Ejaculação Precoce

Ejaculação precoce

O que é a ejaculação precoce?

A Ejaculação Precoce (EP), também conhecida por ejaculação rápida ou por ejaculação prematura, é uma disfunção sexual masculina, que consiste num padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre perante uma estimulação sexual mínima, antes, durante ou logo após a penetração e antes do momento desejado pelo próprio e/ou pelo/a parceiro/a sexual, inviabilizando a obtenção de uma resposta e/ou relação sexual satisfatória.

A Ejaculação Precoce foi definida pela International Society of Sexual Medicine como a disfunção na qual a ejaculação ocorre sempre ou quase sempre em menos de um minuto após a penetração, e na qual se verifica incapacidade de a retardar na maioria das vezes em que há penetração, pelo que provoca consequências negativas a nível pessoal e/ou do casal. No entanto, a avaliação subjetiva da pessoa e/ou do casal deverá prevalecer sobre o tempo medido entre a penetração e a ejaculação, sendo de considerar o tratamento sempre que a pessoa e/ou casal sinta que não obtém prazer em consequência da ejaculação precoce.

Consequências da ejaculação precoce

A ejaculação precoce tem um grande impacto no bem-estar do homem e do casal, na medida em que pode causar ansiedade, depressão, baixa autoestima e problemas relacionais/conjugais associados à frustração causada pela insatisfação sexual decorrente, fazendo com que as pessoas evitem o contacto sexual ou o mantenham com muito sofrimento ou desconforto.

Prevalência da ejaculação precoce

Apesar disso, a prevalência da ejaculação precoce é bastante elevada, estimando-se que afete cerca de 30 a 40% dos homens. Esta disfunção sexual é muito comum em homens jovens, que se encontram no início da sua vida sexual, tendendo a diminuir com a idade e, sobretudo, com a experiência sexual.

As dificuldades que surgem após um período de funcionamento normal estão habitualmente associadas a fatores tais como a disfunção erétil, o início de uma nova relação ou mesmo um período de diminuição acentuada da frequência da atividade sexual.

Etiologia da ejaculação precoce

Quando a ejaculação é precoce desde o início da vida sexual, designa-se por primária, e nesse caso, a sua etiologia é maioritariamente psicológica.

A etiologia orgânica é mais rara, e acontece mais nos casos em que houve um período prévio de bom funcionamento a este nível, designando-se nestes casos por ejaculação precoce secundária. Esta acontece em homens mais velhos e está habitualmente mais ligada a disfunção erétil ou a fatores orgânicos, tais como fatores hormonais, predisposição neurológica ou genética, hipersensibilidade da glande peniana, doenças urológicas inflamatórias e infeciosas, doenças endócrinas, fatores tóxicos ou medicamentosos, entre outros.

Contudo, mesmo quando a etiologia da ejaculação precoce é orgânica, inevitavelmente poderão surgir consequências a nível psicológico e relacional devido ao impacto que esta disfunção assume ao nível da satisfação sexual.

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Causas Psicológicas da ejaculação precoce

As causas psicológicas da Ejaculação Precoce são diversas, podendo ir desde fatores relacionados com fatores individuais, tais como a constituição psicológica da pessoa, até aos elementos subjacentes à dinâmica relacional. De uma forma geral, podemos apontar os principais, que listamos de seguida.

  • Educação sexual pobre, inexistente ou marcada por um modelo impositivo e moral: a falta de modelos de educação sexual positivos pode conduzir a uma pobre aprendizagem sobre o funcionamento do corpo e da resposta sexual, podendo ainda ter associados sentimentos de culpa ou vergonha perante o prazer sexual, ou uma aprendizagem da sexualidade baseada na pornografia e/ou no recurso à prostituição, por ser desligada da parte emocional e relacional da experiência sexual.
  • Expectativas sociais do papel de género masculino: o peso que a sociedade coloca no desempenho ou performance masculina ao nível da sexualidade torna os homens alvo de uma masculinidade tóxica, que aumenta a sua ansiedade perante o sexo.
  • Forma como correu a primeira experiência sexual: se a primeira vez foi marcada por sensações de medo, fracasso ou perigo, ou se aconteceu de forma rápida e/ou em situações relacionadas com a prostituição ou com o poder ser visto na relação sexual, ou ainda se a/o parceira/o foi crítica/o. Nestas situações, a pessoa pode ter acreditado ter um mau desempenho, o que aumenta a ansiedade face às relações sexuais seguintes, aumentando a probabilidade de não correrem de forma satisfatória.
  • Ansiedade: a ansiedade tanto pode estar na causa da ejaculação precoce, como ser sua consequência. De uma forma ou de outra, a ansiedade distrai a pessoa dos estímulos eróticos, aumentando a probabilidade de deixar de perceber os sinais que antecedem o reflexo ejaculatório.
  • Stress: as várias solicitações do dia-a-dia comprometem a saúde a nível geral e, como tal, comprometem a resposta sexual humana, pelo que poderão estar na base do stress crónico, que tem um efeito prejudicial na resposta e satisfação sexual, por provocar incapacidade em relaxar e focar a atenção nos estímulos eróticos.
  • Perturbação psicológica: sofrer de depressão, ansiedade, distimia, bipolaridade, perturbação obsessivo-compulsiva, perturbação de ansiedade generalizada, entre outras patologias da saúde mental, afeta a resposta sexual.
  • Relação com o/a parceiro/a: Conflitos no casal: uma relação amorosa marcada pela hostilidade ou violência, ou o excesso de preocupação com o prazer do/a parceiro/a, temendo desiludir ou não proporcionar prazer sexual e temendo a rejeição. Por outro lado, as dificuldades no ajuste interpessoal e a falta de intimidade e de comunicação, ou ainda situações de infidelidade, ciúmes ou exigência excessiva do/a parceiro/a podem estar na base deste problema.
  • Outros fatores, tais como história de abuso sexual, imagem corporal distorcida ou associada a sentimentos de rejeição, preocupação ou sentimentos de culpa em relação ao sexo e disfunção erétil.

Tratamento da ejaculação precoce

Embora a ejaculação precoce seja bastante frequente e disfuncional, na maioria das vezes ela responde muito bem à terapia sexual.

A terapia sexual irá ajudar o paciente, através de técnicas específicas, a controlar a sensação de inevitabilidade ejaculatória que precede o reflexo ejaculatório. Por outro lado, a psicoterapia cognitivo-comportamental de terceira geração, que utiliza entre outras ferramentas, o Mindfulness, irá ajudar o paciente a lidar com a ansiedade de forma a não permitir que esta funcione como distração da consciência corporal, ao mesmo tempo que a prática de atenção plena ou Mindfulness irá sedimentar e aumentar a consciência e autoconhecimento, fundamentais para o tratamento da ejaculação precoce.

Procurar um/a terapeuta sexual ou sexólogo/a com formação de base em psicologia clínica e/ou psicoterapia cognitivo-comportamental, e prática de Mindfulness irá ser uma mais valia para um tratamento eficaz. Quando as causas da ejaculação precoce estão associadas a fatores relacionais, a terapia de casal e o aconselhamento conjugal poderão ser também recomendadas.

A combinação da psicoterapia e terapia sexual é bastante eficaz. Outras formas de tratamento poderão incluir o recurso a sprays ou cremes anestésicos, bem como o recurso a determinados preservativos ou a medicamentos antidepressivos que funcionem como inibidores seletivos da recaptação da serotonina, tais como a fluoxetina, e a paroxetina, entre outros. Contudo, estes tratamentos locais ou medicamentosos deverão sempre ser alvo de acompanhamento médico para evitar efeitos secundários ou colaterais derivados do uso inapropriado.

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