Sensibilidade dentária

Como acabar com a sensibilidade dos dentes

O que é sensibilidade nos dentes?

A sensibilidade nos dentes ou dentes sensíveis traduz-se numa dor, normalmente, aguda e de curta duração que se manifesta nos dentes, e que pode ser consequência de cárie dentária, fraturas nos dentes, doenças nas gengivas, exposição da raiz do dente por retração ou recessão da gengiva ("dentes descarnados"), entre outros motivos, como veremos mais adiante.

A sensibilidade dentária, por vezes, também referida como hipersensibilidade dentinária, é um problema que afeta grande parte da população (cerca de 15 a 20 % dos adultos), podendo afetar homens e mulheres. A sensibilidade dentária, embora com menos prevalência, pode também manifestar-se nas crianças.

O dente é constituído por uma coroa (parte visível) e uma raiz (implantada no osso maxilar). A coroa possui à sua superfície o esmalte, que recobre a camada mais interior chamada dentina. Quando o esmalte fica desgastado a dentina fica exposta. Esta apresenta poros e canais dentinários desde a parte exterior do dente até ao nervo (polpa dentária). Quando os canais são estimulados por alterações de temperatura, certos alimentos ou outro tipo de agressões, podem originar dor de dente. Veja fotos superiores.

Apesar da sensibilidade nos dentes ser relativamente prevalente, muitas pessoas não recorrem ao Médico Dentista por não considerarem um problema sério e limitativo. Todavia, o que é facto é que esta situação pode mesmo afetar a qualidade de vida do paciente pelo desconforto físico e psicológico que pode originar, podendo influenciar negativamente os nossos hábitos de higiene oral ou mesmo os hábitos alimentares, devido às limitações que pode implicar.

Assim, é importante proceder-se ao seu diagnóstico e descoberta das causas, de forma a eleger o tratamento mais adequado, de modo a evitar consequências mais nefastas.

Clínica Dentária

O que causa sensibilidade nos dentes?

As principais causas de sensibilidade dentária são as seguintes:

  • Cárie dentária, principalmente as situadas na raiz do dente, ou em zonas onde a espessura de esmalte é mais fina (colo do dente);
  • Dentes partidos (fraturados ou lascados), o que acontece com maior frequência nos incisivos devido a traumatismos, provocando sensibilidade nos dentes da frente;
  • Restaurações dentárias fraturadas, mal executadas ou com infiltrações;
  • Doença nas gengivas, que normalmente se inicia com inflamação (gengivite);
  • Raiz do dente exposta devido a recessão da gengiva (gengiva desce);
  • Erosão ácida;
  • Consumo frequente de bebidas gaseificadas ou de alimentos com acidez;
  • Refluxo gastro esofágico recorrente (bulímicos por exemplo);
  • Esmalte dentário desgastado (dentes desgastados):
  • Bruxismo (ato de apertar ou ranger os dentes);
  • Maloclusão (oclusão dentária incorreta);
  • Pasta dentífrica abrasiva (principalmente pastas branqueadoras);
  • Técnica de escovagem incorreta (movimentos incorretos e/ou com força excessiva);
  • Sensibilidade nos dentes após restauração (tubos dentinários que foram expostos e respondem com dor a esta alteração, normalmente temporária);
  • Sensibilidade nos dentes após clareamento ou branqueamento dentário;
  • Sensibilidade nos dentes após destartarização.

A dor causada pela sensibilidade dentária é habitualmente aguda e de curta duração, mas pode progredir quer na intensidade quer na duração, na presença de vários fatores de risco. Pode ocorrer sensibilidade ao frio quando se bebe água fria ou se come um gelado, por exemplo, mas também com estímulos muito mais ligeiros, como a simples passagem do ar ao respirar. Pode igualmente ocorrer uma maior sensibilidade na presença de calor, nomeadamente alimentos ou bebidas quentes ou, então, ao comer alimentos doces ou alimentos ácidos, entre outros.

Quando um dente é sensível ao toque poderá significar também que está com sensibilidade dentária, embora existam outras causas que provocam dor ao toque.

Quando há recessão/retração gengival (gengiva baixa ou desce deixando a raiz exposta), os canalículos e poros da dentina expostos comunicam com a polpa, originando igualmente dor (hipersensibilidade) com a alteração de temperatura, alimentos ácidos ou pegajosos, entre outros.

A hipersensibilidade dentinária manifesta-se com uma dor maior perante uma cárie muito profunda, que se atingir a polpa do dente (nervo), normalmente provoca uma dor aguda ao quente e ao frio muito mais intensa e constante.

Se um dente é muito sensível ou existe uma hipersensibilidade nos dentes, outros sintomas como dor de cabeça ou outras dores igualmente reflexas, podem também ocorrer.

Quando surge uma dor persistente (“uma dor que não passa”), então já poderemos estar perante um problema mais grave, pelo que se aconselha a consulta no médico dentista com maior urgência.

Sensibilidade nos dentes - como aliviar?

Apesar dos sintomas de sensibilidade dentária poderem regredir naturalmente, sem qualquer tratamento, por exemplo pela remineralização salivar que pode promover o bloqueio da entrada dos canalículos dentinários, o certo é que este problema tende a regressar e, muitas vezes, a agudizar-se se nada for feito para contrariar a sua progressão.

O tratamento da sensibilidade dentária depende da causa subjacente, por isso, deve-se recorrer ao Médico Dentista para efetuar o diagnóstico e tratar a patologia ou as causas que estão na origem do problema.

No caso da cárie dentária (“ dente furado”), o tratamento passa por remover o tecido cariado e colocar um material restaurador para obturação do dente, como por exemplo uma restauração com resina composta (compósito). A restauração dos dentes é igualmente indicada nos casos de sensibilidade por fratura dos mesmos.

Se quer saber tudo sobre a cárie dentária, siga este link.

O Médico Dentista pode, nos casos em que existe sensibilidade no dente que não tenha cárie nem fratura (“partido”), efetuar os seguintes tratamentos de dessensibilização dentária, de modo a diminuir ou acabar com a sensibilidade dentária:

  • Fazer tratamentos à base de fluor, verniz de fluor ou aplicação tópica de fluor (moldeiras de fluor);
  • Aplicação tópica de outros dessensibilizantes, nomeadamente à base de Nitrato de potássio ou Oxalato de potássio, entre outros;
  • Fazer a instrução de uma escovagem correta, explicando a técnica de escovagem mais eficiente nestes casos, o que é bom para permitir uma melhoria dos sintomas relacionados com a sensibilidade nos dentes, para além de promover uma melhor higiene oral;
  • Receitar pasta dentífrica e colutório ou elixir (liquido de bochechar) com alta concentração de fluor e um gel dessensibilizante;
  • Terapia com laser de baixa intensidade, que pode ajudar a promover uma analgesia pelo bloqueio da entrada de substâncias de transmissão.

No caso de pacientes com bruxismo, o Médico Dentista pode aconselhar a fazer goteiras ou placas de bruxismo, uma espécie de “mordedor” ou “boqueira”, que encaixam nos dentes de um dos maxilares, impedindo assim o contacto dos dentes.

Nos pacientes com recessão gengival (raízes expostas ou “dentes descarnados”), o Médico Dentista pode, para além da aplicação tópica de um dessensibilizante dentinário, optar pela adesão de certos materiais restauradores que permitirão também reduzir a sensibilidade, como por exemplo as resinas compostas ou o ionômero de vidro. Como tratamento alternativo, poderá também considerar uma cirurgia plástica gengival, com o objetivo de reposicionar a gengiva de forma a recobrir as áreas expostas do dente.

Ainda assim, existem casos em que a sensibilidade dentária não regride após os tratamentos ou as medidas de dessensibilização já descritas, o que pode implicar tratamentos mais invasivos, nomeadamente o recurso à endodontia ou tratamento de canal (desvitalizar o dente). Em casos mais graves pode ser necessário efetuar a extração (“tirar”) do dente.

Em casa, como tratamento caseiro para evitar ou diminuir a sensibilidade dentária, pode o doente proceder às seguintes medidas, a saber:

  • Manter uma boa higiene oral e utilizar uma escova de dentes mais macia, de modo a diminuir a abrasão durante a escovagem, e assim não lesar o esmalte. Deve-se complementar a higiene oral com a utilização de fio ou fita dentária.
  • Usar uma pasta de dentes (dentífrico), formulada para ajudar a melhorar a sintomatologia (pasta dentífrica para dentes sensíveis), evitando ao máximo dentífricos de maior abrasividade (branqueadores e antitártaro).
  • Para além da escovagem, e para aumentar o efeito dessensibilizante das pastas dentífricas indicadas para sensibilidade dentária, deve-se aplicar diretamente a pasta sobre o dente ou dentes com sensibilidade, com o auxílio de um cotonete ou do próprio dedo e “massajar” levemente a superfície dentária. Muitas vezes, deste modo consegue-se um alívio imediato da sensibilidade dentária.
  • Complementar a escovagem dentária com produtos fluoretados (com fluor), nomeadamente elixires ou colutórios fluoretados para bochechos, que feitos diariamente promovem a remineralização do esmalte, travando de alguma forma o seu desgaste.
  • Cuidados na alimentação, nomeadamente evitar alimentos e bebidas ácidas ou gaseificadas, demasiado quentes ou demasiado frias (geladas).
  • Como remédio alternativo ou complementar, existem também alguns produtos naturais que apresentam alguma evidência no alívio da sensibilidade dentária, nomeadamente o gel de Aloe Vera, que podem diminuir a inflamação gengival, que se estiver associada à sensibilidade dentária, então melhorará a sintomatologia. Sumo de equinácea, chá de tomilho ou de salva, poderão também apresentar resultados positivos.

Note, no entanto, que estes procedimentos em casa devem sempre ser efetuados sob orientação do Médico Dentista, que deve ser o responsável pelo diagnóstico e tratamento.

Clínica Dentária