O cabelo na imagem da pessoa sempre se revestiu de enorme importância, sendo que existem registos que refletem essa relevância já no tempo da antiga civilização egípcia.
A história do transplante capilar começa em meados do século XX, quando os primeiros procedimentos foram realizados com o intuito de corrigir a calvície.
Entre 1930 e 1950, vários médicos testaram com algum sucesso a transplantação de enxertos de pele para corrigir perdas de cabelo por traumatismos e queimaduras sofridas.
Macroenxertos capilares e a teoria da zona dominante capilar
Em 1959 o médico Dr. Norman Orentreich revela a teoria da zona dominante capilar. Descreve que a zona occipital do couro cabeludo do homem não é susceptível à perda genética de cabelo e percebe que quando transplantava cabelo da zona posterior do couro cabeludo para a área calva, estes mantinham as características da área doadora. Esta descoberta é a base do transplante capilar, pelo qual o Dr. Norman Orentreich é considerado o “pai” do transplante capilar.
A técnica descrita pelo Dr. Orentreich consistia em extrair macroenxertos capilares, utilizando punchs de 4 mm, e posteriormente implantá-los na área recetora. Esta técnica, foi a técnica de referência durante muitos anos, tendo sido aprendida e realizada por muitos médicos.
No entanto, por serem extraídos e implantados enxertos de tamanhos consideráveis, os resultados eram pouco naturais, originando o conhecido “cabelo de boneca”.
Conceito de Unidade Folicular
Em 1984 o Dr. Headington descreveu o conceito de Unidade Folicular (U.F.): “Estrutura anatómica composta por 1 a 4 (ou mais) folículos pilosos, que estão unidos entre si e partilham algumas estruturas associadas, como a glândula sebácea e o músculo eretor do pelo. Essa definição abrange as características fundamentais das unidades foliculares encontradas na pele”.
O conhecimento de como estão organizados os folículos pilosos no couro cabeludo foi essencial para o desenvolvimento das atuais técnicas de transplante capilar, que descrevemos de seguida.
Técnicas FUE e FUT no transplante capilar
Existem duas principais técnicas no transplante capilar, a saber:
1. Técnica FUT - Follicular Unit Transplantation
Em 1994 o Dr. Bob Limmer desenvolve a técnica de extração de tira do couro cabeludo, com posterior divisão, auxiliada por microscopia, em unidades foliculares, que posteriormente eram implantadas de forma natural. Foi assim que surgiu a técnica FUT que foi um importantíssimo passo no transplante capilar, uma vez que possibilitou pela primeira vez resultados realmente naturais. Esta técnica é, ainda hoje, usada por muitos médicos;
2. Técnica FUE - Follicular Unit Extraction
Em 2002 os Dr. Bernstein y Rassman descrevem na literatura a técnica de transplante capilar FUE. A grande diferença para a técnica FUT reside no facto de nesta técnica as unidade foliculares serem obtidas individualmente, através de punhs de menos de 1 mm de diâmetro, que posteriormente são implantadas nas zonas em falta.
Saiba, aqui, tudo sobre o transplante capilar FUE.
Principais diferenças entre a técnica FUE e FUT
As principais diferenças entre as duas técnicas residem no facto de que a técnica FUE ser menos invasiva e de mais rápida recuperação, e por outro lado, ao contrário da técnica FUT, não deixa uma cicatriz linear que pode ser visível caso o paciente decida ter o cabelo mais curto.
Atualmente, e segundo os últimos dados obtidos pela ISHRS (International Society of Hair Restoration Surgery), cerca de 2/3 dos transplantes realizados a nível mundial são realizados através da técnica FUE e cerca de 1/3 através da técnica FUT, contudo com tendência para um crescimento da técnica FUE.
O desenvolvimento e melhoria continua da técnica FUE ao longo dos últimos anos, contribuiu para ampliar a eficácia e a naturalidade dos resultados do transplante capilar. O procedimento de transplante capilar FUE tornou-se mais acessível e popular ao longo dos anos, sendo bastante utilizado na atualidade.
Que técnica escolher para o meu transplante?
Atualmente, para a maioria dos pacientes a técnica FUE é sem dúvida a mais aconselhada por se tratar de uma cirurgia menos invasiva, de mais rápida recuperação e que não deixa cicatrizes perceptíveis.
Algumas das vantagens que anteriormente se atribuíam à técnica FUT, nomeadamente, maior sobrevivência das unidades foliculares ou a possibilidade de realizar transplantes capilares de maiores dimensões, já não se aplicam, visto que, atualmente, quando realizados por médicos bastantes experientes, já se consegue realizar transplantes de grandes dimensões (maiores que com a técnica FUT) com uma sobrevivência sobreponível ou mesmo superior à da técnica FUE.
Há alguns casos, designadamente no transplante capilar feminino (nas mulheres), em que a técnica FUT ainda pode ser considerada por não haver necessidade de rapar o cabelo. Todavia, também nestes casos, quando o transplante é realizado por uma equipa de profissionais experientes, é possível rapar o cabelo por bandas, ficando totalmente impercetível a zona rapada, não afetando assim a imagem e autoestima da mulher.
Transplante FUE de barba e sobrancelhas
O transplante de barba tem sido cada vez mais utilizado, fundamentalmente nos casos em que os homens procuram uma alternativa eficaz e com resultados naturais para recuperar ou aumentar o volume da barba, possibilitando uma mudança considerável da aparência geral e da autoestima masculina.
Este procedimento realiza-se através da extração de unidades foliculares, que podem ser provenientes tanto da própria barba como do couro cabeludo do homem. Numa fase posterior, estas unidades foliculares serão implantadas na região que apresenta falta da barba. Os resultados após o transplante de barba começam a serem visíveis, geralmente, ao final de três meses, com o resultado final a ser obtido por volta do 12º mês.
Os transplantes de barba são, na maioria dos casos, a forma mais eficaz de permitir que o paciente tenha uma barba mais volumosa e sem falhas. Ao utilizamos barba e cabelo do próprio paciente alcançamos resultados mais naturais. Para além disso, a cirurgia e o processo de cicatrização são praticamente indolores e relativamente rápidos.
Saiba, aqui, tudo sobre o transplante de barba.
No caso das sobrancelhas, o transplante pode ser uma solução eficaz e natural para recuperar as que foram perdidas ou obter um maior volume, melhorando assim a aparência e autoestima.
As sobrancelhas possuem um papel crucial nas expressões faciais, conferindo ao rosto simetria e harmonia. A perda das sobrancelhas pode ter várias causas associadas, sendo que a depilação contínua é a mais frequente.
O procedimento consiste em extrair folículos do couro cabeludo do próprio paciente para posteriormente implantá-los na região das sobrancelhas.
Os resultados após o transplante de sobrancelhas começam a ser visíveis, por norma, ao final de 3 meses, sendo o resultado final visível aos 12 meses.