Perturbação de Stress Pós-Traumático

Perturbação de Stress Pós-Traumático

O que é o Stress Pós-Traumático?

A Perturbação de Stress Pós-Traumático é uma perturbação de ansiedade, despoletada pela vivência direta ou pelo testemunhar de um acontecimento traumático. Esta perturbação inclui sintomas tais como a reexperiência do acontecimento traumático, flashbacks, ansiedade extrema e pensamentos intrusivos relacionados ao trauma, bem como pelo evitamento dos estímulos que relembram o trauma em si.

Perante a vivência de um acontecimento traumático é possível desenvolver a Perturbação de Stress Pós-Traumático. No entanto, nem sempre isso acontece. De facto, as pessoas poderão recuperar do trauma com o apoio de amigos e familiares, e praticando o autocuidado. Mas se os sintomas piorarem e se mantiverem durante meses ou anos, causando sofrimento emocional e perturbando o funcionamento das pessoas, pode desenvolver-se a Perturbação de Stress Pós-Traumático, sendo necessário obter tratamento para a mesma.

Em que consiste o Trauma? Como distinguir Trauma de Stress?

Pode dizer-se que um acontecimento traumático implica sempre uma resposta de stress. Contudo, na maioria das vezes, a resposta de stress não é uma resposta traumática.

Sempre que um determinado estímulo é percebido pela pessoa como potencialmente ameaçador, desencadeia-se a resposta de stress. E podemos chamar a esse estímulo stressor. Por exemplo, uma pessoa que sofra de aracnofobia irá desencadear uma resposta de stress sempre que se deparar com o stressor, que neste caso será a aranha (ou a sua imagem). A resposta de stress é fundamental para a sobrevivência da espécie, na medida em que nos prepara para lutar, fugir ou congelar perante o stressor, de acordo com o que for percebido como mais adequado naquela situação em particular.

Quando percebemos que não possuímos recursos para lidar com o stressor, então podemos falar em situações de trauma. Nos acontecimentos traumáticos, a pessoa não consegue responder adequada e eficazmente para lidar com o stressor, e isso provoca abalo ou dano na pessoa, alterando a forma como a pessoa funciona, em termos físicos ou mentais.

Assim sendo, podemos falar em trauma psicológico quando a pessoa tem a perceção de ser incapaz de responder perante o acontecimento traumático e esse acontecimento altera o funcionamento psíquico da pessoa.

E é por esse motivo que nem sempre o stress representa trauma, mas o trauma representa sempre stress.

Como exemplos de acontecimentos traumáticos, podemos apontar aqueles que ameaçam a vida ou a integridade humana, tais como:

  • morte ou ameaça de morte;
  • ferimento grave ou ameaça à integridade física;
  • doença grave.

Estes acontecimentos traumáticos podem ocorrer em diversos contextos, tais como:

  • acidentes;
  • guerras;
  • assaltos;
  • raptos;
  • torturas;
  • catástrofes naturais;
  • ataques terroristas;
  • prisão/encarceramento;
  • agressão física ou sexual;
  • negligência;
  • entre outros.

Resumidamente, a pessoa que sofre de stress pós-traumático pode ter passado por uma ou mais das seguintes condições:

  • viveu diretamente o evento traumático;
  • testemunhou o evento traumático noutras pessoas;
  • teve conhecimento de que ocorreu um evento traumático com um familiar ou amigo próximo;
  • é exposta repetidamente a detalhes aversivos do acontecimento traumático.

Consequências do Trauma

O trauma pode conduzir a Perturbação de Stress Pós-Traumático ou outras perturbações de ansiedade, consumo de substâncias, alterações no comportamento alimentar, problemas de sono, stress, depressão, e até mesmo ideação suicida.

Nestes casos é fundamental obter tratamento e lidar com os pensamentos suicidas através da ajuda de amigos ou familiares.

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Quais os sintomas do Stress Pós-Traumático?

De acordo com a DSM V, o Stress Pós-Traumático acontece na sequência da exposição da pessoa a um evento ou stressor traumático extremo, como por exemplo, experienciar um acontecimento onde esteja envolvida a possibilidade de morte e/ou de ameaça à integridade física. Estes acontecimentos podem dizer respeito à própria pessoa, mas também podem existir perante a observação de morte, ferimento ou ameaça à integridade física de outra pessoa. Pode ainda ser desencadeada pelo tomar conhecimento de uma morte violenta ou inesperada de alguém muito próximo.

Para além disso, a resposta da pessoa ao estímulo stressor envolve medo intenso, sentimentos de desproteção ou horror, ou comportamentos agitados e/ou desorganizados caso se trate de crianças.

A probabilidade de desenvolver a perturbação de stress pós traumático aumenta com a proximidade física e intensidade do agente stressor.

Além da exposição ao acontecimento traumático que implica a ativação emocional acima descrita, é também sintoma de stress pós-traumático o reexperienciar persistentemente o acontecimento traumático.

Tal pode acontecer de diversas formas, a saber:

  • através de memórias intrusivas e recorrentes, com recurso a imagens, pensamentos ou percepções;
  • através de brincadeiras repetidas acerca do acontecimento traumático (no caso das crianças);
  • através de sonhos recorrentes acerca do acontecimento traumático;
  • através de sensações acerca do acontecimento traumático, como por exemplo, reviver a experiência, ter ilusões, alucinações ou flashbacks dissociativos;
  • mal-estar intenso e reatividade fisiológica perante a exposição a estímulos que a pessoa associa ao acontecimento traumático.

Outro sintoma consiste em evitar persistentemente os estímulos associados ao trauma, sendo em termos de pensamentos, emoções, lugares, pessoas, etc. Este evitamento é acompanhado de embotamento na reatividade da pessoa, que se traduz pela sensação de estar desligado ou estranho em relação aos outros, ou ter um interesse diminuído em participar em atividades significativas para a pessoa. A pessoa poderá ainda sentir dificuldade em gostar dos outros ou ter perspetivas limitadas relativamente ao seu futuro.

Finalmente, são ainda sintomas de stress pós-traumático um conjunto de indicadores de ativação fisiológica, tais como dificuldades em adormecer ou manter o sono, dificuldades de concentração, hipervigilância ou irritabilidade elevada.

Tratamento da Perturbação de Stress Pós-Traumático

O objetivo do tratamento da Perturbação de Stress Pós-Traumático é desenvolver na pessoa competências para reaver o controlo da sua vida. O tratamento principal para esta perturbação consiste em psicoterapia, cuja eficácia pode aumentar com o uso combinado de medicação.

O tratamento psicológico desta perturbação pode ser feito através de Terapia Cognitivo-Comportamental focada no trauma ou em EMDR (Eye movement desensitization and reprocessing).

No que toca ao tratamento medicamentoso, poderão ser importantes aliados no tratamento alguns antidepressivos e ansiolíticos.

O apoio especializado é fundamental para a recuperação desta perturbação.

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