Sinusite

Sinusite

O que é sinusite?

A sinusite é a inflamação da mucosa de um ou mais, dos seios perinasais e que provoca sintomas como dor de cabeça ou pressão facial com localização variável, obstrução nasal (nariz entupido), redução ou ausência de cheiro, entre outros, como veremos adiante com maior detalhe.

Os seios perinasais são cavidades aéreas localizadas no esqueleto craniofacial ao lado das fossas nasais e são revestidos por uma mucosa idêntica à do restante aparelho respiratório. As fossas nasais têm a função de filtrar, humedecer e aquecer o ar que é inspirado para os pulmões (veja fotos superiores).

Conforme os seios perinasais afetados pelo processo inflamatório, assim designamos a sinusite por:

  • Sinusite frontal – se afeta os seios frontais;
  • Sinusite maxilar – se afeta um seio maxilar ou ambos os seios maxilares;
  • Sinusite etmoidal – se afeta os seios etmoidais anteriores e/ou os seios etmoidais posteriores;
  • Sinusite esfenoidal – se afeta o seio esfenoidal;
  • Pansinusite – quando todos os seios perinasais estão envolvidos.

Os mais frequentemente afetados são os seios perinasais anteriores, designadamente os seios frontais, maxilares e etmoidais anteriores.

Sinais e sintomas de sinusite

Os sinais e sintomas de sinusite são na fase aguda, habitualmente, os seguintes:

  • Dor ou pressão facial, agravada com a inclinação da cabeça, com localização variável, consoante o seio ou seios mais afetados (sintoma major);
  • Obstrução nasal com corrimento nasal purulento anterior ou posterior (sintoma major);
  • Hiposmia ou anosmia, ou seja, a redução ou ausência de cheiro (sintoma major);
  • Febre (sintoma major);
  • Cefaleias (dor de cabeça), halitose (mau hálito), odontalgia, otalgia / sensação de plenitude auricular, tosse, fadiga ou cansaço (sintoma minor).

Classificação das sinusites

Podemos identificar diferentes tipos de sinusite ou classifica-las de acordo com a apresentação clínica temporal e em relação à intensidade da inflamação.

1 - Em relação à apresentação clinica temporal, podemos classificar as sinusites em:

Sinusite aguda

O termo sinusite aguda é aplicável quando os sintomas têm uma duração inferior a 4 semanas.

O conceito de sinusite aguda recorrente é referido sempre que ocorram 4 ou mais episódios por ano, com 7 a 10 dias de duração.

A designação rinosinusite aguda vs sinusite aguda é atualmente a mais aceite dentro das academias de Otorrinolaringologia, visto que a mucosa dos seios perinasais está em continuidade com a mucosa nasal, estando ambas envolvidas no processo inflamatório agudo (sinusite e rinite).

Sinusite crónica

A sinusite crónica é uma perturbação inflamatória ou infecciosa dos seios perinasais com duração superior a 12 semanas, ou seja, quando esta é persistente no tempo.

Na sinusite crónica, ao contrário da sinusite/rinosinusite aguda, o processo inflamatório pode estar apenas confinado aos seios perinasais sem envolvimento da mucosa nasal.

As manifestações clinicas são muito variáveis, podendo ocorrer apenas, de forma mais evidente, nos episódios de agudização. Nestas ocorrências os sintomas são semelhantes aos da rinosinusite aguda e designam-se por sinusite crónica agudizada.

Os sintomas mais comuns na sinusite crónica são a obstrução nasal e a rinorreia purulenta anterior / posterior. As cefaleias difusas, tipo “peso na cabeça”, as perturbações do cheiro (hipósmia, anósmia, cacósmia ), as epistaxis (“sangue ou sangramento do nariz”), bem como os sintomas sistémicos (fadiga, tosse, sensação de pressão facial), são sintomas possíveis mas não constantes.

2 - Podemos classificar as sinusites em relação à intensidade em:

Sinusite leve, sinusite moderada ou sinusite acentuada, dependendo dos seios perinasais envolvidos, do envolvimento extrasinusal e de fatores de agravamento tais como a atopia e a imunossupressäo.

Saiba, de seguida, quais são os sintomas da sinusite aguda.

Causas da sinusite

As causas da sinusite estão relacionadas com os agentes etiológicos e com uma diversidade de fatores favorecedores.

De acordo com o agente etiológico em causa a sinusite/rinosinusite aguda pode também ser designada por:

  • Sinusite vírica ou viral – A sinusite vírica ou viral é causada por vírus como o Rhinovirus, Influenza virus, Parainfluenza virus, entre outros;
  • Sinusite bacteriana – A sinusite bacteriana é causada por bactérias como o Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus áureos, Pseudomonas, entre outras);
  • Sinusite fúngica- A sinusite fúngica é causada por fungos como o Aspergillus, Actinomyces, entre outros.

As mais frequentes são as sinusites víricas e as bacterianas.

Para além do agente etiológico, identificam-se vários fatores que favorecem a sinusite/rinosinusite aguda, a saber:

  • Genéticos/congénitos;
  • Alterações imunológicas;
  • Alergias existentes a ácaros, pólens, fungos, alimentares, entre outras, responsáveis frequentemente por queixas de rinite alérgica sazonal ou perenal (obstrução nasal, rinorreia mucosa, prurido nasal e ocular, crises esternutatórias);
  • Alterações anatómicas das fossas nasais e dos seios perinasais;
  • Neoplasias;
  • Doenças sistémicas (endócrinas, metabólicas);
  • Exposição a poluentes (químicos, tóxicos, etc);
  • Patologia dentária infecciosa;
  • Refluxo gastroesofágico.

São, ainda, determinantes no processo fisiopatológico da sinusite/rinosinusite aguda a boa permeabilidade dos ostea de drenagem dos seios perinasais, a existência de uma boa função ciliar da mucosa nasosinusal e a qualidade da secreção nasal.

Sinusite / rinosinusite aguda na criança

Na criança a anatomia e a imaturidade imunológica têm um papel muito relevante, sendo a sinusite etmoidal a mais frequente, devido ao estádio de desenvolvimento precoce destes seios perinasais.

A grande maioria de casos de sinusite infantil ou sinusite na criança aguda inicia-se por um processo de infeção viral das vias aéreas superiores que posteriormente evolui para uma infeção bacteriana. As bactérias mais frequentemente envolvidas são os Staphylococcus áureos, os Streptococcus pneumoniae , a Moraxella catarrhalis e o Haemophilus influenzae.

As vegetações adenóides podem também contribuir para o aparecimento de rinosinusites agudas na criança por serem um reservatório bacteriano.

A sinusite é contagiosa?

Por norma, a sinusite crónica não é contagiosa, ou seja, a sinusite crónica não se transmite de pessoa para pessoa, todavia, nas suas fases de agudização e particularmente quando o agente etiológico é um vírus, o contágio pode ocorrer.

Diagnóstico da sinusite aguda

O diagnóstico de sinusite/rinosinusite aguda deve ser efetuado pelo médico otorrinolaringologista (ORL), levando em consideração os seguintes aspetos:

  • História clínica (sintomas e evolução temporal);
  • Exame objetivo: Rinoscopia anterior (mucosa nasal hipermiada e edemaciada com exsudado purulento proveniente do meato médio ou superior ), palpação dolorosa dos pontos sinuosais, rinorreia posterior na orofaringe);
  • Exames imagiológicos (raio x ou radiografia simples dos seios perinasais ou preferencialmente tomografia computadorizada (TAC) dos seios perinasais.

São de considerar no diagnóstico diferencial da sinusite/rinosinusite aguda algumas patologias, a saber:

  • Constipação comum;
  • Nevralgia do trigémeo;
  • Nevralgia de causa dentária;
  • Cefaleias de tensão, enxaquecas;
  • Artrite temporal;
  • Artrite/artrose da articulação temporomandibular;
  • Neoplasias rinosinusais.
Clínica de Otorrinolaringologia

Diagnóstico da sinusite crónica

São os achados endoscópicos e radiológicos, nem sempre correlacionáveis com os sintomas do doente, que permitem efetuar o diagnóstico de sinusite crónica. Na rinoscopia anterior destaca-se uma mucosa edemaciada e, por vezes, com degeneração polipóide. Na orofaringe ou na rinoscopia posterior visualiza-se uma rinorreia purulenta espessa.

A tomografia axial computadorizada (TAC) é o exame preferencial no estudo da patologia nasosinusal, permitindo uma avaliação da estrutura óssea e ajudando no planeamento de eventuais intervenções cirúrgicas.

A ressonância magnética (RMN) pode ser importante para uma melhor avaliação dos tecidos moles, nomeadamente na extensão da patologia aos compartimentos intracranianos ou orbitários. Também é relevante na distinção entre infeção fúngica e outros tipos de processos inflamatórios, bem como na distinção entre inflamação e neoplasia.

Complicações das sinusites / rinosinusites agudas

As complicações das sinusites/rinosinusites agudas exigem internamento hospitalar, devendo-se suspeitar de agente bacteriano agressivo e no caso dos imunocomprometidos de infeção micótica. Podem ocorrer as seguintes complicações:

1- Complicações ósseas como a osteomealite frontal;

2- Complicações orbitárias, as mais frequentes, devido à proximidade e relação da órbita com os seios perinasais. Sendo por ordem de gravidade:

  • Meningite (a mais frequente);
  • Celulite pré-septal (inflamação dos tecidos moles anterior ao septo orbitário);
  • Abcesso subperiósteo (que se desenvolve entre a lâmina papirácea e a periórbita);
  • Celulite periorbitária (infeção difusa dos tecidos moles retro-orbitários);
  • Abcesso orbitário;
  • Tromboflebite do seio cavernoso (grave e com elevado risco de morte);
  • Complicações intracranianas;
  • Abcesso epidural e empiema subdural;
  • Abcesso cerebral.

A sinusite tem cura?

A sinusite é uma doença que pode ser desencadeada por diferentes agentes etiológicos e que possui diversos fatores que a favorecem (veja mais informação em causas). O prognóstico depende das causas subjacentes.

Saiba, de seguida, como tratar a sinusite.

Tratamento da sinusite 

O tratamento para a sinusite aguda baseia-se no processo fisiopatológico que o desencadeia. Deve ser feito individualmente e de acordo com a apresentação e contexto clínico.

Nos primeiros 3 a 5 dias do processo inflamatório/infecioso, por se tratar de uma provável sinusite vírica o tratamento recomendado, e que pode contribuir para a sua resolução, e desta forma aliviar os sintomas consiste em:

  • Anti-inflamatórios não esteróides, tais como o paracetamol;
  • Tratamentos ou remédios caseiros tais como as irrigações nasais com soluções salinas, (aerossóis) para humidificação das vias respiratórias;
  • Tomar chás e fazer efusões naturais ou caseiras, o que é bom para permitir uma boa hidratação e que vai acabar por assegurar uma melhor fluidificação das secreções nasais e assim permitir melhorar a sintomatologia;
  • Vasoconstritores nasais de venda em farmácia (ex: inalação de neosinefrina 2 vezes por dia num máximo de 5 dias).

Ao fim de 5 dias de persistência dos sintomas ou em casos iniciais severos, situação em que estará em causa uma provável sinusite bacteriana, o tratamento, após avaliação médica, deve iniciar-se de imediato, tendo como objetivo erradicar a bactéria, diminuir a duração dos sintomas, prevenir complicações e impedir a evolução para um processo crónico.

A seleção do antibiótico deve ser sempre efetuada pelo médico e deve ter em consideração a intensidade dos sintomas, o tempo de evolução e o tratamento prévio com outra antibioterapia.

Este tratamento médico pode ser coadjuvado com corticóides nasais tópicos (redução do edema, melhoria da drenagem sinusal), anti-inflamatórios/analgésicos, corticóides sistémicos, vasoconstritores nasais, anti-histamínicos (nas rinosinusites com exacerbação de quadro alérgico), mucoliticos.

A admissão em meio hospitalar deve ser considerada nos seguintes casos:

  • Na ausência de resposta ao tratamento médico instituído ou agravamento do quadro clínico;
  • Nas sinusites fúngicas;
  • Nos doentes imunocomprometidos;
  • Na suspeita de complicações.

Na sinusite crónica agudizada o tratamento é idêntico ao realizado nas rinosinusites agudas.

No caso de sinusite aguda na gravidez, o tratamento deve ser o mais adequado à situação clínica que se apresenta, mas sempre sob orientação médica.

Fora dos episódios de agudização, o tratamento da sinusite crónica deve ser adequado a cada caso clínico e dependendo da avaliação endoscópica e dos exames imagiológicos, pode incluir:

  • Tratamento médico (irrigação nasal periódica com solução salina ou águas termais (termalismo), corticóides tópicos nasais, anti-histamínicos se houver evidência de história de alergias,…);
  • Tratamento cirúrgico, em alguns casos, como veremos de seguida.

Cirurgia na sinusite

Na sinusite, deve-se ponderar o recurso à cirurgia (ou operação) sempre que:

  • Ocorram complicações nas rinosinusites agudas;
  • Na sinusite crónica, quando o quadro clinico o justifica, tendo a técnica cirúrgica que se adequar ao seio ou seios perinasais afetados e às alterações anatómicas nasais e perinasais existentes (sempre muito variável).

Como prevenir a sinusite?

Em relação à prevenção da sinusite, apenas alguns fatores podem ser prevenidos, dentre os quais se destacam:

  • Evitar a exposição a produtos poluentes químicos e tóxicos;
  • Promover dentro da habitação e do local de trabalho/ensino uma atmosfera saudável;
  • Ter uma alimentação equilibrada e saudável;
  • Manter uma boa higiene oral;
  • Tomar as medidas conducentes ao combate do refluxo gastro-esofágico;
  • Efetuar a vacinação anual para a gripe, particularmente em doentes de risco.
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