expandido dentro da própria artéria renal. Este procedimento, permite ampliar o lúmen arterial e assim melhorar o fluxo sanguíneo.
Prognóstico da Hipertensão Arterial de Causa Renal
Em teoria, se a estenose da artéria renal é revertida, então a HTA deve melhorar. Nestes casos, o prognóstico da doença é favorável e o doente tende a manter-se “estável”, com tensão arterial nos alvos pretendidos.
Contudo, na presença de HTA persistente e não tratada, o doente poderá evoluir com dano renal irreversível, com declínio progressivo da função e sua insuficiência.
O pior cenário carateriza-se por quadros de HTA severa, refratária a medidas médicas instituídas e respetiva escalada terapêutica, com término em doença renal avançada.
O aconselhamento médico regular reveste-se aqui de particular importância. A par do “atraso” da progressão para dano renal, a prevenção e evicção de outras potenciais complicações, como retinopatia hipertensiva e cardiopatia hipertensiva, são de igual valor.
Prevenção da Hipertensão Arterial de Causa Renal
A melhor forma de atrasar ou prevenir a doença renal provocada pela HTA passa por adotar medidas e comportamentos quotidianos que visem minimizar e reduzir a mesma. Entre estes, podem citar-se:
- Vigiar regularmente a tensão arterial e, se valores suscitarem dúvida, consultar o(a) médico(a);
- Adotar uma dieta pobre em sal e gorduras;
- Praticar exercício físico anaeróbio;
- Manter um “peso saudável”; em caso de excesso/ obesidade, a perda ponderal deve ser monitorizada por profissional;
- Se fumar, deixar de o fazer;
- Evitar bebidas alcoólicas;
- Evitar situações que potenciem o stress e a ansiedade.