Anemia

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O que é a anemia?

A anemia é uma alteração sanguínea caracterizada pela diminuição de glóbulos vermelhos em circulação. Os glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) transportam e fornecem oxigénio a todas as células do organismo através da hemoglobina (proteína que contém ferro e que está presente nos glóbulos vermelhos, permitindo o transporte de oxigénio através do sangue).

Quando existem alterações de hemoglobina na corrente sanguínea, significa que a quantidade de oxigénio no sangue é reduzida, não sendo capaz de acompanhar as necessidades do organismo, podendo provocar, em casos mais graves, alguns sintomas como fadiga inexplicável, dispneia (falta de ar), tonturas, entre outros. Veja mais informação em “sinais e sintomas da anemia”.

Com um diagnóstico atempado e administração do tratamento adequado, a anemia apresenta um prognóstico favorável na maioria dos casos. No entanto, em alguns casos de anemia o prognóstico pode não ser tão favorável, podendo mesmo surgir complicações mais ou menos graves, conforme discutiremos ao longo deste artigo.

Tipos de anemia

Existem vários tipos de anemia, podendo estes ser classificados segundo diversos critérios. As alterações de tamanho nos glóbulos vermelhos presentes no sangue são um dos critérios frequentemente usados na distinção dos diferentes tipos de anemia. Assim, em relação ao tamanho dos glóbulos vermelhos, podemos subdividir a anemia em 3 tipos:

  • Anemia macrocítica (1);
  • Anemia normocítica (2);
  • Anemia microcítica (3);

1. Anemia macrocítica

A anemia macrocítica é caracterizada pela existência de glóbulos vermelhos com um tamanho maior que o normal.

É, geralmente, causada por uma carência de vitamina B12 ou B9 (ácido fólico) no sangue e pode ter origem noutras patologias como, por exemplo, anemia perniciosa (doença auto-imune com gastrite atrófica).

2. Anemia normocítica

A anemia normocítica está, geralmente, associada a outros tipos de patologias, sendo que o tamanho dos glóbulos vermelhos nestes casos, é normal.

É, geralmente, causada por doenças crónicas que cursam com inflamação crónica (como a artrite reumatóide na qual ocorre inflamação das articulações), doenças renais com insuficiência renal, etc.

Este tipo de anemia também pode ter origem noutros subtipos de doenças hematológicas, a saber:

  • Anemia aplástica (produção insuficiente de células sanguíneas pela medula óssea);
  • Anemia falciforme (hereditária);
  • Anemia hemolítica;
  • Anemia por Sindrome Mielodisplásica.

3. Anemia microcítica

A anemia microcítica é caracterizada pela existência de glóbulos vermelhos com um tamanho menor que o normal.

É, geralmente, causada por uma diminuição na produção da proteína hemoglobina, frequentemente provocada por uma carência de ferro no sangue. Tal como os tipos anteriormente referidos, a anemia microcítica está associada a outros subtipos da doença, a saber:

  • Anemia por falta de ferro (ferropénica ou ferripriva);
  • Talassémias ß ou a (doenças congénitas de produção de hemoglobina;
  • Anemia de inflamação (algumas das anemias associadas a inflamação são microcíticas);
  • Outros.

Causas da anemia

Os agentes causadores da anemia variam consoante o tipo de anemia existente, no entanto, podemos considerar algumas causas frequentes e características, a saber:

  • Carência de ferro;
  • Carência de vitamina B12 ou ácido fólico;
  • Rutura de eritrócitos prematuramente (geralmente cada glóbulo vermelho dura por volta dos 120 dias), muitas vezes associada a doenças autoimunes;
  • Produção reduzida de células sanguíneas na medula óssea;
  • Sangramentos excessivos (perdas de sangue com diversas causas subjacentes);
  • Outros.

A anemia pode afetar qualquer pessoa de qualquer idade e sexo, contudo é mais frequente:

  • As mulheres estão em maior risco de desenvolver anemia durante a gravidez ou devido à perda de sangue durante a menstruação, estando mais suscetíveis a anemias por falta de ferro;
  • Os idosos possuem um maior risco de desenvolver anemia devido à sua idade avançada, afetados frequentemente com má nutrição, processos inflamatórios crónicos e perda de capacidade de produção de glóbulos vermelhos na medula óssea;

Sinais e sintomas da anemia

Os sinais e sintomas da anemia variam consoante o tipo da doença, sendo que, geralmente, nos estágios iniciais é assintomática (não apresenta qualquer sintoma).

Estes sinais ou sintomas podem apresentar-se ao longo do desenvolvimento da doença e podem variar de pessoa para pessoa, no entanto podemos destacar os mais frequentes:

  • Fadiga ou cansaço inexplicável;
  • Pele pálida;
  • Frequência cardíaca irregular (arritmias);
  • Dispneia (falta de ar);
  • Dor no peito e cabeça;
  • Tonturas;
  • Extremidades dos membros (mãos e pés) frios;
  • Cabelo e unhas quebradiças.

Diagnóstico da anemia

O diagnóstico da anemia é realizado através da análise da história clínica do utente e controlo com análises ao sangue, onde se destaca o hemograma.

Saiba, aqui, o que é um hemograma.

As análises ao sangue permitem avaliar os níveis de glóbulos vermelhos e hemoglobina, de modo a verificar se os níveis destes compostos estão baixos. É possível medir a quantidade e o tamanho das células sanguíneas presentes no sangue.

Podem ser recomendados outros meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) de modo a diagnosticar conclusivamente a anemia ou descartar outras patologias (diagnóstico diferencial) nomeadamente níveis de ferritina (avalia armazenamento de ferro), vitamina B12 ou ácido fólico (entre muitas outras).

Nalguns casos pode ser necessário efetuar uma biópsia (extração de uma amostra) da medula óssea para análise em laboratório, para verificar possíveis alterações na produção de células sanguíneas presentes em alguns tipos de anemia.

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Complicações da anemia

Quando não tratada atempadamente, a anemia pode provocar complicações graves, a saber:

  • Alterações de concentração e de memória, transitórias, mas por vezes graves;
  • Agravamento de doenças cardiovasculares pré-existentes, como insuficiência cardíaca;
  • Problemas durante a gravidez, como baixo peso do recém-nascido ou parto prematuro;
  • Em caso de perda de sangue aguda pode ocorrer redução das tensões arteriais e eventualmente ocorrer desfecho fatal.

A anemia tem cura?

A anemia é uma doença muito frequente e com diversas causas associadas, variando bastante no prognóstico. Numa larga maioria de casos, a anemia deve-se a causas facilmente tratáveis (como no défice de ferro, vitamina B12 e ácido fólico), contudo, existem causas onde o tratamento é mais complexo e demorado, tornando esta doença crónica.

Em casos de sangramento agudo excessivo, os danos podem ser irreversíveis, e como dito anteriormente, podem provocar uma morte súbita, sendo extremamente importante parar a progressão e desenvolvimento da doença o quanto antes.

Tratamento da anemia

O tratamento da anemia varia conforme o agente causador e visa repor os níveis de eritrócitos e hemoglobina em quantidades normais no sangue. Como explicado anteriormente, numa larga maioria de casos, a anemia deve-se a causas facilmente tratáveis (como no défice de ferro, vitamina B12 e ácido fólico).

Se a causa for uma deficiência vitamínica, podem ser prescritos alguns suplementos vitamínicos de forma a aumentar a quantidade destas vitaminas (geralmente B12 ou ácido fólico) no organismo.

Se a causa for uma deficiência de ferro, devem ser prescritos suplementos de ferro oral. Em casos mais raros, perante intolerância do doente à ingestão de ferro oral (em comprimidos ou líquido), pode ser necessária a infusão por veia, de ferro, em meio hospitalar.

Alimentos na anemia

Fazer uma dieta equilibrada e rica em ferro, ácido fólico e B12, seguindo um plano nutricional saudável e apropriado, é extremamente benéfico e recomendável de modo a tratar eficazmente a anemia.

Deve privilegiar-se o consumo de alimentos com um maior teor de ferro e de vitamina B12 e ácido fólico de modo a suprimir as necessidades destes nutrientes.

A vitamina C não contribui diretamente para a produção de hemoglobina, mas permite promover a absorção de ferro pelo organismo. Por isto, a dieta também deve privilegiar a inclusão de alimentos ricos em vitamina C.

Saiba, aqui, tudo sobre dieta na anemia.

Em alguns tipos de anemia, o tratamento passa pela prescrição de medicamentos (remédios) que visam a estimulação da sua produção pela medula óssea. O médico hematologista (especialista em doenças do sangue) prescreverá esse tipo de medicações após um diagnóstico definitivo.

Se a anemia for grave, sendo provocada por perdas de sangue, a conduta passa por descobrir a origem e controlar estes sangramentos (ex.: doenças crónicas). Em alguns casos de perda excessiva, é necessária a realização de transfusões de sangue. O sangramento pode ser visível, ou oculto, devendo sempre ser efetuado estudo aprofundado. São exemplos de sangramento, os pólipos intestinais, a endometriose nas mulheres, alguns tipos de cancro, etc.

As transfusões de sangue visam repor os níveis de hemoglobina e são efetuadas em casos em que a hemoglobina baixa para valores perigosos e que podem colocar em risco a vida do doente.

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